domingo, 4 de setembro de 2011

PRIMEIRA MISSA

Um domingo como outro qualquer.
Assim vejo este dia que ainda não consegui entender se foi ou não foi o dia de descanço do Senhor quando o mundo foi criado. Quem souber que me elucide esse drama biblico.
Eu me lembro, quando criança - como todos se lembram dos tempos de criança, não?- aos domingos, os meus pais me mandavam para a Igreja assistir a missa das nove. E lá eu ia, vestido com paletó e gravata e com as mãos dadas com a minha irmã, para rezar e pedir perdão pelos pecados cometidos. O principal deles dizia sobre a falta de respeito para com os meus pais. Eis aqui o motivo principal porque é que eles me obrigavam a assistir a missa aos domingos. 
- Vá pedir perdão ao padre! - esta era a ordem. E eu obedecia. 
Numa dessas missas, eu fiquei prestando atenção no padre que estava celebrando a dita cuja. Diziam que ele estaria rezando pela primeira vez na minha cidade. Por ser muito jovem, todos os seus movimentos eram seguidos pelas garotas que assistiam aquela missa. E as bandidas sorriam a todo instante e nós, os garotos, ficávamos ali, morrendo de ciúmes. Para todos nós, a missa era lugar de paquera e dali muitos casais se formaram e terminaram  em casamento. Milagre da igreja? Claro! Quem duvida?
Quando o jovem padre subiu ao púlpito para mandar a sua mensagem, ele tropeçou num dos degraus e quase que caiu. Foi um  "Oh" de todos que lá estavam. Deu pra notar que o homem de preto não estava bem de equilíbrio. Não conseguiu terminar a sua pregação porque ao citar um fato bíblico foi vaiado pelos idosos e idosas e aplaudido pelos jovens. Eu não havia prestado atenção no sermão porque eu estava "flertando"com uma garota linda que eu sabia não ser da cidade. Estava claro que eu conhecia todas as garotas lindas da minha terra.
Levei um susto com a reação da plateia e vi que o padre foi cambaleando em direção a sacristia. Rapidamente segui o jovem religioso junto com algumas pessoas furiosas.
Ao chegar na sacristia, vi que o clérico responsável pela paróquia  passando uma de suas mãos na cabeça do jovem padre e dizia: 
- Filho você foi bem, na sua missa.
Chorando, o jovem padre queria saber o por quê das vaias, etc. O padre suspirou e respirou fundo. Em seguida, ele explicou: 
- Você apenas cometeu tres pequenos enganos que não devem mais serem repetidos. O primeiro, foi quando eu disse para você tomar um golinho do vinho antes de entrar no altar e você tomou quase que a garrafa inteira. O segundo foi que o filho de Deus morreu crucificado e não com tres balaços no peito como se fosse qualquer bandido e. . .  o último errinho foi quando você afirmou que aquele que comete pecado mortal não vai para o inferno mas vai direto à  p.q.p. repetindo esse lugar mais vezes.
Imediatamente o jovem padre saiu correndo daquela igreja em direção ao infinito e até hoje ninguém mais ouviu falar dele.
Pois é. Foi um domingo diferente. Confessei os meus pecados. Rezei, olhando para aquela lindona e assisti a um espetáculo inédito nos anais daquela paróquia. E gratúito.  
Ao contar essa estória a um amigo, torcedor do Palmeiras, ele me perguntou: 
- O jovem padre, por acaso, seria um torcedor do Corinthians?
Não sou corintiano mas dei uma sonora gargalhada como se fosse uma reação normal. 
Salve o domingo com missa e tudo.
Não é mesmo?

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