segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CÂNCER. . . E AGORA?

De seis em seis meses, estou novamente neste mesmo lugar.
Ele mudou um pouco porque antes abrigava apenas 50 ou 60 pessoas na sala e, agora, mais de duas centenas de pacientes estão sentados esperando ser atendidos.
Cheguei naquele local e, como sempre, fui atendido por duas senhoras com jalecos de cor de rosa e com sorrisos nos lábios. Passaram às  minhas mãos o número da minha senha de atendimento. Outras senhoras, como elas, estão espalhadas naquele edifício prestando um serviço maravilhoso de amparo e amor ao próximo.  Elas são as voluntárias de uma rede de combate ao câncer.
Entrei naquela sala enorme e fiquei esperando o chamamento do número da minha senha. Olhei para os lados, como faço todas vezes que lá estou e comecei a identificar o ambiente como de muita tristeza,  com um silêncio diferente  que faz doer o coração. 
Percebo e me concentro nos olhares que se cruzam à minha frente ou que se chocam com os meus olhos, vindos  de pessoas das mais variadas idades traduzindo, talvez, o susto ou a incógnita que tentam entender e não conseguem porque se perdem no espaço infinito de um além ocupado por almas assustadas. Cada um com o seu problema. Dali, após a consulta com os médicos vestidos de branco, sem  esboçar sorriso algum que possa comprometer o seu diagnóstico, poderá começar uma nova maneira de se viver ou de enfrentar uma pré-condenação à morte.
Vi crianças com curativos enormes em suas faces como vi também, um senhor com metade do seu rosto. A outra metade a doença lhe havia consumido.
Idosos acompanhados  de seus filhos ou netos que amparam o corpo já cansado daquele pai ou avô e lhe emprestam um sorriso que, naquele momento, não é correspondido. O velho homem sabe o que tem e não acredita mais na sua recuperação.
Mas, mesmo assim, naquele Hospital, muitas e muitas curas do câncer foram confirmadas e parece que apesar do aumento do número de pacientes, a maioria dos sucessos  começou com consultas como aquelas feitas naquele local.
Pesquiso entre os pacientes que, como eu, aguardavam serem chamado e constatei que 90% deles contraíram  o câncer através do vício de fumar.
Então vem a pergunta. Porque existe ainda, neste país, as fábricas de cigarros,cigarrilhas e charutos se esses produtos estão acabando com a população brasileira? O câncer só está esperando a oportunidade para atacar. E pensar que os viciados não acreditam que o fumar causa o câncer. Um dia saberão, com certeza! Isso é impressionante.
Depois da minha consulta, onde o médico me informou que estou curado, saí agradecido a  Deus pela proteção concedida. O meu câncer foi proveniente de um trauma de uma prótese dentária que feriu os tecidos da minha língua. Se a doença tivesse sido adquirida através do vício de fumar, era bem possível que a cura seria mais demorada e com possibilidades de generalizar e se espalhar para outros órgãos, etc.
Na porta da saída principal daquele lugar, onde há lutas constantes e árduas contra o câncer,  vi jovens e alguns funcionários fumando na calçada como se aquele hospital e a sua finalidade não existissem. 
Então pensei: " É bem possível que, um dia, aqueles que ali estão fumando, entrarão por aquelas portas para serem atendidos na mesma sala onde estarão outros pacientes e talvez seja possível que o diagnóstico venha a ser o pior para eles. "
Aí, poderá ser tarde demais.
Não é mesmo?

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