quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

HOSPITAL PARA O POVO - UM CASO PARA SE PENSAR.

Aldo Zottarelli Júnior

Confesso que nunca havia pensado algo semelhante ao funcionamento de um hospital. Coisa de louco!
Precisei me internar num desses nosocômios existentes na cidade e procurei observar o seu funcionamento e os trabalhos de seus funcionários. Eu disse funcionários e não disse médicos.
Há uma razão para isso. Eles não se confundem porque as suas funções são diferentes, e só se manifesta uma integração quando o médico assina as suas ordens e os funcionários obedecem.
A responsabilidade sobre a saúde do paciente é do médico e o seu cuidado pertence aos funcionários da área da enfermagem, ou seja, enfermeiros,técnicos e auxiliares de enfermagem. Por isso, talvez, é que a coisa funciona.
Jamais uma enfermeira se responsabiliza pela saúde dos pacientes sem o vista do médico. Cabe tão somente a ela o acompanhamento do tratamento e relatar ao médico o que vem ocorrendo para aplicar novas recomendações.
Feita essa devida observação, num hospital, a segurança de quem será internado é primordial. Desde a sua identificação e verificação dos documentos solicitantes para a internação, até a entrada no quarto ou no apartamento indicado, são aplicadas algumas regras para que não ocorram problemas entre o paciente e a direção do hospital. Isso porque a indicação do local onde o paciente ficará poderá não ser aquele que ele esperava. Daí, é possível a primeira reclamação do "freguês".
Depois da internação, alguns tropeços podem surgir, indo desde a cama até à TV, passando por outros dados como banheiro, chuveiro, janela, ar condicionado, etc. E daí? Quem vai resolver o problema?
Se for simples,é possível até que o auxiliar de enfermagem resolva. Se complicar, outro funcionário específico será chamado. Jamais o médico, porque este não tem nada a ver com o problema de instalações hospitalares, a não ser, suas exigências profissionais sobre o centro cirúrgico e a sala de UTI para recuperação pós-cirúrgica.
Pois é! 
Reclamações surgem e buscam os que possam resolvê-las.
Refeições para os pacientes e para os seus acompanhantes são fatores bastante criticados. Quem serve segue as ordens da nutricionista e quem come segue quem? Só que a dita refeiçã vem sempre fria e mais ainda, sem sal e sem sabor.
Não é fácil! Se quiser comer melhor, mande buscar um lanche na lanchonete do hospital. Tá? 
É a regra do jogo.
O dia segue em frente e a noite também. 
Sai uma atendente, entra outra atendente.
Elas medem a pressão do paciente, os seus batimentos cardíacos, termômetros, etc, sem contar com a aplicação do soro e dos medicamentos que são injetados nele para efeitos concomitantes.
Depois, vem as duas visitas diárias  do médico ou médicos. Obrigatórias!
Se colocarmos no papel o número de vezes que a porta do quarto do paciente é aberta para esses atendimentos ou respostas de chamadas,e dividirmos pelas 24 horas do dia, vamos concluir, que a cada duas ou três horas, o coitado do doente é incomodado a se sujeitar aos exames,medidas, etc.
Pô, meu! O que eu estou fazendo aqui? Vim para me tratar e me curar e acabo ficando mais cansado com tantas interrupções ao meu descanso.
Mas em outros locais do hospital a vida continua.
Tudo funcionando de acordo com as normas e os procedimentos ditados pela diretoria. Há procedimentos para tudo.
Os números tributáveis continuam a ser somados e, provavelmente, ao ser dada a alta ao paciente, é possível que ele se espante e tenha alguma convulsão ou enfarto de algum órgão interno. Se tem algum plano de saúde, este será questionado pelo funcionária, que apresentará os gastos hospitalares da internação do paciente.
Incrível, mas verdadeiro.
Serão apresentados, além dos honorários do médico, do anestesista, do médico auxiliar, do assistente disso e daquilo, horas na UTI, exames de sangue e de urina, aplicações de medicamentos, soros,radiologia,ultrassom, diagnóstico de imagem, etc, somando uma quantia jamais sonhada pelo coitado daquele que o hospital hospedou.
- Vai pagar à vista ou no catão? Se quiser, o hospital facilita em até seis vezes, sem acréscimo.
O paciente, ao ouvir a funcionária da tesouraria, fica impaciente e pensa consigo: "onde eu fui me meter".
Claro que tudo o que foi usado deve ser cobrado e pago. O hospital é uma empresa como outra qualquer, e precisa cobrar para que tenha lastro suficiente para pagar as suas diversas despesas de funcionamento. Daí, é preciso entender que a maioria desse tipo de hospital não atende os que não podem pagar pelos seus serviços porque não é uma casa de misericórdia. Para isso, existem as Santas Casas ou algo semelhante. Só que na hora da correria, a família chama uma ambulância, vai para um pronto socorro ou para um hospital mais próximo. Aí é que a coisa começa a embananar. Depois, as consequências irão aparecer.
Infelizmente, em nosso país, o atendimento hospitalar para quem precisa e não tem como pagar é muito deficiente, e os nossos governos não conseguem pensar, mudar ou medir essa deficiência, que traz prejuízos alarmantes ao povo brasileiro. Porém há uma única saída.
Seria o SUS? 
Claro que é!
Mas, ao citarmos o SUS, lá vem as mãos dos políticos em cima  com os governos se afogando em promessas não cumpridas. Não há país como este!
Há outros países que agem diferente e utilizam os seus impostos para atender a saúde de qualquer cidadão. Diferente do que observamos por aqui. O povo paga e paga e. . . ficamos nisso. Quem irá nos salvar? 
O Chapolim colorado?
Que nada. Isso é coisa séria e por aqui ninguém leva nada a sério, a não ser o carnaval, o futebol e a cachaça.
Alguém duvida?
Enquanto isso,vamos ficando desamparados e analisando as cobranças dos hospitais particulares até quando?
Alguma mudança?
Só quando o governo brasileiro parar de mandar os milhões de dólares- sem retorno - para Cuba, Venezuela, Africa, etc e investir naqueles que pagam por isso: o povo deste Brasil Varonil.
Quando? Não sei!

O autor é educador, escritor e músico
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ASSIS, O PSICÓGRAFO

Aldo Zottarelli Júnior

Era uma família pequena. 
Pai, mãe, e um casal de filhos,  viviam pacificamente numa casa humilde naquela cidade do interior, e por serem bastante religiosos, tinham em Jesus Cristo, a confiança e a esperança de um novo amanhã.
Uma doença mortal, infelizmente, acabou tirando as vidas dos pais e da irmã de Assis, deixando-o sozinho, com apenas 12 anos de vida. 
Não foi fácil para aquele jovem enfrentar um mundo de problemas que surgiu à sua frente e, mesmo assim, todas as noites ele orava pedindo a Deus a proteção necessária para conseguir sobreviver, sentindo que seus pais estavam sempre ao seu lado, ouvindo as seus lamentos.
Uma noite, ao sonhar com a sua mãe,  ouviu a sua voz afirmando que ele iria ganhar uma graça de Jesus, e com isso ele iria ser uma pessoa importante para receber e anunciar uma nova vinda do Mestre para aqueles que pediam as Suas bençãos. 
"Era apenas mais um sonho", pensava Assis entre tantos outros.
Durante o dia, ele trabalhava numa pequena cerâmica, onde era muito querido e também reconhecido pelo seu trabalho e pela maneira dócil de falar com as pessoas.
- Parece que o Assis tem Jesus dentro dele - afirmavam alguns de seus amigos que gostavam de ouvir os seus conselhos. 
Assim, os dias, meses e anos foram passando naquela pequena cidade até quando, ao comemorar o seu aniversário, Assis ganhou um bolo, e convidou três amigos para comemorarem juntos aquela data tão importante para ele. Trinta e três anos de lutas e conquistas!
A pequena casa onde ele morava tinha uma sala, e no centro dela havia uma mesa onde os quatro se sentaram para cantarem o "Parabéns" e comerem aquele bolo aparentemente gostoso.
- Meus amigos - disse Assis - eu gostaria que, antes de mais nada, nós orássemos  à Jesus agradecendo por este momento, apesar de ser uma sexta feira santa, e que colocássemos nesta folha de papel as nossas assinaturas, confirmando as nossas presenças. Será uma recordação que eu guardarei para toda vida.O que vocês acham?
Todos aprovaram a sugestão.
Quando Assis pegou a folha de papel, a caneta e ser o primeiro a colocar a sua assinatura, os seus olhos se fecharam, sua cabeça inclinou apoiando na sua mão esquerda e os seus olhos se fecharam. Ele começou a rabiscar traços desconhecidos de todos, deixando os amigos surpresos com o que viram e não entendiam o que estava acontecendo.
Ao encerrar a sua escrita, Assis, com os olhos cerrados começou a identificar os traços que colocou naquele papel e com uma voz diferente da sua, disse:
“todos que acreditam em mim serão lembrados, e com as  mãos desse irmão serão orientados por mim e pelo meu Pai." Depois de segundos de silêncio, a mesma voz saiu dos lábios de Assis:
"Vamos orar: Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino e seja feita a vossa vontade, aqui na terra como no céu.  O pão nosso de cada dia nos dai hoje, e perdoai as nossas dívidas, como perdoamos os nossos devedores e livrai-nos de todo mal Amem”.                                             
Em seguida, Assis abriu os seus olhos, não entendendo o que havia acontecido, e ao ver naquela folha de papel  a mensagem recebida e escrita numa linguagem desconhecida, perguntou o que aquilo significava.
- Foi você foi quem escreveu isso. - afirmou um dos presentes.
Assis abaixou a sua cabeça e chorou.
Ele entendeu que havia recebido uma graça de poder se comunicar com os céus e a terra. Pediu a todos os presentes que agradecessem com ele a graça recebida.
Alguém lhe perguntou: 
- Mas o que significam esses traços desconhecidos rabiscados neste papel? 
Novamente Assis, abaixou a sua cabeça e fechou os seus olhos. Ouviu-se, outra vez uma voz: 
" Essa é a minha língua, o aramaico. Com ela, eu oro e falo com o meu Pai. Se vocês tiverem dificuldades para entender,  me ouvirão na sua língua, através deste nosso querido Assis."
Naquele instante, Assis abriu os seus olhos e todos sorriram como se tivessem recebido uma graça divina. E receberam mesmo! Nascia ali, o Assis, o psicógrafo de Jesus. 
Numa tarde-noite como aquela, há 2 mil anos atrás, em Jerusalem, crucificado, morria Jesus Cristo, o filho de Deus, com 33 anos de idade.   
Dias depois, Assis pediu para que os amigos se reunissem novamente na sua casa, porque ele sentia que havia alguma coisa para ser revelada.  E revelou: contou que estava lendo algumas passagens da Bíblia Sagrada, quando ouviu uma voz chamando pelo seu nome. Olhou para os lado e não viu ninguém. De repente os seus olhos se fecharam e ele, sem perceber, pegou a caneta e uma folha de papel e anotou o que estava ouvindo:
"Assis, guarde bem e divulgue esta mensagem:
Fazei de cada um de nós um instrumento da vossa paz.
Todas as vezes que nos comunicarmos, diga essas palavras ao nosso querido Pai. É o que Ele gostaria de ouvir.  A partir do nosso próximo encontro, você receberá as mensagens divinas que serão lidas ou entregues aos irmãos que as pedirem. E assim será para sempre, porque você passa a ser, a partir de agora, o mais novo apóstolo vivo e fiel a mim a ao meu Pai. Amém”         
Assis sentiu que ele poderia atender, através das mensagens psicografadas, aos pedidos das pessoas que o procuravam para saber sobre seus entes queridos e que não fazem mais parte do mundo dos vivos.
Afundou-se nas lições da Bíblia Sagrada e de outras obras religiosas para entender mais sobre a espiritualidade e percebeu que a sua missão era muito importante e ela teria que alicerçar-se na caridade, na piedade e na humildade.
Juntos com os três amigos, fundaram uma instituição, onde o amor e a misericórdia se apresentavam como os principais alicerces para a felicidade da humanidade e, semanalmente, eles se reuniam ao redor da mesma mesa onde se deu a primeira psicografia, assistidos por outros colaboradores, para atenderem as pessoas que procuravam receber as mensagens do infinito.
Durante uma das reuniões, ao receber as mensagens escritas nas folhas de papel e direcionadas aos que assistiam e pediam comunicação, Assis se surpreendeu com uma delas dirigidas diretamente a ele. Era da sua mãe. Ela afirmava se sentir feliz e grata por perceber o quanto que o seu filho era importante para os outros  que necessitavam de sua ajuda.
Assis se emocionou com essa mensagem, que terminava:
"você, meu filho, tem muito ainda por fazer para ajudar os que necessitam da sua ajuda. Você veio para ser mais um e Jesus será sempre o seu condutor e lhe ensinará para que você oriente e estenda  as suas mãos a quem precisar do seu auxilio. Não poderei mais me comunicar com você porque o Pai já me indicou para outros trabalhos. Ficarei com a esperança de um dia nos encontrarmos para sempre. Deus lhe abençoe."
Assis sentiu o seu coração bater mais rápido e uma lágrima saiu de um dos seus olhos e percorreu a sua face como um sinal de despedida.
Com o passar do tempo, o grupo que trabalhava com Assis nas sessões psicográficas resolveu ampliar as sua atividades espirituais, e se transformou num grande centro espiritual com unidades  em algumas cidades, onde além das mensagens psicografadas atendia às mais diversas atividades e obras de assistência social e filantrópicas.
Assis nunca aceitou receber qualquer coisa como  pagamento pelo seu trabalho espiritual e ficava zangado quando isso lhe era oferecido e explicava:
"Quem faz é Jesus, não sou eu. Quem psicografa é uma alma e não sou eu. A minha função é apenas escrever o que  ela manda. Sou feliz por Jesus ter me escolhido para essa função.  Todos nós temos que agradecer e pedir ao Pai o perdão pelas nossas culpas e pecados e agradecer as Suas bençãos, para que possamos continuar a amá-lo  cada vez mais sobre todas as coisas. Amém"
Em nosso universo existem outros Assis que trabalham e ajudam ao próximo em ações psicográficas que emocionam a todos. Precisamos nos aproximar deles, para que o espaço infinito seja cada vez menor e, com isso, a união espiritual seja maior e a paz entre todos nós seja ainda maior.
Que Deus e o seu filho Jesus abençoem os nossos Assis e façam deles os instrumentos da paz e do amor ao próximo.


O autor é educador,escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com






segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

NÚMEROS, SENHAS E CÓDIGOS.

Aldo Zottarelli Júnior

Devo estar sonhando acordado ou a coisa se desgringolou de uma vez por todas.
Cansei de ficar entre os que não são, do que estar entre aqueles que também não estão. Deu pra entender? Ou seja, estou ficando cada dia mais louco com os números e senhas jogadas ao vento e que comandam a vida de cada um de nós. Vou dar um exemplo, narrando a conversa de dois "caras", que presenciei num lugar qualquer.
- Bom dia, 0089!
- Bom dia, 154! Como vai a sua 9998?
- Muito bem, graças ao Onipotente.
- Beleza, meu!
- Você leu o jornal de hoje?
- Li e fiquei impressionado com a crítica pessoal sobre o PM 15.
- Pois é!  E na Câmara de Vereadores a posição tomada pelo V 09 foi impressionante, não foi?
- Claro que foi.
E assim, os dois amigos conversaram, citando números e letras como se o mundo tivesse transformado os seus habitantes nessas peças numéricas. Eu explico.
Nos últimos anos deixamos de ser pessoas e passamos a ser apenas números seguidos de senhas. São tantos aqueles que me representam, que eu tentei colocá-los numa folha de papel para não esquecer, e acabei escrevendo um pequeno livro. Todas as páginas e frases continham números, senhas ou siglas. Pois é.
Hoje, temos o registro dos nossos números e letras no CIC, RG, CNH, Carteira de trabalho, sindicato, escola, universidade, seguro saúde, UNIMED e outras "meds", SUS, Registro na PREVIDÊNCIA SOCIAL, carteira de idoso e de não idoso, carteira de deficiente e de não deficiente, comprovante de residência, telefone fico, telefone celular, PIN, SIC, PIS, PASEP, SOCIAL CARD, Carteirinha de clube,protocolo da NET, da SKY, ramal telefônico, computador, impressora, programas com as senhas respectivas, e muito mais, volante da Loteria Esportiva, placa de automóvel ou caminhão,passagem numerada de ônibus, de avião, de navio de barquinho, e do "raio que o parta",etc, etc, etc. 
Tudo está uma loucura e aumentando cada vez mais, essa parafernália denominada Terra. Até quando? 
Agora estão chegando a uma conclusão estupenda: um único número ou registro para tudo. Será uma espécie de identificação numa única Carteira Universal, que se for transformado em abreviatura, irá ficar mal.Ou não?
Se nos deslocarmos para outros países vamos ver que o mesmo está acontecendo por lá. Maldita hora em que inventaram os números ou senhas. Estou perdido e sem ajuda. Vou demonstrar.
Resolvo voltar para casa levando dentro de mim o conteúdo da conversa daqueles dois "caras", e comecei a ficar nervoso porque teria que pegar no meu bolso a chave apelidada de "inteligente" e que abriria a porta da entrada. Percebi que havia esquecido da senha.  "Tô na rua!"- pensei.
Espera! Lembrei-me da senha e acionei a chave ïnteligente". Bacana, a porta se abriu. Ótimo.
Vou até a cozinha e tento ligar a minha moderna cafeteira  para preparar um "capuccino" e ela me pede a senha.
 Tudo bem, dessa senha eu me lembro. Sou viciado nessa bebida.
Entro no meu estimado "Home Theather" e ligo a TV. Ela me pede a senha. Ainda me lembro e digitei. Muito bom. Vou assistir algum programa. Pô, só tem novelas e mais novelas. Vou para DVD.Outra senha me é pedido e eu me esqueci ! Depois de algumas tentativas, acerto a certa. 
Mais tarde, estou diante do meu computador. Meu Deus! Desafio de todas as espécies, e para lembrar das senhas e códigos que aquele aparelho exige, acabo acertando uma delas. 
Mais tarde me deito e vou programar o despertador. Nova senha! Ainda bem que esta eu anotei no proprio despertador.
A verdade é que as senhas, os códigos e os números são como o ar e a água para nos mantermos vivos, e não temos qualquer liberdade ou opção se esquecermos, porque se isso acontecer, estaremos fritos. . . principalmente se não soubermos a senha para apagar o fogão ou desligar a frigideira.
Os números estão aí. 
- Escolham os seus números. Façam os seus jogos, senhores! Esta seria a determinação ouvida. 
Para se fazer um jogo é preciso escolher os números ou letras e apontarmos ao bookmaker que, sorrindo, entende que todos dependemos dele para realizarmos os nossos sonhos. E daí, sentimos que na vida atual, as senhas, os códigos e os números serão as nossas armas ou escudos para continuarmos a viver num mundo complexo, dopado, sem perspectiva e viciado em tudo. Não é? Pois é.
Vacine-se ou entregue-se. A escolha é sua.
Antes, porém, será obrigatório você indicar o seu número ou a sua senha quando você morrer e tentar um lugar no Céu. Para entrar no Paraíso exige-se essa identificação. Se você não tiver ou se esqueceu de tal documento, será enviado imediatamente para o inferno. Lá a bagunça é tanta, e nada é exigido. Um perfeito carnaval,como todo brasileiro gosta. Ou se tiver sorte, será o que Deus quiser. Se é o que Ele quer.

O autor é educador, escritor e músico
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domingo, 9 de fevereiro de 2014

EXPRESSÕES CAIPIRAS

Aldo Zottarelli Júnior

Este nosso país tem coisas agradáveis e maravilhosas como também tem um povo autêntico e divertido. Fazer piadas é a coisa mais comum entre os brasileiros, que  gostam de inventar até o impossível, na busca de completar uma estória engraçada. 
"Faz parte do meu show", diria Cazuza. 
"Faz parte do nosso show", eu rebateria. E como faz.
Vou ficar apenas na área da comunicação do nosso idioma. O português brasileiro.
Há palavras que tem um significado, conforme o local onde estamos neste Brasil varonil.
Isso todos já sabemos. Não é?
O  mineiro trata do seu vocabulário de tal maneira que somos obrigados a procurar um dicionário das expressões mineiras para entendermos o que ele disse, ou o que ele pensa, etc.
Recebo como um presente, uma plaqueta de madeira onde estão três expressões típicas do caipira mineiro: "onco sô; onco tô, onco vô,
Dará pra entender se lermos devagar, 
"Com calma e bem devagar, a gente entende", diria o compadre Décio do Brejo Seco que não aceita ser chamado de "compadre" porque o certo para ele, seria "cumpadre" com C e mais U. Tentei dizer para ele o que significavam essas duas letras juntas, mas  desisti porque daria muitos panos para manga em discussão.
Mas voltando às três expressões da plaqueta, podemos entender a mesma coisa se estivessem escritas as expressões: "QUEM EU SOU, ONDE ESTOU, ONDE VOU?" Que coisa, não? Mas vamos entender o significado dessas expressões que, diariamente, qualquer brasileiro teria a vontade de perguntar.
Quantas vezes paramos a nossa caminhada para o nunca e perguntamos quem somos. Pois é o tal do ONCO SÔ mineiro, que tem a sua razão de existir, principalmente quando ficamos embasbacados e não sabemos nem responder a nós mesmos quem somos? Já experimentaram isso?
E o ONCO TÔ?
Quando sentados ou deitados, fechamos os nossos olhos e nos lembramos de um passado não muito remoto que vivemos e nos vêm a vontade de perguntar a nós mesmos onde estamos? Isso sem exemplificarmos o momento de estarmos pisando em nuvens, e não sentirmos um chão sob nossos pés como muita gente percebe ao receber uma notícia que proporciona um impacto mental. É o momento em que nos isolamos de nós mesmos e tentamos descobrir onde estamos. Não é?
Depois de sabermos quem somos e onde estamos, ou seja ONCO SÔ, ONCO TÔ, chegou a principal das expressões mineiras que pode definir uma vida: ONCO VÔ?
Pois é, ninguém seria capaz de explicar o porque dessa expressão surgir em várias oportunidades e nós ficamos impacientes sem saber como será o futuro de cada um.
Ao analisarmos os aspectos positivos das três mensagens, vamos perceber que, mesmo com  escritas totalmente abençoadas da mineirice caipira, elas significam até mais do que imaginamos.
São três perguntas feitas ao nosso ego, buscando respostas que possam ajudar a construir um futuro, sem nos esquecermos como somos e o que já fomos. 
Se pudermos entender dessa maneira, vamos entender também como é grande  o ensinamento da filosofia de vida que o caipira mineiro nos dá, não se importando das brincadeiras que a inutilidade do brasileiro metido e alfabetizado faz, pensando que a maneira de falar e de escrever do cidadão caipira seja desprezado, porque fere o idioma do país.  
Nada disso. 
Às vezes essa filosofia mineira nos diz muito mais do que o "To be or not To be"que Shakespeare tentou explicar e até agora ele não conseguiu.
Diferente da expressão do caipira, que todos sabemos muito bem 
o seu significado:  ONCO VÔ?
Né mesmo?

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domingo, 2 de fevereiro de 2014

FENÔMENO KARDECISTA

Aldo Zottarelli Júnior

Você já acordou algum dia sentindo que o solo está balançando e que a qualquer momento um tombo do tamanho do absurdo venha a lhe acontecer?
Pois é. Foi assim que eu acordei, nesta manhã maravilhosa de sexta feira, onde o sol está enviando os seus raios amarelados e quentíssimos sobre as areias do Gonzaga, em Santos.
Enquanto tem gente caminhando pela praia,  outras tentam "quebrar" algumas ondas pequenas que insistem em se esparramar sobre os corpinhos das crianças gritando e vibrando com o gostoso e molhado banho de mar.
Vejo incontáveis adultos sentados em cadeiras e espreguiçadeiras, depois de melarem os seus corpos com óleos ou cremes para bronzeamento ou proteção da pele. Sei, como todos sabemos,qual o objetivo disso: buscar uma cor mais escura pelo corpo todo. Tem gente que consegue e outras pulam de raiva, porque a pele de seus corpos se recusa a ganhar um tom mais moreno. Taí a prova de que até no bronzeado somos diferentes um do outro, independente da raça. Coisas de Deus.
Infelizmente, eu não consigo fazer parte desse cenário porque continuo não sentindo o chão por onde piso. É mole?
E tem mais. Começo a sentir um pequeno enjôo no estômago. Consequência da besteirada que andei comendo ontem à noite, regada com as geladas loiras engarrafadas ou enlatadas. Ontem foi ótimo. Hoje, o ótimo deu lugar ao péssimo me fazendo sentir as pontadas no peito, com a minha respiração ficando um pouco difícil.
O que é isso? Estou enfartando?
Sento-me e tento respirar profundamente. Fiquei com medo de me aprofundar mais e ir para o inferno com isso tudo.
Uma pessoa, se dizendo kardecista, me informou que até as 13 horas as coisas vão continuar daquela maneira, porque aquela sexta feira promete muitas surpresas desagradáveis. Depois, as coisas irão melhorar. 
Pô, meu! Melhorar para quem, se eu continuo com as dores no peito e enjôos de estômago. Acho que vou direto para o outro andar. A minha hora está chegando, pensei.
Saio da avenida e entro rápido no shooping. 
Ar condicionado. Ótimo! Deixo uma temperatura de 34 graus da avenida e entro naquele abençoado e refrigerado local. Respiro fundo. Consegui! Milagre!
As dores no peito sumiram após eu soltar um festival de gases do meu corpo pelo canal apropriado e. . . sem barulho
ou "pum".
Olho no meu relógio de pulso e vejo as horas. Não acredito! 12 horas!
Como isso aconteceu? Era para acontecer às 13 horas. Acho que Deus ficou com pena de mim e me deu essa lambuja, Será?
A minha hora não havia chegado e Ele, conhecendo o meu gênio, não iria querer discutir comigo na porta do céu, tentando me explicar ou me convencer sobre tal antecipação da minha ida definitiva para lá.
Gostei de voltar a me sentir melhor.
Percebo que eu havia dado algum vexame porque havia muita gente olhando em minha direção. Enquanto muitos se preocupavam comigo, outros me olhavam com críticas e diziam que eu estava com TSA .
Você sabe o que significa TSA? 
"Tá se achando." seria a resposta.
Passo mal. Dor no peito, enjôos de estômago, falta de equilíbrio para ficar em pé e vem uns tontos da vida afirmando que eu estou com TSA?
Não dá para o meu Criador mandar para eles a mesma coisa que eu senti, não? Aí sim, eles iriam entender  a verdade macabra que eu havia sentido naquela manhã.
Ainda bem que os ponteiros do relógio andaram e estão marcando 13 horas!
Que coisa! O mal sumiu e comecei a me sentir bem. Muito bem!
Agora vou procurar um livro que me explique o que é kardecismo e entender melhor as suas regras. Sempre é bom melhorar a minha cultura.
E a sua, como anda?

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