segunda-feira, 19 de março de 2012

BAMBU. O QUE É ISSO?

Lá pelos idos anos sessenta, eu conversava com um engenheiro santista e responsável pela construção do ginásio de esportes do Instituto Estadual de Educação Canadá, em Santos. Ele me dizia naquela oportunidade que se o bambu não apodrecesse, seria o mais resistente material para uma obra da construção civil.
Aquilo ficou de tal maneira alojado em minha cachola e toda vez que eu via um bambuzal, eu me lembrava das sábias palavras daquele engenheiro.
Com o tempo passando ao meu lado, acabei aprendendo que há duas espécies de bambu. O que tem caule oco e o que não tem caule cheio. Este último é considerado, na realidade, aquele que se presta para tudo, ou seja, serve de material para obra, para queima e acima de tudo para a fabricação do etanol. Motivo: rápida renovação no plantio.
Na Etiópia, as vantagens do bambu tem ajudado demais o seu povo mais carente. Comparado com a madeira de qualquer outra árvore, percebe-se que, numa árvore comum, quando derrubada ela desaparece para sempre e com o bambu, não!  Isso se explica porque o bambu é da mesma natureza que a da grama. Em condições adequadas, pode crescer um metro por dia. Com isso chega rapidamente a sua maturidade. Dependendo da espécie, a cada três anos, há condições de serem cortadas e o seu uso poderá ser para muitas coisas. É possível, portanto, que o bambu amadurecido possa ser colhido anualmente durante toda a vida da planta. Nenhuma árvore tem essa qualidade  de renovação. O eucalipto chega próximo ao bambu, mas perde porque necessita de muita água para ser renovável. 
Especialistas chineses têm se dedicado aos estudos do bambu, principalmente o que tem caule cheio, porque esse tipo de planta poderá, um dia, ser imprescindível na vida do  planeta. E quando a China resolve colocar os seus cientistas para pesquisarem e estudarem qualquer fonte de energia é porque ela sabe onde quer chegar. Para se ter uma idéia sobre os estudos dos chineses sobre o bambu, principalmente o ôco, é que foram desenvolvidos até fogões domésticos que usam essa planta como carvão, porque queima melhor  e não polui o ambiente, como acontece com qualquer outro tipo de carvão. Preço de cada fogão chines feito somente com ferro e barro: tres dólares!
Um outro fator da importância do bambu é que nos locais onde algum desmatamento acabou com a qualidade do solo, tornando-o arenoso e propício às erosões, as raízes do bambu ajudam a fortalecer novamente esse mesmo solo e, em pouco tempo, a terra poderá voltar ser outra vez uma alta fonte de produção.
A maior das vantagens do bambu é que ele tem a aura da sustentabilidade, ou seja,não danifica nunca o meio ambiente.
Talvez, por isso é que a Etiópia está deixando de lado o cultivo do eucalipto e passou a levar com mais seriedade a plantação do bambu em seu solo. Como ele precisa de poucos nutrientes, pode crescer em solos inóspitos para outras plantas e ao se desenvolver melhor, acaba  recuperando as terras dadas como perdidas, porque as suas raízes se agarram ao solo e o reforçam. Se plantado em encostas íngremes ou margens de rios, ele impede os deslizamentos e as erosões..
Para se ter uma idéia melhor sobre o uso rentável do bambu antes dele se decompor é a fabricação de pisos, móveis e placas para paredes, que duram tanto quanto a madeira, além de armazenar o seu carbono o tempo todo, esse mesmo carbono que poderá render lucros altos na sua comercialização.
O bambu com o caule õco ou cheio ainda não flertou com os empresários brasileiros do setor e muito menos com as autoridades governamentais que destinam os seus olhares diretos para o p[rojeto do pré-sal. Pensam que esse projeto irá resolver os problemas infindáveis da sociedade brasileira, como a fome do seu povo, como se fosse uma locomotiva sem freio correndo nos trilhos da sedução e do impossível.
Todos nos esquecemos da carta escrita por Pero Vaz de Caminha: 
 ". . . a terra que, se plantando, tudo dá"
Que tal plantarmos o bambú?



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