terça-feira, 8 de julho de 2014

TERMINOU O JOGO

Aldo Zottarelli Júnior
Terminou o jogo!
O time que ele torceu, perdeu. E perdeu feio. De goleada.
Desligou a TV onde, sozinho, acompanhou o jogo e ficou pouco tempo em silêncio. Balbuciou algumas palavras desconhecidas e se levantou da poltrona onde estava sentado. As pequenas garrafas vazias de cerveja caíram do seu colo, demonstrando o quanto ele havia bebido durante o jogo. Como ele torceu!


Voltou a ficar em silêncio e caminhou em direção da janela daquela sala e olhou para a rua onde, até há pouco, estava cheia de torcedores como ele, vestidos de camisas amarelas, gritando e cantando depreciativas frases aos jogadores do seu time. Agora a rua estava vazia e os últimos raios solares teimavam ainda em iluminar aquele espaço. A imagem era triste e melancólica.
Ao perceber o silêncio da rua, sua mente ficou apagada por instantes. Quando voltou a si, lembrou que o seu time havia levado um chocolate do adversário. Jamais ele poderia imaginar que o resultado seria aquele que nunca será apagado da sua memória.
Do silêncio veio uma dor no peito como se o seu coração estivesse disparado e ele sentiu a necessidade de sentar e respirar fundo. Foi além. Deitou-se ao solo e ali permaneceu com os olhos fechados. Não aceitava o que havia acontecido durante o jogo. O seu time, após sofrer o primeiro gol, desesperou-se e se desprendeu do plano que o treinador havia elaborado. Deu-se o revoltante desligamento de todos os jogadores que permaneceram longo tempo sem saber o que fazer e, com isso, assumiram uma distração totalmente incompatível numa equipe de futebol.
Levantou-se e percebeu algumas lágrimas saindo dos olhos.
Nunca havia pensado que a sua seleção brasileira poderia perder  para Alemanha, daquela maneira.
A vontade de ganhar a Copa do Mundo era dobrada porque ela estava sendo realizada em estádios construídos nas capitais dos estados brasileiros. A conquista era praticamente aguardada por todos os brasileiros como ele e que tinham a certeza de que seria  conseguida.
Agora a realidade é outra.
Ele ficou novamente imóvel e viu a janela da sala escurecer anunciando a noite que estaria chegando. Com ela, estaria chegando o desprazer e a tristeza de que jamais iria esquecer aquela tarde em toda sua vida.
Perder seria uma consequência. Perder, tomando sete gols é inacreditável.
Foi isso que aconteceu. Uma pena inesquecível.
De repente, sentiu o mundo abrir aos seus pés. 
Ele começou a soluçar e a chorar muito, muito, muito.

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

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