terça-feira, 31 de janeiro de 2017

TRÊS BANCOS DE CIMENTO

Está mais do que claro que eu já citei várias vezes os encontros entre amigos realizados nas esquinas e jardins da minha cidade.

É gostoso contar o que acontece nesses encontros e quais os assuntos abordados ou discutidos entre os verdadeiros amigos e irmãos. 
Por isso, nesse espaço volto a escrever sobre esses encontros.
Ontem, nos três bancos cimentados do jardim central 02 da minha cidade, frente a agência central do BANESPA, o Pedrinho comenta com o Francês que uma das coisas mais importantes do dia de cada um é justamente aquela hora em que os sete ou oito amigos se encontram naquele local.
- Parece que tudo fica muito bem e gostoso entre todos - diz Pedrinho.
- O resto das horas do dia, cada um fica em sua casa, lendo jornal, revista, livros ou qualquer coisa mais, porque são todos "Old Men" e, por isso mesmo, não se arriscam mais a sairem das suas casas. Nem para assistir alguma partida de futebol do Velo ou do Rio Claro FC.
- Será que todos estamos esperando a morte? - alguém comentou.
- Que nada! Trata-se da dificuldade do andar, dores musculares e algum outro mal corporal que todos ali possuem.
- Mal corporal?- pergunta o Zé Edmundo.
- Claro, eu respondo. 
Joel entra no assunto:
- Uns se concentram com dores do nervo ciático que acaba irradiando pelas pernas e vai parar até na bunda, passando pela coluna. Mas eu posso afirmar que por causa de um erro médico, continuo enxergando menos. E isso me deixa puto a vida. Paciência!
- É mesmo - afirma o Frances e conclui - Respeito o seu caso, mas a maldita dor aparece de uma torção muscular em qualquer lugar do corpo e termina nos glúteos ou na parte final da coluna cervical.
Olho para o Euclides que tenta se levantar do banco onde estava sentado, porque já eram onze e meia e ele precisava ir para o seu apartamento para almoçar. Ele tenta se apoiar com alguma dificuldade sobre a famosa bengala que o acompanha há alguns anos. Endireita o corpo, ensaia o primeiro passo e sai caminhando.
Pode doer a sua perna, vítima de artrose, mas ele, diariamente, está sentado num dos três bancos e participa de todos os assuntos comentados. Êta "old man" bacana!
Naqueles bancos, há corintianos, sampaulinos, palmeirenses santistas e até ponte-pretanos. Pois é, tem torcedor de muitos clubes mas a maioria gosta do Velo que, como sempre, deixa muito a desejar.
Até o ano passado, o basquetebol era a atração da cidade. 
Por mais de dez anos, a equipe da cidade era sempre finalista nos campeonatos paulista,  brasileiro e sul americano. Ganhou quase todos os títulos disputados e fornecia 60% dos seus atletas para a seleção brasileira,  
O ginásio de esportes "Felipão" era uma grande atração com uma torcida fanática e bela gritando e torcendo pelo basquetebol da cidade. Hoje, tudo acabou. Uma pena. Gente errada nomeada para dirigir. Tudo deu errado, tá!
Observando os que passam à frente dos três bancos de cimento daquele jardim, comentamos como a população da cidade mudou. A começar com a falta de gente bonita e bem vestida. Agora vemos pessoas mal vestidas, feias e outros que tais, uma pena! 
Podemos contar nos dedos das mãos, as cidades do interior brasileiro que se preocupam em incentivar os seus valores artísticos, principalmente os músicos. No jardim 01, os nossos cantores, cantoras e músicos se apresentam para um público que adora ouvir as serestas de antigamente e as atuais, sob os aplausos e os sorrisos das crianças, jovens e adultos que olham os passos de casais que se arriscam a dançar em volta da estatua da Diana. É realmente cativante.
Do outro lado da Diana está o coreto municipal, onde orquestras, bandas e festivais musicais se apresentam  para um público fanático por música. Isso ocorre aos sábados.
Também mensagens e discursos de políticos e sindicalistas são apresentados no coreto como uma forma correta de  aproximar os que acreditam no desenvolvimento nacional ou não.
Há ainda uma proliferação de algumas jovens prostitutas que ali transitam por todo o jardim na busca do dinheirinho de algum mal orientado. Onde está a polícia para retirar isso do jardim. Oh meu!
No centro dos jardins, estão as pequenas barracas azuladas e bem cuidadas dos comerciantes que comercializam tudo que podemos imaginar na área da música, video, roupas, e outros bens de interesse da coletividade rio-clarense. Para quem não conhece vale a pena conhecer.
O jardim é bacana e vale a pena passear pelas suas calçadas que norteiam e amparam as plantas, gramado, flores, árvores bem tratadas com duas centrais aquáticas sendo uma homenageando o índio brasileiro, e a outra à Diana, a caçadora. Alguns bustos históricos complementam e relembram a história da cidade e do país.
E nós, os "old men" observando tudo isso, estamos todas as manhas, das onze as doze horas, sentados nos três bancos de cimento em frente ao BRADESCO  comentando o que aconteceu no dia anterior, como as notícias dos jornais que nos informam sobre os que partiram para o andar superior ou as famílias que se alegram com os que chegam na maternidade.
Naqueles bancos, somos hoje seis ou sete ou até mais um pouquinho, porém amanhã não imaginamos quanto seremos, apenas esperamos que nossos filhos, netos, etc lembrem sempre que naquele local, naqueles três bancos de cimento do jardim, um grupo de "vovôs", como eu, nunca deixamos Rio Claro ser esquecido.
E . . .como!
De segunda a sábado: das 11 às 12 horas. Todos serão bem recebidos.
Venha você também ou então vá para o inferno. Tááááááá'!

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