- Digo-lhe o mesmo.
- E daí, você vai?
- Não sei. Tenho ainda minhas dúvidas se compensa ou não.
- Claro que compensa.
- Sei não. Mas você, vai, mesmo?
- Tenho pensado muito a respeito e estou inclinado a ir.
- Cuidado para depois não se arrepender.
- Arrepender-me?
- É claro. E se não der certo o que é que você fará?
- É verdade. eu não sei.
- Então, não vá.
- Mas a tentação é muito grande. Sei não.
- Deixe esse "sei não" pra depois e decida agora.
- E você, já decidiu?
- Você tem razão. Ainda tenho as minhas dúvidas se vou ou não.
- Então não vá!
- Mas, há algo dentro de mim que fica me cotucando e dizendo: "vá, vá, vá".
- Pô, então vá!
- Aí é que está a pequena dúvida. Quando o santo ajuda a gente desconfia.
- Como?
- Se eu fico pensando em ir porque estou sendo forçado por mim mesmo, eu fico desconfiado.
- Sabe que eu sou assim também.
- Então me diga. Vou ou não vou?
- Bem aí o problema é todo seu.
- Está vendo? Você encolheu e não sabe também se vai ou não vai.
- Dizem que vai ser bom. Mas eu estou pensando. . .
- Pensando o quê? Vai homem. Se você quer ir, vá!
- Aí é que está. E se eu me arrepender?
- Bem ai é outro problema e, só seu.
- Por isso é que eu me encontro com essa dúvida.
- Sai prá lá, ô meu!
- Como sai prá lá? Estamos falando se eu devo ir ou não, né?
- É
- Então, porque eu devo ir, se tenho dúvidas.
- Eu também estou com as suas mesmas dúvidas. Tenho certeza.
- Se estamos em dúvidas, seria melhor ficar na nossa.
- E qual é a nossa?
- Como não sabe?
- A dúvida é se vamos ou não vamos.
- Sabe que você tem razão.
- Acho melhor ficarmos por aqui.
- Quer dizer que não vamos?
- Não sei. O que você acha?
- Achar o quê?
- Se vamos ou não vamos.
- Vamos aonde?
Silêncio e ambos se entre-olham. Aí, vem a resposta que não queriam:
- Sabe que eu não sei.
- E eu também não sei.
E os dois amigos se despediram e se foram. Pra onde? Ninguém sabe. Nem eles.
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