quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

SERIA ESTÓRIA OU HISTÓRIA?

Provavelmente o assunto deveria ser sobre as escolas de samba do Rio e de São Paulo que, no final de semana, estarão justificando a existência do que restou daquilo que hoje nós chamamos de carnaval.
Êta loirinhas devassas.
 O Bar do Chico, nas cercanias da passarela do samba do Anhembi, estava lotado, naquela tarde. Sem ter onde me assentar, percebi que, ao meu lado, havia uma mesa onde estavam dois caras conversando sobre amenidades.  Com a maior simplicidade, eu me ofereci para acompanhá-los, afirmando que não me incomodaria de ouvir sobre quais assuntos  eles estariam conversando. Como eles já estavam com a guela cheia das loirinhas geladas e devassadas, me ofereceram uma das cadeiras da mesa. Eu agradeci e, após sentar-me, fiquei ouvindo o papo daqueles anjos da cara suja.
Inicialmente, eles falavam das escolas de samba com as suas cobiçadas e maravilhosas rainhas das baterias. Sabiam os nomes de todas elas.
Depois, discutiram futebol, com destaque para o Curingão e a Copa Libertadores. Os dois eram torcedores de outros times e afirmavam que o sonho dos corintianos não seria realizado nunca. Eu me meti na conversa e perguntei o por quê daquela afirmativa. A resposta veio imediata: "São Jorge não tem poderes sobre a jurisdição latino americana. Só manda no Brasil"  Foi uma gargalhada sonora.
Não sei porque ou qual o motivo, mas um deles começou a fazer críticas ao governo. O assunto começou a crescer indo até a fase da 1964 quando houve uma revolução no país que estava prestes a se transformar o seu  sistema de governo em sindical-comunista. Eu fiquei somente observando e ouvindo as estórias que eles contavam.
Militares no poder
"De um lado havia a direita, com as forças armadas defendendo a constituição e a democracia e do outro lado, estavam os esquerdistas  defendendo a mudança do país para um socialismo fajuto com destaque maior para um comunismo fajuto também.Havia terrorismo a vontade. Ao perderem a batalha, os esquerdistas fugiram do país ou foram presos e mais tarde soltos para começarem uma  nova vida. Diferente da Argentina, onde os revoltosos contra o governo foram colocados em aviões  e jogados no oceano Alântico."
E mais fatos vinham aparecendo. 
200 milhas marítimas e o pré sal.
"Nos anos seguintes, quando os militares brasileiros dirigiram a nação, houve acertos e erros. O maior acerto aconteceu no governo do Presidente Medici, quando ele assinou um decreto expandindo a plataforma continental brasileira para mais das duzentas milhas marítimas, atendendo a sugestão de uma respeitosa senhora vidente,residente em Brasilia, com muito prestígio na sociedade da capital da república e que tinha poderes extra sensoriais ou espirituais em ver onde estavam escondidos os poços de petróleo no Brasil e que seriam descobertos, no decorrer dos próximos trinta anos. Assim, ela afirmou a existência desses poços na região amazônica e na Bacia de Santos, junto da plataforma continental brasileira, afastada até 200 milhas marítimas do continente".
Pouca gente sabe dessa estória. Aliás seria estória ou história? Quem pode afirmar?
Graças a essa medida da expansão do território marítimo brasileiro, foi que resultou na descoberta do Pré-sal. Será? Quem sabe?
Bem eu vou dar crédito a tal informação, porque me lembrei, naquele momento, de um desfile de escolas pelas ruas de Rio Claro, durante as festividades de sete de setembro, onde um colégio, com uma faixa conduzida pelos seus alunos, agradecia ao Presidente Médici pela conquista das 200 milhas marítimas aumentando o território brasileiro. Isso eu me lembro muito bem.
Depois desse causo, os dois companheiros começaram a falar sobre a falsidade da política brasileira. Perguntei o que isso significava e a resposta veio em forma de uma pergunta:  "Como pode um governo não ter pessoas ou políticos com idéias contrárias às suas, dentro de uma oposição verdadeira?" 
Respondendo que eu não havia entendido a sua pergunta ele me explicou.
"Durante os governos militares e outros que vieram depois da abertura democrática através das diretas já,  a oposição foi coordenada por um único partido, o PT, que mostrou ser um vasculhador notável para encontrar acusações, sérias ou não, contra quem estivesse à frente do governo brasileiro. Chegaram até a derrubar um Presidente da República.  As coisas caminharam de tal maneira até que o grande partido da oposição tornou-se governo."
"Oito anos!", exclamou um dos que estavam sentados naquela mesa. 
Dulma: oito anos no poder. Será?
"Oito, só com o Lula, e vai ficar mais oito, com a Dilma."
Perguntei como ele tinha tanta certeza daquilo que havia dito.
E veio a explicação. Contou o dito cujo que os antigos esquerdistas que, em 1964, se revoltaram tentando mudar a forma de governo no Brasil, após a vitoria do militares,  se separaram, prometendo a si próprios que um dia conquistariam o poder. Uns ficaram e foram presos e outros fugiram para o exterior. Depois de tantos anos, eles voltaram a se encontrar, agora nos corredores do poder Legislativo ou do poder Executivo e mandaram ver.E mandaram mesmo! Sempre acreditaram na filosofia do seu partido socio-comunista. Por isso, é impossível somar o número de oposicionistas ao governo do PT, desde que o Lula assumiu a presidência até hoje, porque veremos os velhos e unidos esquerdistas e companheiros de armas, soltos e agindo à vontade. A maioria dos seus líderes tornaram-se políticos, sendo muitos transvestidos de mentiras e corrupção no cenário e com a fome de tirar o que sempre sonharam tirar dos cofres públicos .Falam em voz alta, gritando e pregando suas idéias, democraticamente(?)  fingindo ser contrários a forma que a nação está sendo dirigida. E tem inocente que acredita.É o povo! É o povo! 
Bonito, mas sem oposição, é lamentável!
Posso afirmar que essas palavras me arrepiaram. E vieram mais. " É por isso que as perguntas sobre o desaparecimento da movimentação de civis, estudantes, sindicalistas. etc, na busca da organização de protestos contra as medidas tomadas pelo atual governo ficam sem respostas e sem qualquer ação. Quem irá coordenar tais protestos se aqueles que sabem e entendem disso estão no poder ou camuflados de oposição?" 
Olhei para os dois caras que estavam ali sentados, à minha frente, cada um abastecido com um copo de cerveja nas mãos e sorri. Estava na hora de me levantar e me arrancar daquele ambiente porque eu não queria e continuo não querendo me comprometer. Jamais! A minha idade me impede de falar alguma coisa a respeito desse tipo de assunto. Posso garantir que não sou da direita e nem da esquerda e muito menos da curva que, um dia, poderá surgir na minha frente e na frente do povo brasileiro.
Sai do Bar do Chico, sorrindo e pensando novamente no carnaval que se aproxima. 
Então dei conta de mim de que o Bar do Chico nunca existiu, como jamais existiram também, os dois beberrões que estavam jogando conversa fora e mandando para as suas guelas o sabor inconfundível e devasso das loirinhas.

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