terça-feira, 14 de outubro de 2014

A MODERAÇÃO

Aldo Zottarelli Júnior

Diziam os antigos  que tudo deveria ser feito com muito cuidado para não se ter a obrigação de tentar fazer novamente. Ou seja, todo cuidado é pouco. 
Assim, nós crescemos com  essa espécie de medo de errar para não termos que fazer novamente. Descobrimos depois que a palavra certa para  tal cuidado é a moderação.


Hoje em dia, sofremos a influência da moderação em tudo que fazemos ou tentamos fazer. Percebemos que a moderação é a palavra do século e com isso devemos tomar todo cuidado para não ultrapassar os limites desse qualificativo. Temos que ter moderação para tudo, como no falar, no pensar e em todos os atos que ousamos cometer em nossas vidas.
Alguém nos convida para um almoço. Aceitamos, mas devemos lembrar que deveremos comer com certa moderação. Pode ser que depois dessa resposta o convite seja suspenso.
Se vamos  dar um passeio pelas ruas da cidade, é preciso termos moderação no andar para apreciarmos melhor o passeio
Um fanático torcedor de futebol, depois de assistir o seu timão ganhar mais uma, pensou em mandar a guasqua nos goles. Azar dele se não houver um mínimo de moderação no consumo da dita cuja bebida. Né, não?
Um jovem conquistador resolve ir à balada porque está  a fim de um final de noite gostoso, ficando com a rainha da cocada preta.  Tudo bem. Porém, se deixou a moderação em casa, as coisas poderão se complicar e o seu sonho será desfeito até numa delegacia de polícia. Como explicar a pancadaria ocasionada na casa noturna. Faltou moderação. Agora, vai ver o sol nascer quadrado, com certeza.
Uma jovem assanhada e ciente da sua beleza física e sensual ganhou um dinheirinho extra e resolveu viajar e conhecer novos lugares e novas gentes. Esqueceu a moderação em casa e tudo acabou no segundo dia de viagem. O belo rapaz, escolhido como parceiro, era atraente mas malandrão e lhe roubou dinheiro, jóias e até o seu passaporte.  Que coisa!
Dizem que é preciso  uma certa moderação ao fumar porque o cancer vagarosamente virá e poderá matar. E quem disse que o fumante tem pressa para morrer. Esta aí o valor da moderação.
Por isso vamos vivendo, moderadamente ou não.  É necessário que a moderação seja sempre a fiscal dos nossos atos, caso contrário ela poderá lavar as mãos, como Pôncio Pilatos, e o resto que se dane.
Será?
O  que seria de todos nós sem a moderação? Eis um fato que exige uma moderação: duas pessoas discutindo. Se não houver moderação, a coisa irá se complicar de muitas maneiras para um ou para os dois lados.
Dizia-me um amigo, Juiz de Direito, que a moderação sempre esteve ao seu lado todas as vezes que expediu uma sentença e, mesmo assim, ele ainda ficava pensando e pensando se havia moderado corretamente.
Percebemos que para tudo a expressão "moderação" é importante. Até ao criar o mundo, Deus o fez com certa moderação. Foi por isso que levou sete dias para concluir a sua obra. Caso contrário, o mundo seria muito pior com mais balbúrdias e incompreensões  que acostumamos ver acontecer todos os dias.
Alfredo, um brilhante "cara de pau"me perguntou se até na prática do sexo haveria necessidade de se ter uma moderação.
Penso que sim, porque o dar sem receber perderia o seu significado e, mais ainda, se nesse vai e vem de corpos nus e suados a moderação se escondesse atrás da vergonha e interrompesse o ato responsável, como ficaria a vida de alguém que poderia nascer nove meses depois.
Com isso eu provo e comprovo que a moderação é o símbolo de qualquer ato vitorioso. Até ao escolher um político numa eleição, há necessidade da existência da moderação, longe das mentiras, apresentadas pelos candidatos e sinta qual deles poderá ter a felicidade de,  moderadamente,  expor os seus planos de governo.
Depois, seja o que Deus quiser, moderado ou não!

O autor é educador, escritor e músico

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