sexta-feira, 18 de outubro de 2013

VÍCIOS DE LINGUAGEM?


                                                           Aldo Zottarelli Júnior

Fica interessante quando comentamos os nossos vícios de linguagem. Ainda mais quando se trata de vícios da língua portuguesa, useira e viseira de sinônimos e antônimos nunca dantes explicados ou entendidos. Êta nóis largando o verbo.
Sabemos que ao conversamos com alguém, acaba sempre aparecendo alguma expressão que não condiz com o seu significado. Já perceberam isso?
Pois bem, eu não vou declinar o número de palavras que são  consideradas como vícios de linguagem. Porém, ontem eu ouvi, sem querer ouvir, um fulano contando algum caso para outro fulano e, de repente, este afirma
- Para falar a verdade eu . . .
O que é isso? Pensei. Quer dizer que aquele papo só era de mentiras e num súbito momento alguém se proclama a falar a verdade? Onde estamos?
Comentei o fato com um professor de português e este me confirmou que essa expressão é muito comum entre nós, os brasileiros.
Ou seja: somos mentirosos até o momento em que resolvemos deixar de mentir e afirmamos que vamos partir para a verdade. 
Pode ser que muitos pensem que, por vivermos no país das mentiras, somos todos mentirosos. Será? Não sei. Quem sabe?
Mas podemos oferecer aos explorados trabalhadores eleitos do Congresso Nacional uma estória. Se ela for mentirosa a reação será inexistente mas, se for verdade, podemos ter complicações futuras.
Havia um antigo reino, onde o rei despertou uma manhã como uma forte dor no fígado. Ou seja, tudo para ele estava errado e propenso a ser levado até para alguma catástrofe. Explico melhor:
Você já levantou alguma vez com uma cólica de fígado?
Então você sabe como aquele rei estava se sentindo naquela manhã que, por coincidência, era uma quarta feira, o dia em que os seus fieis súditos e contribuintes lhe faziam as suas homenagens. 
Antes que os lavradores e produtores do reino viessem até à sua presença, este tomou conhecimento de que as suas tropas tinham perdido uma batalha numa guerra sem fim,contra um outro reino.
Os súditos usaram as expressões linguísticas mentirosas para tentar acalmar o rei. Mas este permanecia sofrendo e mandando brasa contra quem lhe oferecesse algo, nem que fosse para o seu bem. Mandou que os seus súditos lhe trouxessem somente notícias boas e sem vícios de linguagem algum.
Em seguida mandou que entrassem os lavradores que iriam ofertar parte de suas colheitas para o pessoal do reino.
A fila era grande. Ao receber o primeiro deles, e sentir uma fisgada no fígado,o rei perguntou berrando:
- O que você traz para mim?
- Uma carroça de bananas que colhi nesta manhã.
- Guarda! - gritou o rei. - Leva esse canalha para aquele canto e enfia todas as bananas no lugar que ele sabe muito bem onde fica.
Ao abaixar as suas vestes e experimentar as primeiras bananas, o infeliz começou a gargalhar.
O rei ficou espantado e perguntou:
- Porque você está rindo? Você está gostando desse castigo?  
O judiado olhou para o rei e respondeu:
- É que o cara que vem depois de mim está trazendo uma carroça cheia de abacaxis, com casca e tudo.
Posso garantir que nessa estória não houve nenhum vício de linguagem e muito menos alguma verdade dita. Claro que foi uma invenção. Ou melhor. . . falei mentiras, coisa corriqueira entre todos nós brasileiros.
 Mas que você sorriu com o final da estória, sorriu. Né não?

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

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