sábado, 5 de outubro de 2013

COMO VOCÊ VOLTARÁ?

                                                    Aldo Zottarelli Júnior

Ontem, você passou por mim com uma certa traquilidade, diferente da outra vez, quando você veio com uma arrogância absurda e me destratou, esbarrou em meu corpo como se tivesse me agredido com um soco, me balançou até eu necessitar me amparar em um objeto qualquer para não cair ao solo. Lembra?
Eu me lembro muito bem, inclusive das palavras que proferi à você como se eu estivesse explodindo e desabafando o meu psique, numa espécie de agressão verbal.
Hoje, logo pela manhã, eu senti que você iria aparecer outra vez. E aconteceu. Só que desta vez você veio bastante calmo, distribuindo um calor do seu corpo, diferente de ontem quando você estava muito frio e me fez sentir um arrepio em todo o meu corpo, como se o inverno estivesse abrindo as suas portas.
Gostei de sentir você calmo e quente. Fechei os meus olhos e levantei a minha cabeça em direção ao sol que, brilhando com os seus raios quentes e gostosos, me oferecia a oportunidade de poder obter uma cor mais morena em minha face.
Foi muito bom. Bom demais. Foi tão bom que, naquele momento, tudo que girava dentro da minha cabeça sumiu, e um hiato muito espaçoso e até perfumado tomou conta do meu ser. Nunca havia sentido algo semelhante. Eu me sinto arrepiado só em lembrar.
Gostei! Gostei muito.Parecia que eu flutuava num universo emocional.
Durou pouco essa sensação.
De repente, os seus abraços foram se soltando e se afastando enquanto, novamente, uma sensação de ser mais um na face da terra voltou em mim.
Não gostei.
Tentei olhar para mim mesmo, ou seja, para dentro de mim e me lembrei que toda vez que você aparece e toca no meu corpo sinto essa sensação diferente.  É algo que por mais que eu queira contar ou comentar não consigo. Até parece que é um caso de amor forte e único entre dois seres. Um da aldeia dos animais racionais e o outro da aldeia dos universais temporários.
O que seria isso ou essa ultima aldeia?
Só quem a criou sabe. Eu não sei. 
Apenas sinto na pele os seus contatos e, com eles, eu me transformo, me preocupo, me desfaço e me acabo ou ... renasço. Como saber?
Espero que, nos próximos dias, você volte a manter um novo contato comigo, me tocando levemente, como hoje, e desse toque possa nascer um momento de bem querer, como se fosse o amor, mesmo sabendo que, em segundos, você pode desaparecer e voltar totalmente diferente. Pago qualquer preço para ver e sentir.
Como você voltará?
Para evitar um sofrimento de perda, eu fico aguardando essa sua volta e que ela venha da maneira que vier, forte, leve, frio, úmido, seco, quente, etc, mas que volte sempre como um vento inesquecível que faz parte da minha vida.
Realmente, você, vento, levou uma parte da minha alma. Para sempre!

                                                                 O autor é educador, escritor e músico

                                                                 e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

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