segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ASSIS, O PSICÓGRAFO

Aldo Zottarelli Júnior

Era uma família pequena. 
Pai, mãe, e um casal de filhos,  viviam pacificamente numa casa humilde naquela cidade do interior, e por serem bastante religiosos, tinham em Jesus Cristo, a confiança e a esperança de um novo amanhã.
Uma doença mortal, infelizmente, acabou tirando as vidas dos pais e da irmã de Assis, deixando-o sozinho, com apenas 12 anos de vida. 
Não foi fácil para aquele jovem enfrentar um mundo de problemas que surgiu à sua frente e, mesmo assim, todas as noites ele orava pedindo a Deus a proteção necessária para conseguir sobreviver, sentindo que seus pais estavam sempre ao seu lado, ouvindo as seus lamentos.
Uma noite, ao sonhar com a sua mãe,  ouviu a sua voz afirmando que ele iria ganhar uma graça de Jesus, e com isso ele iria ser uma pessoa importante para receber e anunciar uma nova vinda do Mestre para aqueles que pediam as Suas bençãos. 
"Era apenas mais um sonho", pensava Assis entre tantos outros.
Durante o dia, ele trabalhava numa pequena cerâmica, onde era muito querido e também reconhecido pelo seu trabalho e pela maneira dócil de falar com as pessoas.
- Parece que o Assis tem Jesus dentro dele - afirmavam alguns de seus amigos que gostavam de ouvir os seus conselhos. 
Assim, os dias, meses e anos foram passando naquela pequena cidade até quando, ao comemorar o seu aniversário, Assis ganhou um bolo, e convidou três amigos para comemorarem juntos aquela data tão importante para ele. Trinta e três anos de lutas e conquistas!
A pequena casa onde ele morava tinha uma sala, e no centro dela havia uma mesa onde os quatro se sentaram para cantarem o "Parabéns" e comerem aquele bolo aparentemente gostoso.
- Meus amigos - disse Assis - eu gostaria que, antes de mais nada, nós orássemos  à Jesus agradecendo por este momento, apesar de ser uma sexta feira santa, e que colocássemos nesta folha de papel as nossas assinaturas, confirmando as nossas presenças. Será uma recordação que eu guardarei para toda vida.O que vocês acham?
Todos aprovaram a sugestão.
Quando Assis pegou a folha de papel, a caneta e ser o primeiro a colocar a sua assinatura, os seus olhos se fecharam, sua cabeça inclinou apoiando na sua mão esquerda e os seus olhos se fecharam. Ele começou a rabiscar traços desconhecidos de todos, deixando os amigos surpresos com o que viram e não entendiam o que estava acontecendo.
Ao encerrar a sua escrita, Assis, com os olhos cerrados começou a identificar os traços que colocou naquele papel e com uma voz diferente da sua, disse:
“todos que acreditam em mim serão lembrados, e com as  mãos desse irmão serão orientados por mim e pelo meu Pai." Depois de segundos de silêncio, a mesma voz saiu dos lábios de Assis:
"Vamos orar: Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino e seja feita a vossa vontade, aqui na terra como no céu.  O pão nosso de cada dia nos dai hoje, e perdoai as nossas dívidas, como perdoamos os nossos devedores e livrai-nos de todo mal Amem”.                                             
Em seguida, Assis abriu os seus olhos, não entendendo o que havia acontecido, e ao ver naquela folha de papel  a mensagem recebida e escrita numa linguagem desconhecida, perguntou o que aquilo significava.
- Foi você foi quem escreveu isso. - afirmou um dos presentes.
Assis abaixou a sua cabeça e chorou.
Ele entendeu que havia recebido uma graça de poder se comunicar com os céus e a terra. Pediu a todos os presentes que agradecessem com ele a graça recebida.
Alguém lhe perguntou: 
- Mas o que significam esses traços desconhecidos rabiscados neste papel? 
Novamente Assis, abaixou a sua cabeça e fechou os seus olhos. Ouviu-se, outra vez uma voz: 
" Essa é a minha língua, o aramaico. Com ela, eu oro e falo com o meu Pai. Se vocês tiverem dificuldades para entender,  me ouvirão na sua língua, através deste nosso querido Assis."
Naquele instante, Assis abriu os seus olhos e todos sorriram como se tivessem recebido uma graça divina. E receberam mesmo! Nascia ali, o Assis, o psicógrafo de Jesus. 
Numa tarde-noite como aquela, há 2 mil anos atrás, em Jerusalem, crucificado, morria Jesus Cristo, o filho de Deus, com 33 anos de idade.   
Dias depois, Assis pediu para que os amigos se reunissem novamente na sua casa, porque ele sentia que havia alguma coisa para ser revelada.  E revelou: contou que estava lendo algumas passagens da Bíblia Sagrada, quando ouviu uma voz chamando pelo seu nome. Olhou para os lado e não viu ninguém. De repente os seus olhos se fecharam e ele, sem perceber, pegou a caneta e uma folha de papel e anotou o que estava ouvindo:
"Assis, guarde bem e divulgue esta mensagem:
Fazei de cada um de nós um instrumento da vossa paz.
Todas as vezes que nos comunicarmos, diga essas palavras ao nosso querido Pai. É o que Ele gostaria de ouvir.  A partir do nosso próximo encontro, você receberá as mensagens divinas que serão lidas ou entregues aos irmãos que as pedirem. E assim será para sempre, porque você passa a ser, a partir de agora, o mais novo apóstolo vivo e fiel a mim a ao meu Pai. Amém”         
Assis sentiu que ele poderia atender, através das mensagens psicografadas, aos pedidos das pessoas que o procuravam para saber sobre seus entes queridos e que não fazem mais parte do mundo dos vivos.
Afundou-se nas lições da Bíblia Sagrada e de outras obras religiosas para entender mais sobre a espiritualidade e percebeu que a sua missão era muito importante e ela teria que alicerçar-se na caridade, na piedade e na humildade.
Juntos com os três amigos, fundaram uma instituição, onde o amor e a misericórdia se apresentavam como os principais alicerces para a felicidade da humanidade e, semanalmente, eles se reuniam ao redor da mesma mesa onde se deu a primeira psicografia, assistidos por outros colaboradores, para atenderem as pessoas que procuravam receber as mensagens do infinito.
Durante uma das reuniões, ao receber as mensagens escritas nas folhas de papel e direcionadas aos que assistiam e pediam comunicação, Assis se surpreendeu com uma delas dirigidas diretamente a ele. Era da sua mãe. Ela afirmava se sentir feliz e grata por perceber o quanto que o seu filho era importante para os outros  que necessitavam de sua ajuda.
Assis se emocionou com essa mensagem, que terminava:
"você, meu filho, tem muito ainda por fazer para ajudar os que necessitam da sua ajuda. Você veio para ser mais um e Jesus será sempre o seu condutor e lhe ensinará para que você oriente e estenda  as suas mãos a quem precisar do seu auxilio. Não poderei mais me comunicar com você porque o Pai já me indicou para outros trabalhos. Ficarei com a esperança de um dia nos encontrarmos para sempre. Deus lhe abençoe."
Assis sentiu o seu coração bater mais rápido e uma lágrima saiu de um dos seus olhos e percorreu a sua face como um sinal de despedida.
Com o passar do tempo, o grupo que trabalhava com Assis nas sessões psicográficas resolveu ampliar as sua atividades espirituais, e se transformou num grande centro espiritual com unidades  em algumas cidades, onde além das mensagens psicografadas atendia às mais diversas atividades e obras de assistência social e filantrópicas.
Assis nunca aceitou receber qualquer coisa como  pagamento pelo seu trabalho espiritual e ficava zangado quando isso lhe era oferecido e explicava:
"Quem faz é Jesus, não sou eu. Quem psicografa é uma alma e não sou eu. A minha função é apenas escrever o que  ela manda. Sou feliz por Jesus ter me escolhido para essa função.  Todos nós temos que agradecer e pedir ao Pai o perdão pelas nossas culpas e pecados e agradecer as Suas bençãos, para que possamos continuar a amá-lo  cada vez mais sobre todas as coisas. Amém"
Em nosso universo existem outros Assis que trabalham e ajudam ao próximo em ações psicográficas que emocionam a todos. Precisamos nos aproximar deles, para que o espaço infinito seja cada vez menor e, com isso, a união espiritual seja maior e a paz entre todos nós seja ainda maior.
Que Deus e o seu filho Jesus abençoem os nossos Assis e façam deles os instrumentos da paz e do amor ao próximo.


O autor é educador,escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com






Nenhum comentário:

Postar um comentário