quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PROCEDIMENTO

                                                Aldo Zottarelli Junior

Palavra estranha esta que serve de título para estas notas.
Eu me lembro de tê-la ouvido, quando eu era um jovem metido a besta, ao enfrentar uma entrevista na busca do primeiro emprego.
- De acordo com o procedimento desta empresa, você será informado, através do correio. Boa tarde!
Confesso que a primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi buscar no "Aurélio"o que significava a palavra procedimento. Encontrei:
Procedimento. 1.Ato ou efeito de proceder. 2. V. comportamento. Verifiquei o que seria esse tal efeito do ato de proceder. Ali estava escrito: "1. Originar-se. 2. Provir, descender. 3. Instaurar processo. 4. Levar a efeito; executar. 5. Comportar-se. 6. Ter fundamento." 
Pô meu! Êta palavrinha mais porreta. Ela serve para tudo.
Estou aguardando até hoje, 50 anos depois, a resposta do "cara"que me entrevistou e que pelo "procedimento da empresa" mandaria o resultado através do correio. Vou esperar até quando?
Posso declarar que ouvi outras vezes a expressão "procedimento da empresa" como uma espécie de saída ou fuga de quem ficava sem saber ou ter que explicar qualquer assunto.
Cresci e  o uso da palavra procedimento cresceu também.
Hoje, ela é explorada em todos os sentidos constantes nos seus significados impressos no dicionário. Ou seja, ela serve para tudo.
Recentemente, fui internado num hospital da Unimed para uma cirurgia onde seria usado um grampeador cirúrgico e uma carga de grampos. Está lá, no pedido do médico. Como o nosocômio não tinha o tal do grampeador cirúrgico, a diretoria adquiriu oito unidades e quatro cargas. 
Repito: para a minha cirurgia seriam usados apenas um grampeador e uma carga de grampos.  Suficientemente, suficientes!.
-E daí? - perguntei para a funcionária.
- O senhor terá que pagar o total da compra que o hospital fez.
- Mas como? O meu cirurgião vai usar apenas um grampeador e eu pagarei oito grampeadores? Isso é um disparate.
- Sinto muito. Mas é o procedimento da empresa.
Topo com o Eulálio, amigo de velhas aventuras, e comento esse absurdo vivido dentro do hospital da Unimed. Ele me disse que as reclamações são uma constante e  ninguém faz nada para corrigí-las, porque médico não é administrador de coisa alguma e Unimed é uma cooperativa de serviços de administração dirigidas por médicos e emendou:
- Corrigir por quê?
Fiquei pensando na reação desse meu amigo e tentei transportar o meu problema à nível nacional e entendi porque num país, como o Brasil, fatos como esse ocorrido no hospital da Unimed são comuns e tudo fica como está porque ninguém enfrenta, "cara a cara", qualquer procedimento empresarial. É uma espécie de fato consumado que  passou a ser normal no cotidiano das nossas vidas.
Daí, vem o desafio: quem não concordar com esse meu procedimento que apresente um procedimento melhor.
Tenho dito e feito!

O autor é educador, escritor e músico.
e mail. aldozottarellijunior@gmail.com


domingo, 17 de novembro de 2013

A LIÇÃO DAS FORMIGAS

                        Aldo Zottarelli Júnior

Li, não sei aonde e passo para frente: "Só os fracos serão fracos para sempre".
Confesso que não entendi, porque se somos racionais, é bem possível ser fraco hoje e forte amanhã. Não é? Pois é!
Eu, pelo menos jamais me considerei um fraco e talvez por isso a minha vida eu sempre levei com lutas vencedoras e vencidas sem deixa-la me levar.
"Deixa a vida me levar, vida leva eu. . ." não é comigo, não!
Zeca Pagodinho que me perdoe, mas essa música só "pega" bem se você estiver cantando, alegremente embriagado e segurando um copo de cerveja nas mãos, sendo na maioria das vezes, acompanhado com outros da mesma "laia."
"A luta continua", diriam aqueles que pretendem alcançar algo mais para o seu futuro e têm razão em afirmar que tudo deve continuar na busca de uma solução com uma expressiva vitória.
Quem pensa assim jamais será um fraco porque iniciou um caminho profícuo em direção ao que ambiciona alcançar, com  certeza!
Agora, vejo formigas caminhando, em fila indiana, na busca de alimentos ou qualquer coisa mais que possa trazer felicidade à sua comunidade. Sim, porque nenhuma formiga pensa somente para si. Ela pensa na sua turma, ou seja, na sua comunidade que, por sua vez, somente conseguirá manter-se viva se estiver unida e com os mesmos objetivos sociais. 
Diferente de nós, humanos, que somente pensamos em nós mesmos e ficamos cantando "deixa a vida me levar. . ." esperando acontecer. Que coisa! 
Como somos diferentes uns dos outros, acabamos pensando em conquistas "pessoais" e, com isso, a nossa sociedade vai para o escambau. E vai mesmo. Alguém duvida?
Não seria fácil tentarmos imitar as formigas porque elas jamais se cansam de perseguir o que for necessário para as suas vidas, sem deixar que  essa vida as leve para onde quiser. Tente colocar algum obstáculo no caminho das andantes formigas enfileiradas e, em poucos segundos, elas encontrarão uma saída para a continuação da sua jornada de vida.
Todas falam e pensam em conjunto e ser respeitam demais. Se cumprimentam, educadamente, ao cruzarem umas com as outras e balançam as suas cabecinhas como um sinal de respeito.
Diferente de nós, humanos e "racionais" que além de não nos importarmos com os nossos semelhantes, deixamos, acima de tudo, as regras da boa conduta e da boa educação simplesmente desaparecidas. Se elas existem entre os humanos, devem estar inoperantes ou desaparecidas. As lições desse tipo de conduta social foram esquecidas pelas família e pelas escolas. Não é?
Respeitar os mais velhos e nos ajudarmos mutuamente seriam as primeiras regras que, infelizmente, trocamos pela indiferença da letra musical do "deixa a vida me levar, vida leva eu. . ." 
Até quando isso continuará sendo a nossa realidade?
Até que a palavra "vida", na canção, seja substituída pela "morte".
Bem, aí ninguém irá cantar.
Com certeza. 

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: www.aldozottarellijunior@gmail.com 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CONSCIÊNCIA

                                      Aldo Zottarelli Júnior

Insinuante e excepcional!
O que seria isso, meu Deus?
Foram duas expressões que ouvi, depois que alguém leu uma frase afirmando que nela havia um certo efeito de consciência.
Efeito de consciência?  O que é isso?
Engraçado como levamos a vida ou como vida nos leva. Uma não tem a nada a ver com a outra. É apenas uma conduta de saber levar e trazer. No final, elas se entendem.
Quantas vezes voltamos para as nossas casas com esse problema, depois de uma conversa entre amigos. Pois é aqui que poderá morar o perigo. 
Dependendo do efeito ocasionado pela tal conversa é possível que possa surgir, como consequência, o acoplamento de alguma doença de origem misteriosa. Um câncer, por exemplo. 
- Como um câncer? - perguntou Bonifácio, ao saber do assunto.
- É fácil. - respondeu-lhe o Jair e foi assumindo o assunto: "Dentro das nossas cabeças está a maior invenção do mundo, recebendo o nome de consciência. Essa "coisa", difícil de ser explicada, contém na sua composição, a única fórmula com o poder de alterar tudo que estiver à sua frente, para melhor ou pior. O arrependimento de não ter falado o que deveria ou por ter falado demais na conversa com os amigos seria um exemplo. E isso vai minando qualquer cabeça. A pessoa entre em "down" e o seu corpo fica vulnerável às doenças. Só o tempo ensinará como entender e aceitar essa verdade." Em tempo, o Jair é doutor em antropologia. Não preciso dizer mais nada. Foi ele que afirmou que a
força da consciência é imensurável. Tem um poder impressionante e traz a percepção correta daquilo que teremos de reconhecer que seja certo ou errado, mesmo que imposto pela sociedade, a principal indicadora das nossas ações. Assim, manejados pela consciência, vamos alterando tudo que vemos, percebemos, sentimos e ouvimos e que estão ao nosso lado. 
Essas ações nos mostram a imagem da realidade que, na maioria das vezes, não queremos que seja assim. Mas é! Daí acreditamos que nossa consciência é quem cria e conduz os nossos atos.
Para se chegar  a essa conclusão, é necessário também que se entenda que o cometimento dos nossos atos demonstra os frutos nascidos em nós, graças às nossas reações conscientes.
Não é fácil explicar o verdadeiro valor da consciência de cada um porque cada um tem a sua como um produto estritamente particular. "É impossível", diriam os especialistas nesse tipo de assunto. Mas poderá ficar fácil, se cada um de nós tiver a consciência de perceber e aceitar que todos os nossos atos são somente nossos, de mais ninguém, e por eles poderemos pagar caro ou não.
 Trata-se apenas da escolha ponderada e firme de um ato consciente certo.

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.comr