quinta-feira, 8 de setembro de 2011

COM CAIPIRA MINEIRO NÃO SE BRINCA

COM CAIPIRA MINEIRO NÃO SE BRINCA

Estava viajando por uma  estrada vicinal e de terra no estado de Minas Gerais.
A vista era deslumbrante com montanhas e serras maravilhosas,  onde são encontradas  casinhas com fumaça saindo pelas  chaminés e algumas vaquinhas pastando na imensidão do verde dos gramados mineiros.
Entendi, naquele momento, como deve ser gostoso ser um caipira daquelas bandas.  Aliás, caipira significa alguém simples e inteligente e, ao mesmo tempo, um amante da natureza de onde vive e gosta de ser um grande contador de "causos". Penso que o mineiro do interior se identifica, e muito, com a figura do caipira. 
De repente, naquela estrada, encontro  um mineirinho de cócoras e a sua frente uma vaquinha branca. Resolvi brincar com o caboclo e lhe pergunto: 
Bom dia.Você sabe que horas são?
- Espera que eu vou ver. 
Com a sua mão direita pega no ubre da vaca e balança pra lá e pra cá  e me deu a sua resposta:
- São onze horas, moço.
Eu olhei para o meu relógio de pulso e conferi a sua resposta. Certíssima!  Agradeci e continuei a minha viagem. 
Aquela imagem do caboclo segurando as tetas de uma vaquinha e me dando a informação sobre a hora correta me deixou intrigado.
Parei o meu carro. Voltei ao local onde o mineirinho estava e lhe perguntei qual era o segredo em balançar as tetas da vaca e falar corretamente o horário. Daí, ele me responde: 
- Não tem segredo, não, seu moço. É que quando balanço as tetas da minha vaca eu consigo ver o relógio da torre da igreja lá da vila que está atrás do sinhô.
Imediatamente olhei para trás e vi a vila, a igreja e o relógio. Agradeci ao caboclo e percebi a besteira que fiz em querer tirar um sarro daquela figura simples e simpática.
Aproveitei e almocei num pequeno restaurante daquela vila. Pedi comida caseira, claro! A comida mineira é boa, gostosa e fica melhor ainda quando  servida num local como aquele. Aconchegante.
Após o almoço segui viagem.
Agora, vejo um jovem mineiro  sentado  à beira da estrada. Não entendi bem o que ele estava fazendo sem calças segurando uma grande abóbora no colo.   Parei o fusca e perguntei:  
- O que você está fazendo sem calças e com essa abóbora no colo?
O jovem olhou para a abóbora e me disse: 
- Desculpe moço. Foi a Cinderela que me enganou outra vez e se transformou em abóbora. Viu?
Confesso que dei uma gargalhada enquanto  o mineiro, sorrindo, jogava a abóbora de lado e vestia rápidamente as suas calças.
Continuei o meu caminho, reconhecendo o óbvio. Com caipira mineiro não se brinca e nem se tira sarro.
Não é mesmo? 

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