Sete horas de la matina, desta quinta feira de março.
É bom ouvir Glen Gray Orchestra |
Frente a frente ao meu computador, escolho uma das 500 mil músicas gravadas e nele arquivadas. Ao escolher, entro no espaço de uma Big Band, cujo nome é Glen Gray and The Casa Loma Orchestra , muito famosa e deixo as músicas invadirem o local.
Trabalhar ao som de orquestras famosas como Glenn Muller, Benny Goodman, Les Elgart, Count Basie, Maynard Ferguson e outros, me faz reconhecer em Glen Gray um verdadeiro maestro e arranjador de primeira linha das músicas que mexem e remexem com o meu passado. De cara, estou ouvindo I can't stop loving you totalmente instrumental e me lembro de Ray Charles.
Tento comparar o som que estou ouvindo com o novo som que se ouve em todo o planeta e chego a conclusão que os jovens ,de hoje em dia, não chegarão, jamais, a terem em suas veias o sentimento musical e rítmico de antigamente.
Glenn Muller |
Ao bater os pés e balançar o corpo individualmente dentro de um compasso binário ou quaternário, mantido a uma altura incoveniente pelos instrumentos de bateria, os dançarinos modernos acabam batendo palmas ( se o copo seguro numa das mãos não impedir) e arriscar alguns passos para a direita ou para a esquerda sem sair do lugar e o pior, sem ter um parceiro ou parceira abraçado. É a dança do eu sózinho. Bacana mas não foi para isso que a música dançante foi inventada.
De repente, Moonlight Serenade surge do nada e me leva ao mundo romântico da minha juventude. Quanta diferença com o mundo atual.
Balada - o baile moderno |
Se antigamente, uma conquista começava com o cavalheiro indo até onde se encontrava a garota mais bela do baile e a convidava para dançar, ao som da orquestra que iniciava os primeiros acordes do maior sucesso de Glenn Muller, hoje tudo é feito do improviso entre pessoas, no meio do salão, numa espécie de balada, sob a batida infernal e carregada de decibéis adoidados, onde o caçador vai em busca da sua caça, sem qualquer romantismo. Caminha, balançando o seu corpo desengoçado e requebrante em direção de quem estiver mais perto. Ela percebe e continua a balançar o seu corpo com movimentos até eróticos, sem deixar o copo com a bebida estimulante e manda aquele olhar sexualmente fuzilante. Dai em diante, ambos começam a balançar seus corpos, um para o outro, sem abraços ou estímulos de uma conquista romântica(?) e, em alguns minutos os beijos na boca aparecem não se sabe de onde. Subitamente, o casal se separa. Tudo acabado! Um vai para um lado e o outro para outro lado. No ar, o barulho ensurdecedor das batidas fortes da bateria não para nem para respirar. Em seguida, ambos já formaram com os seus novos pares e os beijos. . . recomeçam. No final da noite, vem a contagem dos beijos que cada um ganhou ou deu para ver quem beijou mais. Pode ser que, na formação dos pares, ao final da noite, apareça a famosa expressão " ficou ", terminando com os amassos dentro de um veículo ou num quarto de motel. Depois, fica tudo como estava. Será que é isso mesmo? My God, diria a mulher do Tio Sam. Só ela?
Claro que muitos desses encontros se transformaram até em casamentos perfeitos e muitas famílias foram formadas a partir daí. O amor tem dessas coisas.
Nat King Cole |
Tenderly na voz de Nat King Cole pede passagem e eu lhe dou, sorrindo. O ambiente fica mais agradável neste local onde estou.
Incrível como a modernidade de uma sociedade estipula novos valores que, se fossem praticados antigamente, seriam identificados como imorais e condenáveis. O inverso, entretanto, pode ser diferente. Tenham a certeza de que se Beguin the Beghine fosse programado, agora, muitos jovens iriam dançar saboreando o ritmo dessa melodia de Cole Porter, com alegria e prazer. O mesmo aconteceria com New York, New York ou My Way na voz do inesquecível Frank Sinatra ou I left my Heart in San Francisco com Tony Bennett.
Gosto não se discute mas o meio pode influenciá-lo. E como.
Ao narrar o que viu e ouviu num baile de formatura de uma famosa faculdade paulista, alguém ficou impressionado com os padrões comportamentais dos jovens num ambiente de festa de formatura. Primeiro, a orquestra não existiu! Somente um DJ famoso(?) mandou o que quis que os outros ouvissem ou se balançassem. Assim foi até o final do baile. Baile? Que baile? Mais parecia uma espécie de balada da noite paulistana. E só!
Lembrei-me que recentemente estive num baile de formandos, em Nova Iorque.
Na parte musical havia uma espécie de Big Band. Claro que ouvimos também alguns sons modernos da música jovem, porém quando a banda apresentava algum sucesso antigo de qualquer outra Big Band, o salão lotava e todos dançavam e se movimentavam como nos anos 50 e 60. Impressionante!
Ao comentar tudo isso com um amigo, que vive na Europa, ele me afirmou que por lá acontecia a mesma coisa que eu vi em Nova Iorque. Ué! Será que só no Brasil é diferente. Espero que não.
Etta James, inesqucivel. |
Ouço, neste momento, um maravilhoso sucesso de Etta James. Embraceable-you! A letra dessa canção, na voz da cantora, pede ao seu amor que a abrace e a ame. Apaixonante!
A beleza da boa música jamais será esquecida. Podem ser que as atuais preferências musicais sejam manipuladas pelo marketing explorador das gravadoras, shows, programas de TV e rádios mas, no final, somente as melhores e aquelas que adentraram a nossa alma permanecerão para sempre. É muito fácil lembrarmos das obras dos autores brasileiros dos últimos vinte anos e, com isso, iremos perceber que as musicas antigas são as mais lembradas e cantadas com sentimento e alegria. O sucesso recente do Seu te pego ai,ai. . . mesmo deixando alguns músicos e interpretes com muito dinheiro, logo logo, estará esquecido, com certeza!
Andrea Bocelli e Amapola |
O modernismo é bom mas é possível que alguns males ele possa produzir.
Agora, comecei a ouvir o som da orquestra de Count Basie. Contagiou-me e parei de escrever.Volto depois.
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Pronto! Voltei a mim e ouço uma voz maravilhosa interpretando o tema do filme "Era uma vez na América". Conhecem? Não?
É Amapola, de autor desconhecido, e voz maravilhosa é de Andrea Bocelli com acompanhamento de uma orquestra explêndida.
Bem. . . desculpem-me! Me desligo e fico por aqui.
Ta querendo me rejuvecer?? "puta" diferença, vc citar essas musicas, nos bailes de antanho, rsrs, e fora esses barulhos de bateria, é o pior vc não citou: FUNK. Vc imagina, na periferia o sucesso e "escutar" funk com som vindo dos autos. Tenebrosooooooooooooooo.
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