Bússula aconselhável |
Alberto sempre foi uma espécie de jovem-filósofo, desde os tempos de estudante colegial e, naquela época, ele sempre era consultado pelos colegas para ouvir a sua opinião sobre os mais variados assuntos. Da sua boca saiam palavras sinceras e com um conteúdo surpreendente.
Logo depois do abraço, nos sentamos num dos bancos do jardim central da minha cidade, e ficamos jogando conversa fora. Bem, na verdade, não era esse tipo de conversa, mas uma troca de informações sobre os caminhos percorridos por nós dois durante quase quarenta anos.
Ao me indagar o que eu pensava sobre o fracasso de alguém, tentei explicar, com as minhas palavras, e analisei o aspecto negativo que ela representava e que seria, acima de tudo, o fracasso em verso e prosa.
De repente, Alberto cortou a minha palavra e perguntou: "Você já imaginou o fracasso como um caminho para a oportunidade?"
Respondi que nunca havia pensado daquela maneira. Então, ele me deu uma aula sobre o assunto.
Dizia ele que "o fracasso não era e nunca seria uma derrota mas sim a véspera da chegada de uma nova oportunidade."
Vocês já pensaram, dessa maneira, sobre o fracasso?
As suas explicações eram fáceis de serem entendidas e despertavam uma curiosidade em perguntar se ele já havia enfrentado o fracasso. Claro que sim foi a sua resposta. Em seguida veio a sua explicação.
"Quando pensamos na palavra fracasso, vem em nossa mente algo relacionado a um declínio mental e físico. Mental porque, daquele momento em diante, sempre iremos sentir que somos um fracassado e fica difícil driblar essa postura do nosso raciocínio. Parece que o mundo desabou e que estamos ali de favor para levarmos muitas porradas ou críticas e desrespeitos, por nos considerarem fracassados. Daí, para o declínio físico é apenas um passo. Até o nosso caminhar fica mais lento e os exercícios diários ficam para depois, e assim, vamos caindo sem forças para levantarmos e voltarmos a caminhar. Achamos que a sociedade em que vivemos nos condenou ao esquecimento. Morremos e estamos enterrado."
Derrota leva ao declínio? |
Alberto continuou com as suas palavras sábias:
" O declínio mental e físico de uma pessoa não significa que ela tenha alcançado o ponto final do seu caminho de vida. Nada disso. Temos que analisar se do fracasso ou da derrota de alguém, produzindo o declínio da sua vida, não podemos transforma em abertura de algo mais positivo do que negativo."
Aquela afirmação me surpreendeu e lhe perguntei o que ele queria dizer com algo positivo?
Um sorriso malandro foi estampado no filósofo de minha juventude e veio a resposta:
"Veja você se no lugar de vermos uma derrota da nossa vida, começamos a procurar uma outra direção para a nossa caminhada?"
Confesso que jamais pensei ou pensaria daquela forma sobre a derrota, fracasso e declínio de alguém.
Olhei para o solo e ví algumas formigas caminhando em fila indiana a procura de alimentos para cada uma de suas famílias. Alberto viu o que eu estava vendo e continuou:
Exemplo das formigas. |
Confirmei que estava vendo muito bem aquele quadro.
"Você pensa que as formigas se consideram derrotadas ou em declínio?" perguntou-me Alberto. E ele mesmo acabou respondendo: "Olha lá, elas desviaram da pedra e abriram um novo caminho, uma nova direção para uma nova jornada."
Percebi a lição que havia recebido daquele amigo.
Realmente, a derrota deve ser excluída do dicionário daqueles que acreditam em sí e que tem em sua força o motivo para alcançar a vitória. Vitória, nada! Vitórias, porque para tudo sempre haverá um motivo para uma nova corrida. O declínio, que poderia vir com uma derrota, deve ser o incentivo para ativarmos ainda mais as nossas turbinas afim de nos aquecermos e partirmos para uma direção nova e melhor.
Até as pequenas formigas nos ensinam os caminhos certos e nós, os marmanjões, ainda não aprendemos essa lição de vida dada pelos pequeninos seres que não param de caminhar em busca das suas jornadas e da própria sobrevivência
Boa Alberto! Valeu a lição.
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