sábado, 18 de fevereiro de 2012

ÉPOCA DE CARNAVAL.

Saio outra vez, a procura daquela mulher. Faço isso todos os anos, na época de carnaval.
Vou beijar-te agora. . .
Ela deverá estar com o seu rosto coberto com uma máscara negra que ela gosta tanto de usar nos carnavais da vida. Prometo a mim  mesmo que se eu encontrá-la, lhe direi, cantando: "vou beijar-te agora, não me leve a mal, pois é carnaval"
Só que isso não poderá acontecer no interior de Minas Gerais ,porque beijo roubado por lá dá cadeia. Bem diferente da Bahia, onde todo mundo beija todo mundo, roubado seja o beijo ou não.
Saio pelo jardim da minha casa e vejo que uma das minhas jardineiras está diferente. Diria que ela esta triste de dar dó. E ela me conta que a sua" camélia que a enfeitava caiu e depois morreu". Confesso que fiquei triste também. Justamente a camélia que a Colombina tanto gostava e que de uma hora para outra, criou coragem, se acertou e sumiu com o Arlequim  deixando o Pierrot em prantos.Coitado!
Fui para as ruas de uma cidade pacata do interior de São Paulo, para viver o carnaval. Antes eu brincava nos salões dos clubes sociais até que as escolas de samba tomaram conta do pedaço e o carnaval de hoje se resume em assistir ao desfile que, maravilhosamente, elas apresentam na passarela do samba. Os salões. . . bem os salões acabaram ficando até esquecidos, e os  "mais de mil palhaços" deixaram de existir nesses locais.
Bandeira branca amor,não posso mais...
Estou agora sentado, pensativo, num degrau das arquibancadas montadas especialmente para abrigar o público que irá assistir a festa carnavalesca. Só e sem ninguém ao meu lado, levanto-me, pego um cabo de vassoura jogado às traças e prendo nele o meu lenço branco. Entro na passarela e ensaio uns passos do bloco "do eu sozinho" e canto, chorando: "bandeira branca amor, não posso mais, é a saudade que me invade,  eu. . . peço paz"
De repente alguém aparece. Cambaleando como se estivesse bêbado. E, estava mesmo! Perguntei porque ele se encontrava naquele estado e ele me respondeu que havia pensado "que cachaça era água"e viu que não era. Êpa, segura o homem que ele vai cair. Caiu! Fiquei sabendo que a bebedeira teve um motivo. O cara amava a Maria e queria ser o seu homem. Veio a decepção ao saber que ela, a sua Maria era " sapatão porque de dia era Maria e de noite era João."
Coisas de carnaval, pensei. Voltei a me sentar naquele degrau e fiquei em silêncio, sentindo o sol queimar o meu corpo. O mesmo sol que conheci quando, com amigos  "atravessamos o deserto do Sahara e ele estava tão quente que queimou a nossa cara"
Eis que surgem algumas pessoas fantasiadas formando um bloco carnavalesco.
Mais de mil palhaços no salão.
Estavam descontraídos,vestidos de palhaços e cantando. Seriam o que restou dos"mil palhaços do salão?  Aproveitei e perguntei a alguns se eles não tinham  visto uma mulher com uma máscara negra, andando pelas ruas da cidade. Respostas negativas! Continuei na minha solidão. Parece que carnaval não é mais para a minha idade. Lembrei-me do conselho que um idoso tentou dar à uma jovenzinha: "meu brotinho por favor não cresça, já és grande e sensual. Veja só que galharia seca está tomando conta do nosso carnaval"  A verdade dói mesmo. Velharia, nem com biquini de uma peça, porque muita coisa pode despencar. Daí, o carnaval poderá virar cena de crime contra a beleza.
Onde está a máscara negra?
O anoitecer chegou e olho para o céu. Estrelas e mais estrelas brilham de maneira intensa, principalmente a "Dalva que desponta e a Lua anda tonta com tamanho esplendor". Será que essa estrela não seria a mulher da máscara negra?
Não! Não era!
Pelo andar da carruagem, eu deverei ficar com a companhia das minhas loirinhas das latinhas geladas até quarta feira, quando o Rei Momo e as suas asseclas deixarem de reinar.
Então, vou procurar uma velha amiga, a Anália e convidá-la para ir comigo para Maracangalha, para matar a saudade da máscara negra.
"Se a Anália não quiser ir eu vou só, mas eu vou!"
Depois disso tudo, você iria também sem ter encontrado a máscara negra?.

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