Tenho a impressão de que este comentário irá dar" panos para mangas". Mas vou enfrentar.
Leio, num dos jornais da minha cidade, a publicação de um bate-papo entre jornalistas e radialistas sobre a obrigatoriedade da exigência do diploma de jornalista para que alguém possa exercer essa profissão.
Ao que tudo indica, o projeto está sendo discutido no parlamento brasileiro e logo teremos uma decisão sobre o assunto.
Engraçado que, há alguns anos, foram criados os cursos superiores de comunicação com destaque para o jornalismo. Após a graduação dos primeiros jornalistas, aparece, no cenário, a luta pela regulamentação da profissão e a exigência do canudo para se escrever até um pequeno artigo num jornal. Deu pane no vôo!
Foi um "pega pra capar" e a tal exigência ficou em pendência de uma nova regulamentação. Essa que está por aí caminhando pelas casas de leis de Brasilia.
Será interessante observar como numa pequena cidade do interior do nordeste ou do norte deste país poderá manter um jornal. Nem que seja mensal, mas se trata de um órgão da comunicação social de interesse dos seus moradores. Ou eles não têm o direito de serem informados sem ser através do jornal nacional da Globo?
Lembrei-me dos anos setenta, quando, conversando com o ministro da educação, Jarbas Passarinho, eu lhe perguntei como e quando sairia a regulamentação sobre a obrigatoriedade das escolas públicas brasileiras terem professores diplomados exercendo sua profissão?
A resposta veio rápida e rasteira. Ele me perguntou como eu faria para obrigar uma escola municipal de uma pequena cidade do nordeste ou do Pará a ter professoras formadas, se nem o segundo grau existe naquela cidade?
Pensei como qualquer brasileiro: somos um país dos contrastes. Eis aqui um dos maiores deles.
A discussão sobre a exigência de diploma de jornalismo para o exercício dessa profissão deverá ser sempre a mesma. Quem é jornalista formado e escreve ou fala em um órgão de imprensa num dos Estados mais desenvolvidos deste país, irá exigir tal obrigatoriedade que, em consequência, determinará os seus salários profissionais. É claro! E o restante do país como é que fica? Primeiro: será que haveria profissionais suficientes para o atendimentos dos jornais e rádios existentes no Brasil? Segundo: como os proprietários desses órgãos irão pagar os salários desses profissionais se a receita chega a ser negativa?
Aí aparece a voz de alguém inteligente e fala que há sempre colaboradores que escrevem nos jornais. Então para uns, que têm diploma, há salários obrigatórios e para os colaboradores, não! E as mensagens que algum leitor costuma fazer, como é que ficam? Esse leitor será considerado jornalista diplomado, colaborador interessado ou. . .mensageiro dignificado?
Alguma coisa está errada ou não? Os exemplos estão espalhado. Teremos órgãos de imprensa, localizados no sudeste e sul do pais e em algumas capitais do nordeste, com os seus jornalistas diplomados - até por faculdades de "porta de jornal" - e, no restante do país, teremos os jornais dos colaboradores e mensageiros. Como é que fica a responsabilidade jornalística exigível desses jornais? Ou não serão considerados jornais? É ou não é o fim da picada?
Pois é! Do jeito como a coisa está sendo colocada, é bem possível que, logo-logo para escrever um livro, não importando o assunto, deverá ser exigido o diploma de escritor. Para isso, é só criarmos um curso superior de escritor. Ou ainda, para ser deputado existiria algum curso superior para essa profissão? Bem aí a coisa pega. É a tal da "pimenta nos fundilhos dos outros é refresco" para nós.
O Brasil virou, de uns tempos para cá, o país dos cursos superiores. Hoje os temos para tudo? E nem há obrigatoriedade de presença. Chuta-se à distância! Foi o melhor que aconteceu, segundo os estudantes. Até para cozinhar, temos curso superior à distância. E pensar que a comidinha caseira da mamãe sempre foi maravilhosa e ela nunca precisou ser diplomada em culinária. É bem possível que apareçam os diplomados desse curso impedindo as mamães de cozinharem para a família.
Voltando ao assunto jornalismo, a regulamentação final está próxima com a obrigatoriedade ou não do curso de comunicação aos que pretendem ser jornalistas. É questão de pouco tempo de espera, ainda!
Bem, vamos em frente que atrás vem gente. Perguntamos e responda quem souber.
Se um jornal ou uma emissora de rádio ou de TV faturam alto para pagar os seus profissionais e ganham um lucro razoável, além de responderem por tudo que acontece nessa empresa jornalística, não seriam eles, seus proprietários e diretores, os que deveriam ter diploma de cursos superior de comunicação? Ou estou enganado?
Calma! Há uma saída. É fácil! Dá-se uns trocados a algum profissional registrado como jornalista - até sem diploma(?) - no Ministério do Trabalho, para responder pelas matérias publicadas e imprime-se o jornal. Mas a responsabilidade pelo jornal, como um todo, continuará sendo do(s) proprietário(s).
Um artigo da nova lei da regulamentação de profissão de jornalista ou da obrigatoriedade de cursar Comunicação Social a nível superior, poderia tratar desse assunto. Ou não?
Aí, não teríamos, em momento ou espaço algum, um debate sobre a regulamentação da profissão de jornalista. Seria o silêncio dos inocentes.
Não é mesmo?
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