Os bancos no Brasil voltaram a funcionar e as suas agências, felizes, abriram as suas portas que foram fechada pelos grevistas, em busca de melhores salários. Não sei o quando foi negociado. Não deve ter sido muita coisa, porque as agências da Caixa Federal continuam fechadas, em virtude dos seus funcionários não concordaram com o final das negociações com os banqueiros.
Entro numa agencia do Banco do Brasil e brinco com os funcionários dizendo que as suas férias acabaram ontem. Claro que a reação foi negativa: " O senhor não sabe como trabalhamos nesses dias de greve", me diz um dos gerentes daquela agência.
Sorri para ele e fiquei pensando sobre se as suas palavras foram sinceras ou não porque eu estava sentado à frente de uma das mesas da gerência e sobre ela havia um computador. Não me contive e dei-lhe a resposta, apontando para os computadores sobre
as mesas da agência afirmando que, com essa tecnologia toda de primeira linha, não deve ter sobrado muita coisa para os braços e cabeças dos gerentes e funcionários daquela agência.E pensei alto: "vocês trabalharam no quê?"
Veio a resposta: " Tudo seria ótimo, se esses computadores não saíssem tanto da Rede e ficassem fora do sistema, deixando todos nós desesperados sem nada produzirmos."
Entendi a colocação daquele gerente e acabei concordando com ele porque essa falha de Rede está em todos os lugares. Uns dizem que é da Internet e outros dizem que é falha direta da central da Rede. Podem ter a certeza de que é para se comprar mais alguma coisa dos que exploram a cibernética brasileira.
Acreditar em quem?
Um professor me disse que se você não tiver resposta direta a dar a uma pergunta que lhe deixa sem saída, diga que é falha da Rede, que ela saiu do ar, etc. O ouvinte vai entender e irá ficar do seu lado e criticar os diretores do Banco por tal falha. Pode ter certeza dessa afirmação.
Aliás, jogar a culpa nos outros, passou a ser uma grande saída para quem não quer se comprometer a explicar os erros cometidos.
Vale para todos os setores, sejam eles no comércio, nos serviços, na indústria, na agricultura, no esporte,etc.
Nós, brasileiros, somos doutores e gostamos e gozamos ao jogar a culpa nos outros por alguma falha que cometemos. Faz parte da nossa inteligência matreira ou malandra.
Dizem que depois dos uruguaios, os brasileiros são inconfiáveis porque querem levar vantagem em tudo e para conseguir isso, usam de artifícios ou artimanhas diversas.
Alguém duvida?
Você mesmo já não tentou " passar a perna" em alguém que lhe cobrou algo errado que você tenha cometido?
Pois é. Você acabou de lembrar a "passada de perna" dada em outra pessoa. É ou não é?
Pois é, nos somos assim, não somos? Será difícil de mudarmos porque herdamos do pessoal que veio direto de Portugal a caminho das Índias em três naus: Santa Maria, Pinta e Nina, lá pelos anos de 1500. Seria coisa de português? Não sei, mas quem sabe. Levante as mão quem sabe, por favor.
NInguém levantou, não é? Pois é!
Essa história de querer levar vantagem em tudo ou um pouco mais, me faz lembra de um caso que aconteceu com um velho animador de TV.
Por ser um corintiano fanático, o falecido e querido Vicente Leporace, tinha uma explicação em seu programa para crianças, na antiga TV Record dos Machado de Carvalho. Dizia ele. ao querer explicar alguma derrota do seu clube de coração que "nem sempre os melhores vencem" Bela desculpa e, ao mesmo tempo, incômoda para quem pretendia tirar aquele homem do sério. A sua resposta era incontestável. Ela era um brincalhão e politicamente gostava do velho e antigo ex-governador paulista, Adhemar de Barros. Para tudo ele tinha uma saída e, quando não tinha, convidava o autor da pergunta para tomar um Seleto, ou seja, um cafezinho Seleto, para depois voltarem a conversar. Nesse "breake" de tempo, Leporace articulava consigo mesmo uma saída vitoriosa para aquela situação. Êta homem inteligente e rápido! Se os nossos políticos tivessem a honestidade, a seriedade e a rapidez na conduta de seus trabalhos, como tinha o Vicente Leporace, as coisas seriam melhores neste Brasil.
"Mas vamos em frente que atrás vem gente". Não sei de quem é essa frase que nos dá um significado de vida em sociedade, diferente dos outros povos de nações mais desenvolvidas.
Eu explico: cada pessoa tem o seu quadrado para se fixar, pintar e curtir, à sua maneira, o seu estado de vida. devendo, no entanto, respeitar sempre o quadrado dos outros. Não é? Aqui, em solo brasileiro, é diferente. Acostumamos a sairmos do nosso quadrado para atrapalhar o quadrado dos outros porque não admitimos concorrência. Sabem lá o que é isso? Claro que sabemos. Somos brasileiros de ferro e fogão. Nós somos nós e estamos conversados. Que se danem os outros que querem e podem nos passar para trás, se dormirmos no ponto.
Assim, reclamando de tudo e de todos, vamos vivendo e deixando de olhar no espelho para ver como estamos bem ou mal vestidos, como mudamos os nossos gestos e caretas ou como o nosso rosto está envelhecendo e perdendo a beleza que até aquele momento cultivamos, com unhas e dentes. Sabem por quê? Porque nos somos nós, cara! Será que somos? Se não concordamos, acabamos colocando a culpa nos outros ou em alguma outra coisa, para justificarmos os erros que cometemos. Durante muitos anos isso era bastante procurado e feito com certa difículdade, mas fazíamos. Agora, com o avanço da tecnologia computadorizada, ficou mais fácil. É só fecharmos os olhos, respirarmos fundo e exclamarmos um "Oh" e, em seguida, completarmos: "Deu pau. A Rede saiu do ar. Estamos fora do Sistema!"
Aí, eu completo: " Êta saída de mestre!"
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