terça-feira, 11 de setembro de 2012

DUAS MULHERES, DOIS DESTINOS.

Ainda é terça feira e eu assisto no canal VIVA, um capítulo do SAI DE BAIXO, que aconteceu há mais de dez anos, mostrando o que uma verdadeira estrela do teatro brasileiro é capaz de fazer num palco. 
No noticiário político, ouço que outra mulher, hoje senadora da Republica, assumiu a pasta da Cultura do governo federal. 
Dois fatos diferentes e interpretados por essas duas mulheres, também bastante diferentes.
Uma delas, oriunda de uma família pobre do interior e a outra oriunda de uma família rica da capital paulista.
Uma estudou em um colégio público e ainda criança se apaixonou por um artista de circo que se apresentava em sua cidade e simplesmente largou tudo que tinha, e que era pouco, se mandando com o amor da sua vida de adolescente. O circo e o amor falaram mais alto.
A outra estudou num colégio da classe nobre paulistana e acabou se casando com um descendente de uma das famílias mais tradicionais  e ricas da capital paulista.
A "caipira", em pouco tempo, acabou aprendendo "na marra" a arte de interpretar no palco de um circo porque o seu amor a abandonou sozinha e com medo da solidão. Era necessário trabalhar para sobreviver. Foi o que ela fez tornando-se uma excelente artista teatral. Somente ela sabia como o trabalho era importante para a sua sobrevivência. Ela sobreviveu e ensinou muita gente. 
A "riquinha", ao terminar um curso universitário conseguiu, graças a influência  da família do marido, apresentar um programa com o consultor de moda Clodovil, onde ela comentava sobre sexo. E gostava do que fazia. Como era muito bonita, fez sucesso com as declarações sobre o comportamento sexual dos brasileiros. 
Cada uma delas cresceu e foi no trabalho que alcançaram o brilho das suas estrelas.
A artista teatral revolucionou a maneira da interpretação teatral, onde o seu linguajar chulo  era, ao mesmo tempo, censurado e elogiado porque era inovador. Ninguém poderia acreditar que aquela mulher pudesse falar besteiras, fazer caretas e gritar palavrões, antes não permitidos e que  fizeram dessa criatura, com o tempo, o maior ícone feminino do teatro brasileiro. Ela era demais e sempre aplaudida em pé pelo público que admirava e a. . . amava.
A outra, por influência do seu marido que era político, aproveitou a sua popularidade ganha com o sexo na TV e acabou entrando para a política. E nessa área ficou muito conhecida, e como.
Derci, esse era o nome da "caipira" e Gonçalves era o seu sobrenome. Ela continuou o seu trabalho revolucionário no teatro nacional e, com isso, a sua popularidade cresceu de tal maneira que só em  citar o seu nome, o público já sabia que a peça em que ela se apresentava e interpretava  qualquer personagem já seria um sucesso.
A que se tornou política, se desfez do seu casamento, mas manteve em sua mansão o marido - dizem que traído - e o seu amante, um notável aproveitador "hermano" argentino. Que coisa, não é?
Em seguida, conseguiu sucesso e se elegeu prefeita de São Paulo. Mesmo sendo de família rica, o dinheiro continuava a ser um dos seus mais ambiciosos objetivos.
- Era essa tal de Marta que duas ou três vezes por ano se deslocava para a França?-  me perguntou o Zé Gatilho, um amigo e infância.
- Sim, eu lhe respondi
- É dando que se recebe. Ela deu no que deu e recebeu bastante por isso.- alfinetou o Zé.
Não levanto suspeitas e nem quero que pensem algo semelhante a isso. Mas é de se matutar como alguém, com um passado vivido no meio da sociedade nobre de São Paulo possa, um dia, tornar-se uma figura política pelo partido dos trabalhadores. Tem "bosta"de cabrito nessa história. Não tem?  
No noticiário, vejo que Marta assumiu o Ministério da Cultura. 
Pois é. Derci era artista teatral e a eterna representante do novo teatro brasileiro. Infelizmente ela já morreu, mas a Marta jamais foi pessoa voltada à cultura nacional. Porém em política tudo é válido. A Dilma que explique essa ordem dada à ela pelo  ex-presidente Lula.
Lembro-me que lá pelos idos de 1970, eu ouvia, na platéia, o voto de um conselheiro relator do Conselho Federal de Educação, em Brasília, ao apreciar o corpo docente de um curso superior de teatro. Ele vetou o nome de Derci Gonçalves, porque ela não tinha cursado alguma faculdade ou curso superior e, assim, não poderia lecionar no curso que estava sendo relatado naquela ocasião. Se ela não podia lecionar,quem é que poderia estar no seu lugar? Todos os demais conselheiros ficaram pasmos, surdos e mudos ao perceberem o grande furo que a lei da época mandava que eles a cumprisse.
impedir que a ícone do teatro brasileiro pudesse transmitir os seus ensinamentos teatrais modernos aos jovens universitários foi um tiro no pé dos membros daquele Conselho.
A coisa poderia ser resolvida com um certo bom senso e coragem. Era só sugerir à entidade mantenedora do curso que estava sendo relatado que outorgasse à  Derci o diploma de "honoris causa", o que não exigiria o porte de qualquer diploma ou certificado para lecionar a arte teatral, mas apenas demonstrar conhecimentos e prática para ensinar os dons teatrais que circulavam em suas veias. Esqueceram-se disso!
Assim foram e são essas duas mulheres. 
Uma defensora da arte teatral e já falecida com as homenagens recebidas diante de seu túmulo, no cemitério da cidade onde nasceu, enquanto que a outra, andando pelos  caminhos políticos e sujos e quase sempre tortuosos mas benéficos para com os próprios bolsos, desvirtuando o seu comportamento pessoal que poderá ser sério mas não é, porque o seu partido, o dos trabalhadores não pensa assim.
E quem manda é sempre ele, o partido político que a nomeou com as mão da presidente Dilma. 
E, aqui vai a pergunta que não quer calar: Dessas duas mulheres, qual delas você escolheria para ser um exemplo de vida a ser seguido?

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