O encontro foi inevitável.
"Olá. Como vai?"
A pergunta faz parte do encontro.
Interessante como todo mundo quer saber da vida de todo mundo. Essa pergunta prova que todos estão mais preocupados com a vida dos outros do que com a própria vida. Por quê outros querem saber como eu vou?
A minha resposta poderia ser interpretada como a de uma pessoa mal educada, se fosse assim:
"Por quê você quer saber como eu vou? Você não tem nada a ver com a minha vida, pô. Não lhe devo qualquer satisfação e nem tenho a obrigação de lhe contar como estou. Tá bem?"
Mesmo brincando, se você der uma resposta como essa a quem lhe perguntou, pode ter a certeza de que a pessoa irá ficar surpresa, muda e a roxa da vida.
Outras expressões são, de costume, utilizadas entre nós. Por isso, as respostas também são sempre as mesmas.
Aliás, em todos os recantos deste planeta, as palavras saem e voltam sem querer.
O "oi"que o jovem usa para cumprimentar outro jovem tem o retorno semelhante e imediato: "oi". Se aparecem outros jovens, os "ois"se multiplicam entre todos. É um tal de "oi"pra cá e "oi"pra lá.
O jovem vive no mundo dos "ois". Se faltar o "oi" parece que falta tudo para ele.
Entre os adultos, o buraco é mais embaixo. O "oi" existe com outro significado. Para alguns esse cumprimento lhe é correspondido com o aumento do "oi" Se este insiste em permanecer flácido, murcho, dorminhoco e sem qualquer reação, a sensação é de que o "oi" morreu ou desistiu de lutar, para a infelicidade de muitos que ainda sonhavam em vencer essa "guerra".
Vamos em frente.
Os cumprimentos significativos como "bom dia", que diz respeito somente para a manhã; "boa tarde" para a tarde ou "boa noite"para a noite limitam os desejos de uma pessoa para outra. Só é válido para aquela parte do dia ou da noite. Perceberam isso?
Entretanto tais expressões estão sendo condensadas, em vista de seu uso constante. Podem experimentar.
O "bom dia", tornou-se "diaaaaaa!" O "boa tarde, ficou com "taaardeeee! O boa noite se transformou em "noiiteeee!"
Não seria melhor adotarmos o "oi"para tudo. Além de jovem, ficaria mais "bacana".
Não me perguntem o que significa "ficar mais bacana"que eu não saberei responder. Dizem que "bacana" significa muita coisa, dependendo de quem diz ou de quem ouve. Será?
Voltando ao inicio do encontro inevitável(?), chega o momento da despedida.
"Foi ótimo te encontrar. Eu já estava com saudades. Apareça lá em minha casa. Ok?"
O número três pode significar muito para a humanidade. Mas aqui, ele determina três mentiras. A primeira: "foi ótimo te encontrar". Sem comentários, porque essa mentira pega. A segunda: "estava com saudades". Deu para sentir um chute no saco. E a terceira: "apareça lá em casa".
(Não apareça, não! - diz a consciência de qualquer um)
Mentiras iguais a essas três somente a do Lula que, ao ser perguntado sobre alguns atos negativos do seu governo, respondia sempre, com a maior cara de pau : "Eu não sabia".
Se o presidente mentia ao dizer que não sabia, por quê é que mesmo sabendo, não podemos mentir também.
Pelo menos uma vez por dia.
Não é mesmo.
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