terça-feira, 22 de outubro de 2013

DEBAIXO DOS CARACÓIS. . .

Então, o rei e o seu parceiro permanente escreveram: "um dia vou ver você chegando, pisando a areia branca que é o seu paraíso."
E o Caetano voltou com os caracóis nos seus cabelos e feliz, depois de ter ficado longe da sua Bahia. A anistia lhe permitiu isso.
Engraçado como as coisas acontecem nesse vai e volta de todos nós.
Naqueles anos, os artistas e intelectuais, dentro de seus suntuosos apartamentos de frente para as praias do Rio, comendo e bebendo do melhor, pregavam o comunismo brasileiro que eles disfarçavam chamando de "socialismo verde-amarelo". Tinham ódio da censura, por isso, muitas de suas obras lançavam frases de protestos que permitiam ao governo militar a cortar a divulgação das suas músicas.  Sem contar com as prisões que levaram muitos a fugirem para o exterior. "Contra a censura" era a palavra de ordem.
Hoje, vivemos, se é que vivemos, numa democracia plena e ela permite que todo cidadão tenha o direito às informações, ao livre arbítrio e o de ir e vir livremente. Não há cesura. Esta escafedeu-se.
Pois bem. Aqueles que ontem, brigaram, xingaram e protestaram contra a censura das suas obras, pretendem, agora, que ficaram estrelas e astros famosos, censurar qualquer pesquisa ou biografia  publicada ou divulgada sobre a sua pessoa. 
Eis a regra: " O bônus é bom mas o ônus é ruim."
A Constituição garante os direitos e deveres de todos. No entanto, os censores se baseiam no artigo 20 do Código Civil que diz: 
". . .a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento  e sem prejuízo da indenização que couber, se atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade ou se destinarem a fins comerciais."
Portanto, somente a Justiça deverá se pronunciar a respeito, porque se de um lado a Constituição proíbe a censura, esse artigo do Código Civil permite. 
Está formado o  "imbroglio judicial". Será? Então porque é que os famosos não querem respeitar essas regras gerais?  Ora, se forem ofendidos, há a justiça para julgar quem os ofendeu por palavras faladas e escritas, extrapolando o direito de informar nas suas biografias. É isso aí. 
Também não é porque tenha alcançado a fama que um artista queira ter os seus direitos diferenciados dos demais brasileiros. Com explicar essa diferença?  Isso não existe e nem pode existir numa democracia, onde os direitos são iguais para todos, incluindo os políticos, com exceção dos envolvidos com o Mensalão. Não é?
Acho que tudo se concentra  debaixo dos caracóis dos cabelos de Caetano, voltando a pisar a areia branca do seu paraíso,como cantou o Rei.
Se esses aclamados artistas ou novos censores artísticos pensam assim, o que seria deste Brasil se o lado que eles defendiam em 1964 vencesse a tal revolução?
Nem pensar!

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