Aldo Zottarelli Júnior
Recebemos as notícias dos jornais, todos os dias.
Umas são agradáveis, enquanto outras nos deixam intrigados.
Gosto de tomar conhecimento do que está acontecendo pelo mundo e fico bastante interessado quando algum fato relata algo da minha cidade, principalmente quando se trata de uma boa notícia. Sou caipira e todo caipira gosta de ouvir alguma coisa sobre a sua cidade.
Entretanto, há algo, como a inveja, na cabeça daqueles que vivem em cidades pequenas, bem diferente dos que vivem em cidades bastante populosas que, por sua vez, não se importam com a vida dos outros e se preocupam consigo mesmos deixando os demais para lá. Um exemplo? La vai.
Se alguém cair na calçada de uma cidade como São Paulo, Nova Iorque, Paris, Tóquio, ninguém irá se preocupar com o acidentado. Todos continuarão caminhando e ele ficará ali deitado ao "Deus dará". Observe e comprove se não é verdade esta minha afirmação. Cada um se preocupa consigo porque sabe que ninguém irá se preocupar com ele. É fato comprovado. Está aí para quem quiser ver. Resultado: ignorar as pessoas mostra uma característica social negativa daqueles que vivem em cidade grande.
Nas cidades do interior, com uma população pequena, todos se conhecem e as famílias formam uma espécie de sociedade. É comum muitos dos seus moradores manterem com outros as conversas e os boatos comunicativos no bar da esquina, nos bancos do jardim, nas lanchonetes, nos salões de beleza, com assuntos sobre as pessoas conhecidas. São os famosos "bocas malditas" da cidade. E olha que essa gente sabe "boatar" barbaridade. Cuidado!
A preocupação maior dos boatos é com a situação pessoal dos conterrâneos e falar bem ou mal deles passa a ser até uma obrigação desastrosa. Há até competição entre os boateiros para ver quem levanta mais boatos. Entre estes estão aqueles que se consideram donos da verdade ou conhecedores, de primeira mão, de qualquer novo boato ou notícia que surge. Tudo é motivo para se falar dos outros. E como falam.
Se alguém comentar que esteve viajando pelo exterior, ganha, na hora, o apelido de metido a rico querendo aparecer. Pois é! Né!
Dizem que os habitantes de uma grande cidade do interior paulista não cumprimentam os seus vizinhos porque se consideram moradores de cidade grande, e morador desse tipo de cidade não dá bola para os seus vizinhos. São individualistas comunitários de nascença. Não conhecem e nem querem conhecer quem mora ao lado da sua casa.
Saber comentar a vida dos outros é ganhar "nota dez" para quem gosta desse tipo de assunto. Daí, muitos entendem que a preocupação do caipira não é ele mas o outro caipira.
A história da comunidade nos conta que, há muitos anos, ao cair da tarde, fulanos e fulanas se sentavam nas soleiras das portas ou nas calçadas em frente das suas casas para bater papos e bisbilhotar a vida dos vizinhos. Será que era assim mesmo? Era!
É por isso que, quando alguém lhe perguntar "como vai? ", responda rapidamente que está "ótimo e maravilhoso". Desta maneira, os seus vizinhos confiáveis vão ficar contentes e os falsos e invejosos vão se morder de raiva. Duvida?
Experimente!
O autor é educador, escritor e músico
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com
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