quinta-feira, 31 de outubro de 2013

QUEM FALA, PAGA!

                       Aldo Zottarelli Júnior

Ele sempre foi complicado para falar e entender as coisas. Daí o seu apelido de "Zé Complicado".
Um dia, eu me encontro com ele.
- Tudo bem, Zé?
- Bem porque? Eu lhe devo alguma explicação se estou bem ou não? Eu não vivo às suas custas. Está bem assim? 
Típica resposta mal educada de quem costuma complicar qualquer tipo de bate papo. 
- Você continua o mesmo, hein Zé?
- Como o mesmo? Eu nunca mudei nada a não ser a roupa do corpo.
Parecia que a coisa iria se complicar.
- É Zé, com você é na base de quem fala, paga.
- Nada disso. Quem falou, paga - respondeu-me.
- Quando falamos daquele que fala alguma coisa, seja séria ou besteira, temos que pagar pelo que falamos - retruquei.
- Está vendo. Falou, pagou e não quem fala, paga.
- É o mesmo. Só que eu falo no presente e você no passado.
- Você quer dizer que eu estou ultrapassado?
- Nada disso. Eu apenas afirmei que você falou no tempo passado.
O Zé me olhou desconfiado. Olhou para o céu. Depois para o chão e mandou:
- Tempo é uma coisa e, neste momento, estamos falando de outra coisa.
- Como outra coisa?
Apareceu um sorriso na face daquele cara que me deixou intrigado. E fiquei mais ainda, quando ele falou:
- Se estamos aqui agora é porque ontem estivemos no passado.
- Perfeito! Parece que você entendeu a minha afirmação de quem fala, paga.
- Nada disso. Confirmo o que eu sustentei, quem falou, pagou.
Olhei bem para aquele teimoso e lhe disse:
- Zé me parece que a sua teimosia está levando essa nossa conversa à uma complicação do tamanho de um bonde.
- Onde está esse bonde?
- Que bonde? - perguntei.
- Esse treco de bonde que você falou.
- Faz parte do passado. É claro que hoje não temos mais um bonde sequer. Passou.
- Tá vendo? Passou, não é?- pensou e completou - Ele não está passando, está?
- Claro que não.
- Pois bem, se ele passou, passou ou quem falou, pagou.
Poderia ficar horas tentando explicar para o Zé o que significava a expressão "quem fala, paga" mas ele jamais iria entender. Resolvi concordar com ele e levar a frase para o passado.
- Está bem, "seu"Zé.
- Eu não sou "seu" e nem de mais  ninguém.
- Me desculpe. Não foi isso que eu quis dizer.
- E o que foi, então?
- Esquece! Estou pagando o "mico"
- Mico? Que mico?
- Esse de querer que você entenda, de uma vez por todas, que a frase correta daquela expressão é quem fala, paga.
- Tudo bem, companheiro.
O que foi isso? Fiquei espantado. Um milagre? Será que o Zé Complicado descomplicou-se.
De repente o Zé me olhou com seriedade e manda: 
- Se você disser quem fala, paga, eu vou ficar sempre na sua frente levando vantagem, porque para mim a coisa já aconteceu, ou seja, quem falou, pagou.
Entendi que a coisa iria se complicar mais uma vez e resolvi encerrar o papo.
-  Cansei de falar. Vou embora. Até logo.
- É isso aí. Se você cansou de falar vai pagar porque comigo é assim: falou, pagou. Tá bem assim? Eu tenho sempre a razão.
E saiu cantando louvores aos santos protetores das suas idiotices.

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

DINHEIRO OU CARTÃO?

                               Aldo Zottarelli Júnior

- Vai pagar em dinheiro ou no cartão?
Eis a pergunta que se tornou comum entre os habitantes do planeta. Nos quatro cantos, propriamente dito.
De uns tempos para cá, o cartão de crédito assumiu o controle dos nossos bolsos como o computador assumiu controle das nossas vidas.
Antigamente, quem tinha dinheiro no bolso demonstrava poder  e  sabia gastar muito bem. A frase mais importante dita por todos era "quem tem dinheiro, tem tudo."
Os "partidos altos" eram procurados  e escolhidos para se tornarem maridos ou mulheres, em casamentos familiares. Até primos se casavam entre si para evitar a saída do dinheirinho da família.
Que coisa, não?
Os anos foram se passando e o dinheiro, mesmo com o seu valor alto no mercado, enervava qualquer um porque poderia ser perdido, esquecido em algum lugar, ou os bandidos e assaltantes  espalhados mandavam a "guasca". Não perdoavam e continuam não perdoando:" - Me dá o seu dinheiro aqui, agora!"
Quem não atender a tal pedido, feito com a maior singeleza, vai para "cucuia". E vai mesmo!
O cartão de crédito veio para aliviar esse tipo de preocupação das pessoas em andar com dinheiro no bolso.
- Só levo o que preciso e nada mais do que isso?
Muitos falam assim .  Como saber o que cada um precisa para levar o seu rico dinheirinho nos bolsos ou bolsas?
Pergunte ao Nostradamus, seria a resposta correta.
Eu conheci o Nostradamus. Era um senhor de idade bem avançada e demonstrava isso nas incontáveis rugas no seu rosto. Ele gostava de contar os mistérios da vida, como um filósofo e era gostoso ouvi-lo explicando o inexplicável, recheando as suas estórias com gargalhadas profundas. Dizia ele sobre o dinheiro e o cartão de crédito.  
- Sou muito feliz por não ter dinheiro no bolso e há gente que tem e não é feliz como eu - dizia Nostradamus.
- Como isso pode acontecer? - perguntei
- Eu ando somente com cartão de crédito. 
E lá vinha a gargalhada de sempre acompanhando a resposta.
Era mais uma lição de vida.
Passei a adotar essa postura de sair e andar somente com cartão de crédito e pouquíssimo " réis" nos meus bolsos. Deu certo, porque não tendo dinheiro nas mãos, você não gasta tanto. É a regra básica explícita na Teoria da Marginalidade da Micro-economia : "quanto mais se tem, mais se gasta".
Agora com os tais cartões de crédito a coisa ficou mais segura e econômica. Em todos os cantos, encontramos a publicidade desses  cartões. Há cartão para tudo. Dos bancos, dos supermercados, das farmácias, dos clubes, das escolas, dos salões de beleza, dos ônibus, do Metrô, do bar da esquina, do ponto de Táxis, da Previdência Social, dos Hospitais, dos governos - federal, estadual e municipal - dos casados, dos solteiros, dos fofoqueiros, dos gays, dos cornos e outros menos votados. Provavelmente irá existir o cartão do inferno, do Céu e do purgatório, ficando para quem quiser escolher e pagar.
O desenvolvimento da humanidade caminha rapidamente e não sabemos até onde. 
Os otimistas esperam por um mundo melhor e diferente daquele do Aldous Huxley, que ao escrever o seu "Admirável Mundo Novo", mostrou uma visão pessimista da  sociedade tecnológica futura onde tudo seria obedecido às regras e os viventes espionados e acompanhados por uma central governante sujeitando todos à submissão e ao enquadramento, ou seja; cada um no seu quadrado! Corretamente, a obra de Huxley deveria ser chamada de O Abominável Mundo Novo. 
Percebo, no entanto, que agora, o mundo está ligado direto ao domínio do plástico e do papel.
O dinheiro de plástico ao ganhar do papel está reinando com força total, sendo possível que, através dele, iremos alcançar algo que nunca imaginamos. A Terra se tornará um globo plastificado.
Entretanto, não podemos nos esquecer que teremos uma única obrigação a cumprir para não perdermos o fio da meada de continuarmos honestos e, com isso, nos afastarmos do artigo 171 do Código Penal brasileiro que enquadra quem deixar de pagar tudo que acumulou como débito, no vencimento mensal do cartão de crédito. 
- Tudinho? - perguntei a mim mesmo.
- Claro - afirmou uma voz gritante e idêntica a do Nostradamus
Em seguida, ouvi a sua gargalhada moral. Ou seria . . .mortal?

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A PALAVRA DISTORCIDA


                         A PALAVRA DISTORCIDA

Qual a razão das palavras serem distorcidas?
Foi a pergunta que um professor me fez e confesso que não eu soube responder. Pudera, tinha apenas oito anos de idade e não entendia dessas coisas como as palavras que me levavam às certas confusões.
A medida em que fui ficando mais velho, passei a entender um pouco sobre as palavras distorcidas, mal pronunciadas ou mal escritas. O auge do meu entendimento veio quando aprendi o que era a mentira e o que ela representava às pessoas. Aqui estava o grande segredo usado para distorcer o que se ouve e depois passar para frente.
Mentiras existem e são sempre elas que nos levam a cometermos algo sobre um fato que lemos ou ouvimos, sem contudo, nos implicarmos ou prejudicarmos a quem quer que seja. A distorção, não! Ela é maldosa e tem como objetivo causar prejuízo a alguém. Exemplo: os boatos.
O nascimento dos boatos dá-se com essa  distorção da palavra. Ouvimos algo e acrescentamos o que não ouvimos e mandamos ver, passando para frente a irrealidade do fato ocorrido. Em pouco tempo, a verdade que nos foi passada se transforma  numa grande mentira e, com isso, os prejuizos aparecem e as coisas se complicam para terceiros.
Nem tudo o que ouvimos é real, se comparado com o que vemos, porém pode se tornar uma realidade para nós. Felizmente essa realidade não prospera no campo da distorção, graças ao seu conteúdo, que nos dá as possibilidades de conhecê-la como ela é. Aqui está a importancia de dizer e de escrever sempre a verdade e jamais nos deixarmos influenciar com os aspectos negativos das propostas de qualquer  emissor.
Ao criar uma estória fictícia, sem causar prejuízo a ninguém e com personagens que inventamos,  podemos até transformar essa obra em livro e publicá-la. O seu efeito poderá ser muito bom e admirado pelos que gostam de ler, escrever ou assistir TV. Assim aparecem as novelas e filmes nas telas e telinhas e um número enorme de telespectadores vibram com o que vêem, sem atentarem pela sua pseudo-realidade.
Essas amostras não nascem das palavras ou de estórias distorcidas. Nada disso. A finalidade desse tipo de entretenimento traz para quem o assiste a possibilidade de ver fatos reais ou não, transformados em imagens  para que possam se vistos, admirados e compreendidos. E tudo sem querer prejudicar qualquer pessoa ou instituição,
Agora, sabendo o que significa a palavra distorcida que ouvimos e lemos diante da mentira, é necessário que saibamos de onde partiu essa informação maldosa, e ficamos na espectativa de um dia ouvirmos algumas das distorções da verdade oriundas de quem ajudamos na sua formação ou prática profissional. Lembramos de Nelson Rodrigues, que afirmava: “por quê me odeias se eu nunca te ajudei? “
Poderíamos completar a pergunta:
 “Valeu a pena?”
Sim, valeu porque é possível que esse tipo de pessoa, com suas palavras distorcidas, poderá, em algum momento, sentir e ouvir o anúncio de algum boato a seu respeito, divulgado por alguem que lhe seja amiga ou não. Aí, é bem possível que venha a entender que:
“o mundo não é dos expertos que querem mudar o sentido normal e real dos acontecimentos, mas dos inteligentes de alma pura.”
Não é mesmo?

domingo, 27 de outubro de 2013

HONRA MANTIDA E ALMA LAVADA

                                                           Aldo Zottarelli Júnior

Olhei para o espelho e desejei um bom dia em voz alta e me retirei do banheiro. Tinha dormido muito bem e, não sei porque, fui direto ao espelho para ver como estava o meu semblante. 
Ótimo! Então, porque não desejar um bom dia para mim mesmo?
Quantas pessoas já fizeram o mesmo? Pois é!
Eu não havia percebido ainda que era uma manhã de quarta feira. Êta dia repugnante da semana.  Não serve para nada, nem para pensar. Dia morto. Mortinho da Silva, se é que o Silva já morreu. Deve ter morrido, porque havia ou ainda há  muitos Silvas espalhados por este mundo de Deus.
Vamos deixar esse papo furado de lado e vamos adiante.
Pará onde? 
Não sei! Se você souber, me indique o caminho. Também não sabe? Então vamos juntos!
Estou me lembrando que ontem, à tarde, eu e  a minha mulher pedimos dois cafezinhos acompanhados com dois tabletes de chocolate, numa cafeteria do Shopping e nos sentamos numa mesa que estava desocupada. Depois dessa "stravagantia" fomos para nossa casa. Claro que com a minha idade, tomando café no Shopping, na frente de todos que passavam, assumindo indevidamente a "pose"de ricos, era uma espécie de "stravagantia". 
No início da noite, perguntei à minha "cara metade" se ela havia pago os cafezinhos do Shopping. Ela me respondeu negativamente. Eu também não paguei! E agora? Pô, me revirou o estômago só em pensar no prejuízo que demos para as moças que nos serviram,  naquele local. Provavelmente, elas teriam que repor ao caixa as nossas despesas não recebidas. 
Imediatamente, acionei o meu carro e fui para o "local do crime".
Gastei gasolina, paguei o estacionamento, e fui até ao Café. Pedi desculpas às moças que servem os cafezinhos pelo esquecimento do pagamento dos cafezinhos consumidos e paguei, com uma boa gorjeta, o que eu e a minha esposa havíamos gasto.
Elas ficaram surpresas com a minha atitude e confessaram que já ocorreram casos semelhantes, porém este foi o primeiro que alguém voltou e pagou o que se esquecera de pagar.
Voltei para a minha casa e fiquei pensando no que ouvi daquelas moças. Será verdade que as pessoas consomem e depois dão a  "pinta de Migué"e se arrancam sem nada pagar? 
Lembrei-me do meu pai e dos seus ensinamentos sobre a moral e a  obrigação de mante-la a qualquer custo. Sorri.
Naquela noite, eu dormi mais tranquilo, acreditando que eu havia cumprido com o meu dever de ser uma pessoa honrada. Se muitos  teriam "passado as pernas" naquelas balconistas, acreditando serem espertos, posso afirmar que aprendi o dever de não enganar a honra de nós mesmos.
Foi por isso que, no dia seguinte, eu desejei um bom dia gostoso para o espelho do meu banheiro. Honra mantida e alma lavada.
Isso já aconteceu com você? Pense!

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

TUDO PARA OS COMPANHEIROS.

                                               Aldo Zottarelli Júnior

"Quanto mais mexer, mais fica fedida."
Essa frase é do conhecimento de muitos e identifica tudo aquilo que se faz para a modificação de alguma coisa e nada adianta. É a situação do país do pau Brasil. Talvez seja por isso que a maioria do povo brasileiro tem essa famosa "cara de pau".
Durante o seu governo, o ex presidente FHC privatizou muita  coisa que precisava ser privatizada pelo bem do país. O partido da oposição, o PT, caiu de pau gritando que o Brasil estava sendo vendido.  Repito: VENDIDO!
As moscas assanhadas voam sobre a "michuruba" para não usar outra palavra fétida.
Os anos se passaram e agora a oposição de ontem passou a ser o governo federal de hoje.
Surge o tal "Pré-sal"e abre-se uma licitação para a sua exploração. Claro que o lance mínimo seria de bilhões de dólares. Articulou-se a exclusão de algumas grandes empresas estrangeiras dessa festa. Formou-se um consórcio de empresas internacionais interessadas e, entre elas, uma chinesa e a Petrobras."Tudo em casa", pensaram e continuam pensando os maquiavélicos governantes  e batem o martelo. Pudera, só havia esse único participante e ninguém mais: Consórcio Libra!
Agora, cabe à consorciada Petrobras, a maior acionista, entrar e pagar os seus 6 bilhões, em quarenta dias. Considerada pré-falida pela incompetência do PT, ela não tem dinheiro algum para tal investimento. Irá usar a sua única saída: aumentar o preço dos combustíveis no país, ou seja, nós, o Zé povinho, iremos pagar, sem reclamar. 
E o pior é que a presidenta continua a afirmar que não se trata de privação de algo que pertence aos brasileiros. Mudou de nome? Então, o que é isso?
Algumas moscas foram substituídas, mas o estrume continua o mesmo: imóvel e fétido.
Passar a rasteira nos brasileiros é uma característica da abominável mulher barbada que acaba de assinar um ato dando à  GEAP, uma fundação de direito privado, dirigida exclusivamente pelos companheiros do seu partido político, os direitos da venda de planos de saúde para o funcionalismo publico federal. Mais uma das "coisas" deixadas pelo mensaleiro José Dirceu, quando foi o Chefe da Casa Civil da Presidência da República. Ela nasceu com a participação dos funcionários da União, exclusivos dos Ministérios da Previdência e da Saúde, Dataprev e INSS, os seus fundadores. Agora, a caneta da presidenta assinou, abestalhada, a autorização para essa fundação atender, sem qualquer licitação, o Ministério do Planejamento, onde são cadastradas as folhas de pagamento dos  625 mil funcionários federais. O total a ser pago anualmente será superior a 10 bilhões de reais. Por ser uma fundação de direito privado, a GEAP teria que passar por uma licitação sendo dispensado apenas se atendesse aos funcionários dos orgãos públicos fundadores. 
Em não havendo licitação, que seria obrigatória por lei, não haverá a fiscalização do Tribunal de Contas da União. Tudo vai ficar como o partido governamental quer: deitado em berço esplêndido e recebendo um reforço de caixa gratuito para as próximas eleições e para os bolsos de muitos.Tudo para os companheiros. Ou não?
Será que o STF vai declarar inconstitucional o ato da poderosa fulana. . .de tal?
As últimas moscas, nomeadas pelo governo do mesmo partido da presidenta para o STF, estão voando muito assanhadas sobre aquele bolo. Voando, "caminhando e cantando . . ."
Essa roubalheira, ou seja, a venda de bens patrimoniais do país para empresas privadas não foi considerado um ato de privatização pela a presidente. "Nada disso", ela afirma. Mas não consegue esconder, que se trata da abertura de um campo de faturamento absurdo para o Geap Autogestão, sempre administrado pelos seus companheiros políticos.
Ela considera tudo isso normal. E tem gente pensando que o mensalão seria invencível. Taí o concorrente maior. "Absolutamente normal", diz a " sorridente dominante".
Ao continuarem as enganadoras campanhas dos planos sociais que estão nos endividando todos os dias, como se fossemos idiotas, ficamos a contemplar o movimento das moscas que aumentam a medida que cresce o bolo escuro e fétido, sob os aplausos dos nossos administradores . Um dia esse bolo ainda será servido, com pompas e circunstancias, a cada brasileiro, com o simbólico nome de "bolsa da melhor alimentação familiar". Algo nunca jamais visto na história deste país,blá,blá.blá,etc.
Até quando seremos enganados pelos "caras de pau "que nos governam?  
É preciso mudar a direção disso tudo em outubro/novembro do próximo ano, ou nos transformaremos em alimentos para as moscas citadas. É o que eles esperam que aconteça porque já conhecem a nossa reação: inútil! 
Portanto, é preciso coragem. Muita coragem! Né não?

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

terça-feira, 22 de outubro de 2013

DEBAIXO DOS CARACÓIS. . .

Então, o rei e o seu parceiro permanente escreveram: "um dia vou ver você chegando, pisando a areia branca que é o seu paraíso."
E o Caetano voltou com os caracóis nos seus cabelos e feliz, depois de ter ficado longe da sua Bahia. A anistia lhe permitiu isso.
Engraçado como as coisas acontecem nesse vai e volta de todos nós.
Naqueles anos, os artistas e intelectuais, dentro de seus suntuosos apartamentos de frente para as praias do Rio, comendo e bebendo do melhor, pregavam o comunismo brasileiro que eles disfarçavam chamando de "socialismo verde-amarelo". Tinham ódio da censura, por isso, muitas de suas obras lançavam frases de protestos que permitiam ao governo militar a cortar a divulgação das suas músicas.  Sem contar com as prisões que levaram muitos a fugirem para o exterior. "Contra a censura" era a palavra de ordem.
Hoje, vivemos, se é que vivemos, numa democracia plena e ela permite que todo cidadão tenha o direito às informações, ao livre arbítrio e o de ir e vir livremente. Não há cesura. Esta escafedeu-se.
Pois bem. Aqueles que ontem, brigaram, xingaram e protestaram contra a censura das suas obras, pretendem, agora, que ficaram estrelas e astros famosos, censurar qualquer pesquisa ou biografia  publicada ou divulgada sobre a sua pessoa. 
Eis a regra: " O bônus é bom mas o ônus é ruim."
A Constituição garante os direitos e deveres de todos. No entanto, os censores se baseiam no artigo 20 do Código Civil que diz: 
". . .a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento  e sem prejuízo da indenização que couber, se atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade ou se destinarem a fins comerciais."
Portanto, somente a Justiça deverá se pronunciar a respeito, porque se de um lado a Constituição proíbe a censura, esse artigo do Código Civil permite. 
Está formado o  "imbroglio judicial". Será? Então porque é que os famosos não querem respeitar essas regras gerais?  Ora, se forem ofendidos, há a justiça para julgar quem os ofendeu por palavras faladas e escritas, extrapolando o direito de informar nas suas biografias. É isso aí. 
Também não é porque tenha alcançado a fama que um artista queira ter os seus direitos diferenciados dos demais brasileiros. Com explicar essa diferença?  Isso não existe e nem pode existir numa democracia, onde os direitos são iguais para todos, incluindo os políticos, com exceção dos envolvidos com o Mensalão. Não é?
Acho que tudo se concentra  debaixo dos caracóis dos cabelos de Caetano, voltando a pisar a areia branca do seu paraíso,como cantou o Rei.
Se esses aclamados artistas ou novos censores artísticos pensam assim, o que seria deste Brasil se o lado que eles defendiam em 1964 vencesse a tal revolução?
Nem pensar!

sábado, 19 de outubro de 2013

COMO VAI?

                                Aldo Zottarelli Júnior

Recebemos as notícias dos jornais, todos os dias.
Umas são agradáveis, enquanto outras nos deixam intrigados.
Gosto de tomar conhecimento do que está acontecendo pelo mundo e fico bastante interessado quando algum fato relata algo da minha cidade, principalmente quando se trata de uma boa notícia. Sou caipira e todo caipira gosta de ouvir alguma coisa sobre a sua cidade.
Entretanto, há algo, como a inveja, na cabeça daqueles que vivem em cidades pequenas, bem diferente dos que vivem em cidades bastante populosas que, por sua vez, não se importam com a vida dos outros e se preocupam consigo mesmos deixando os demais para lá. Um exemplo? La vai.
Se alguém cair na calçada de uma cidade como São Paulo, Nova Iorque, Paris, Tóquio, ninguém irá se preocupar com o acidentado. Todos continuarão caminhando e ele ficará ali deitado ao "Deus dará". Observe e comprove se não é verdade esta minha afirmação. Cada um se preocupa consigo porque sabe que ninguém irá se preocupar com ele. É fato comprovado. Está aí para quem quiser ver. Resultado: ignorar as pessoas mostra uma característica social negativa daqueles que vivem em cidade grande.
Nas cidades do interior, com uma população pequena, todos se conhecem e as famílias formam uma espécie de sociedade. É comum muitos dos seus moradores manterem com outros as conversas e os boatos comunicativos no bar da esquina, nos bancos do jardim, nas lanchonetes, nos salões de beleza, com assuntos sobre as pessoas conhecidas. São os famosos "bocas malditas" da cidade. E olha que essa gente sabe "boatar" barbaridade. Cuidado!
A preocupação maior dos boatos é com a situação pessoal dos conterrâneos e falar bem ou mal deles passa a ser até uma obrigação desastrosa. Há até competição entre os boateiros para ver quem levanta mais boatos. Entre estes estão aqueles que se consideram donos da verdade ou conhecedores, de primeira mão, de qualquer novo boato ou notícia que surge. Tudo é motivo para se falar dos outros. E como falam.
Se alguém comentar que esteve viajando pelo exterior, ganha, na hora, o apelido de metido a rico querendo aparecer. Pois é! Né!
Dizem que os habitantes de uma grande cidade do interior paulista não cumprimentam os seus vizinhos porque se consideram moradores de cidade grande, e morador desse tipo de cidade não dá bola para os seus vizinhos. São individualistas comunitários de nascença. Não conhecem  e nem querem conhecer quem mora ao lado da sua casa. 
Saber comentar a vida dos outros é ganhar "nota dez" para quem gosta desse tipo de assunto. Daí, muitos entendem que a preocupação do caipira não é ele mas o outro caipira.
A história da comunidade nos conta que, há muitos anos, ao cair da tarde, fulanos e fulanas se sentavam nas soleiras das portas ou nas calçadas em frente das suas casas para bater papos e bisbilhotar a vida dos vizinhos. Será que era assim mesmo? Era!
É por isso que, quando alguém lhe perguntar "como vai? ", responda rapidamente que está "ótimo e maravilhoso". Desta maneira, os seus vizinhos confiáveis vão ficar contentes e os falsos e invejosos vão se morder de raiva. Duvida?
Experimente! 

O autor é educador, escritor e músico
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

VÍCIOS DE LINGUAGEM?


                                                           Aldo Zottarelli Júnior

Fica interessante quando comentamos os nossos vícios de linguagem. Ainda mais quando se trata de vícios da língua portuguesa, useira e viseira de sinônimos e antônimos nunca dantes explicados ou entendidos. Êta nóis largando o verbo.
Sabemos que ao conversamos com alguém, acaba sempre aparecendo alguma expressão que não condiz com o seu significado. Já perceberam isso?
Pois bem, eu não vou declinar o número de palavras que são  consideradas como vícios de linguagem. Porém, ontem eu ouvi, sem querer ouvir, um fulano contando algum caso para outro fulano e, de repente, este afirma
- Para falar a verdade eu . . .
O que é isso? Pensei. Quer dizer que aquele papo só era de mentiras e num súbito momento alguém se proclama a falar a verdade? Onde estamos?
Comentei o fato com um professor de português e este me confirmou que essa expressão é muito comum entre nós, os brasileiros.
Ou seja: somos mentirosos até o momento em que resolvemos deixar de mentir e afirmamos que vamos partir para a verdade. 
Pode ser que muitos pensem que, por vivermos no país das mentiras, somos todos mentirosos. Será? Não sei. Quem sabe?
Mas podemos oferecer aos explorados trabalhadores eleitos do Congresso Nacional uma estória. Se ela for mentirosa a reação será inexistente mas, se for verdade, podemos ter complicações futuras.
Havia um antigo reino, onde o rei despertou uma manhã como uma forte dor no fígado. Ou seja, tudo para ele estava errado e propenso a ser levado até para alguma catástrofe. Explico melhor:
Você já levantou alguma vez com uma cólica de fígado?
Então você sabe como aquele rei estava se sentindo naquela manhã que, por coincidência, era uma quarta feira, o dia em que os seus fieis súditos e contribuintes lhe faziam as suas homenagens. 
Antes que os lavradores e produtores do reino viessem até à sua presença, este tomou conhecimento de que as suas tropas tinham perdido uma batalha numa guerra sem fim,contra um outro reino.
Os súditos usaram as expressões linguísticas mentirosas para tentar acalmar o rei. Mas este permanecia sofrendo e mandando brasa contra quem lhe oferecesse algo, nem que fosse para o seu bem. Mandou que os seus súditos lhe trouxessem somente notícias boas e sem vícios de linguagem algum.
Em seguida mandou que entrassem os lavradores que iriam ofertar parte de suas colheitas para o pessoal do reino.
A fila era grande. Ao receber o primeiro deles, e sentir uma fisgada no fígado,o rei perguntou berrando:
- O que você traz para mim?
- Uma carroça de bananas que colhi nesta manhã.
- Guarda! - gritou o rei. - Leva esse canalha para aquele canto e enfia todas as bananas no lugar que ele sabe muito bem onde fica.
Ao abaixar as suas vestes e experimentar as primeiras bananas, o infeliz começou a gargalhar.
O rei ficou espantado e perguntou:
- Porque você está rindo? Você está gostando desse castigo?  
O judiado olhou para o rei e respondeu:
- É que o cara que vem depois de mim está trazendo uma carroça cheia de abacaxis, com casca e tudo.
Posso garantir que nessa estória não houve nenhum vício de linguagem e muito menos alguma verdade dita. Claro que foi uma invenção. Ou melhor. . . falei mentiras, coisa corriqueira entre todos nós brasileiros.
 Mas que você sorriu com o final da estória, sorriu. Né não?

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SOMOS O ESPELHO DE NÓS MESMOS

                                                     Aldo Zottarelli Júnior

Conversa entre um aluno e o seu professor de psicologia.
- Por que será que, às vezes, eu me perco com os meus pensamentos? - perguntou o aluno.
- É porque você tem mas não se identifica com os seus próprios pensamentos.
Silêncio absoluto!
Os nossos pensamentos traduzem o que a nossa alma exclama e reclama. Por isso que muitos não conseguem explicar a maneira de ser e de agir, como se cometessem uma falha comum dentro de si.
Nós representamos o que de melhor temos e também gostamos que os outros observem e comentem algo sobre nós, desde a nossa aparência até a nossa maneira de agir.
Uma forma de entendermos tal conduta é imaginarmos sempre que estamos diante de um espelho e do outro lado está a imagem de alguém de aparência semelhante ao do Criador. Assim podemos dizer que temos um deus dentro de nós e as nossas reações são absolutamente normais de um ser poderoso, bom e pacífico.
Nem sempre tais reações são semelhantes entre um e outro, mas a sua variação é que faz o mundo viver  constantemente numa busca constante de soluções benéficas para todos. Por ser difícil, podemos afirmar : aos corajosos, o prêmio  e aos acovardados, o desprezo.
Se somos o espelho de nós mesmos e nos mostramos como somos, o que queremos e para onde vamos, não será qualquer força contrária que irá nos incomodar e pararmos no caminho para ver como é que ficamos. Essa reação seria daqueles que não se consideram fortes para enfrentarem qualquer obstáculo à sua frente. São os acovardados.
Entretanto, se refletirmos no nosso espelho alguém com reações próprias para o enfrentamento aos obstáculos que surgem, estaremos demonstrando que acreditarmos em nos mesmos, nas  nossas potencialidades e sem medo algum de atingirmos o futuro sonhado e perseguido.
Acreditar em si mesmo é a regra dos bem sucedidos.
Desistir, nunca!. Esta seria a bandeira.
O temor ou o medo passam longe porque refletem os resultados dos fracos e acovardados.
E tudo isso acontece através dos nossos pensamentos colocados diante do conhecimento de outros, como nós.
Nós temos os nossos pensamentos e eles sempre irão identificar a nossa personalidade.
A conversa entre o aluno e o professor de psicologia nos mostrou que há uma elevada soma da verdade no ar.
É isso aí!

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PORQUE DO QUARTO

ATENÇÃO: NÃO PUBLICAR NO JORNAL.

O quarto é um lugar solitário.
É o último lugar que eu e outros conhecemos, depois de tomarmos as providências de avaliar os demais cômodos de uma casa. Assim nos foram apresentados, os jardins, a varanda, a sala de visitas, o escritório, a sala de jantar, os corredores, as escadas,os banheiros, a cozinha e o. . .quarto ou os quartos.
O quarto pode ser um lugar sinistro e muito difícil de ser explicado.
Quando o quarto está a meia luz, numa penumbra, pode-se pensar horrores ou alegrias sobre o que se passou, se passa ou se passará adiante. 
Nele podemos gozar explicitamente o início de uma nova vida, através do fruto iniciado com um contato sexual de um casal amoroso e, ao mesmo tempo, pode se transformar no local onde algum infeliz, ao cerrar os olhos num rosto pálido e doente, passa para outra esfera e vai em busca do infinito saudável para as sua alma.
O quarto vem depois do terceiro e jamais, numa competição ou torneio, será reverenciado e lembrado como conquistador de  direito a alguma medalha, etc. Apenas recebem os prêmios os classificados do primeiro ao terceiro lugar.
O quarto vem antes do quinto, este mesmo quinto que, colocado no plural, os descendentes portugueses mandam qualquer um ou qualquer coisa para o inferno.
O quarto é sempre o marido da quarta, a mesma quarta seguida da palavra "feira" do calendário semanal, desprezada por não ser reconhecida como um dia importante da semana. Apenas faz parte dela e só.
Por isso que apelidamos qualquer incompetente ou confuso de "quarta feira".
Um quarto é algo depreciativo sob o ponto de vista de porcentagem numérica. O seu valor é tão reduzido que há a necessidade de ser multiplicado por quatro para se chegar a um inteiro. 
Posso citar mais quartos e quartos para mostrar que na realidade,  o quarto, também pode ser necessário para alguns casos, onde ele muda totalmente e passa a ter uma importância explêndida,  até insubstituível, como esta que agora a identifico como a quarta vez que escrevo e lanço um livro de minha autoria - o quarto! 

                                                             O autor 

RELOGIO ELETRÔNICO DE PULSO

                                       Aldo Zottarelli Júnior

Quinta feira, nove da matina. Eu estou tomando o meu café da manhã, mais conhecido como "breakfast", em companhia da minha família, num local próximo a uma das estações do metrô nova-iorquino.
Como sempre acontece, a minha "Apple Pie",torta de maçã, já estava devidamente aquecida e colocada num prato à minha frente. É bom esclarecer que sou fanático pela "Apple Pie". Divina!
Vários assuntos comentamos como o relógio/celular que todas as marcas de computadores estão lançando neste mês de outubro de 2013. Afirmo que fiquei interessado em comprar um desses "brinquedos" porque, com ele, me lembrarei da minha infância quando eu assistia aos filmes de Flash Gordon e depois  a série do Star-strek,onde os seus protagonistas usavam, essa espécie de relógio-comunicador. Bacana! 
Já imaginaram eu falando direto com o Comandante Kirk, no espaço universal, no comando da "Enterprise"  ou com o Comandante Gordon, lá pelos lados de Marte, tudo  através do "meu" telefone de pulso?
Daí, surge a pergunta: quanto custa esse "barato"?
Por aqui, os preços estão convidativos, mas quando essa novidade for lançada no Brasil eles serão dobrados, com certeza!  
Eis aqui um exemplo do que o país dos impostos é capaz de fazer com tudo que circula no seu mercado comercial. E nós, que somos as vítimas dessa roubalheira do governo, não conseguimos nenhuma tentativa de mudanças. 
Impossível saber que até nos docinhos para criancinhas os impostos somam mais de 43%. É mole? Pois é!
Dentro de alguns minutos, como a maioria dos que vivem em Nova Iorque, vou pisar nos degraus das escadas de ferro da parada do metrô e embarcar num dos seus vagões e partin do em direção do meu destino: uma loja da Apple.
Fiquei pensando nesse peduricalho eletrônico e me vi com um deles afixado no meu pulso consultando, além das horas, tudo o que a internet me oferece como papos, mensagens,músicas, vídeos, dicionários e muito mais. E tudo isso dentro daquele pequeno mostrador, numa livre demonstração de que logo o celular estará fora de moda, depois de um reinado de apenas 8 ou 10 anos de vida ou poderá surgir um uso comum dos dois "brinquedos". Será, mesmo?
O preço barato para algo de muito valor e inúmeras utilidades será a arma mortal. 
Claro! Porém, somente aqui, na terra do Tio Sam, porque na terra do pau brasil as coisas se complicam. O governo brasileiro tem fome por dinheiro e quer arrecadar mais para atender a corrupção dos que fazem as leis. O povo. . . ora o povo fica no segundo plano e os impostos continuarão com o título máximo.
Isso, sem citar que os demais ladrões ou assaltantes pobres e malandros desse Brasil varonil estarão pelas ruas,  de boca nos pulsos daqueles que estiverem uisando esse tal relógio. E não adianta pedir ajuda para o Comandante Kirk ou para o Comandante Flash Gordon. Eles estarão longe, com as suas missões espaciais. Tá? 

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

domingo, 6 de outubro de 2013

TEMPESTADES E FURACÕES

                     Aldo Zottarelli Júnior

Segundo os entendidos, não há nada mais triste do que um domingo com cara de chuvas.
Pois é! Quem pensa assim é quem nunca viu um domingo com tempestades e chuvaradas para tudo quanto é lado.  Aí sim é que seria triste mesmo. Ou mais triste, com  um furacão derrubando tetos das casas, virando automóveis no avesso, vacas, bois, cavalos, cachorros e outros animais atirados ao ar, árvores sendo arrancadas pelas raízes com a força da natureza revoltada, águas saindo dos leitos dos rios, dos lagos, das lagoas e dos mares em enchentes jamais esperadas, etc. Bem, não se trata apenas de um ato da natureza mas da sacanagem que ela faz com a gente. Não é? E tudo isso num domingo. 
É triste para a visão e para a mente de qualquer pessoa.
O leitor está esperando que eu aponte esse tipo de problema como se estivesse vivendo ou que tenha vivido com ele. Lêdo engano! 
Lá vai.
Num dos meus domingos em Astoria, no Queens, Nova Iorque, o céu amanheceu todo encoberto com nuvens cinzentas e o pessoal daquele bairro da Big Apple achava que iria cair uma chuva pra ninguém botar defeito. Pois bem, fiquei esperando por ela e ela não veio. Deve ter caído nas proximidades. Ótimo para mim e péssimo para quem ficou molhado ou trancado em algum lugar, fugindo das águas atormentadoras.
Mesmo assim, fiquei observando o comportamento das pessoas e de alguns pássaros - pequenos e grandes - que se deslocavam com  rapidez e com o receio de serem apanhados pelas chuvas.
Que coisa que esse tipo de problema acarreta em todos os personagens viventes numa comunidade, seja ela de qualquer país e falando qualquer idioma. Aliás as chuvas não falam. Descobri isso há algum tempo. Elas apenas enchem o saco. 
Entretanto, não é assim que os homens do campo pensam a respeito dessas águas  que caem do céu e que a maioria dos outros mortais pensam. Mas vamos deixar esse papo pra lá e vamos ao encontro do Filadelfo, homem bom, com seus quarenta e tantos anos de vida conjugal pouco perturbada. 
Contei a ele a minha preocupação com os estragos que as chuvas ou as tempestade ou furacões podem causar ao homem.
- As coisas não são bem assim.- disse-me ele.
- Como não são.- respondi.
Ele olhou bem para os meus olhos e me perguntou:
- Você é feliz com a sua mulher?
- Sim, eu sou.
- Não há nada que atrapalhe esse relacionamento?
- Nada!
- Nada mesmo?
- Nadica de nada. Por que essa pergunta?
- Eu explico. O dia que você for contemplado e ganhar uma sogra como a minha, jamais ficará preocupado com tempestades e furacões e outros tipos de chuvas.
- Ué, por que?
- Não existe estrago maior na vida de uma pessoa do que as broncas, palpites e influências de uma sogra. 
- Verdade?
- Claro. É pior do que qualquer furacão destruidor que alguma  mente possa imaginar e aguentar.
Permaneci em silêncio, ao ouvir essas palavras.
- Antes que você fale alguma coisa - disse-me Filadelfo - é melhor eu me retirar. Tchau!
E se retirou correndo como se estivesse apavorado.
Enquanto isso,  eu fiquei pensando nas nuvens escuras nos céus de Astória, em Nova Iorque e sorri para mim mesmo me perguntando:
"Será verdade o que o meu amigo me falou?"
Imaginei a dona Ambrozina, a estimada e querida sogra do Filadelfo, atormentando-o com aquela voz alta e desafinada, lembrando uma taquara rachada e ponha rachada nisso.
Seria algo assustador e inenarrável. 
Fiquei com pena dele. 
Ah, coitado!

O autor é educador, escritor e músico

e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

sábado, 5 de outubro de 2013

COMO VOCÊ VOLTARÁ?

                                                    Aldo Zottarelli Júnior

Ontem, você passou por mim com uma certa traquilidade, diferente da outra vez, quando você veio com uma arrogância absurda e me destratou, esbarrou em meu corpo como se tivesse me agredido com um soco, me balançou até eu necessitar me amparar em um objeto qualquer para não cair ao solo. Lembra?
Eu me lembro muito bem, inclusive das palavras que proferi à você como se eu estivesse explodindo e desabafando o meu psique, numa espécie de agressão verbal.
Hoje, logo pela manhã, eu senti que você iria aparecer outra vez. E aconteceu. Só que desta vez você veio bastante calmo, distribuindo um calor do seu corpo, diferente de ontem quando você estava muito frio e me fez sentir um arrepio em todo o meu corpo, como se o inverno estivesse abrindo as suas portas.
Gostei de sentir você calmo e quente. Fechei os meus olhos e levantei a minha cabeça em direção ao sol que, brilhando com os seus raios quentes e gostosos, me oferecia a oportunidade de poder obter uma cor mais morena em minha face.
Foi muito bom. Bom demais. Foi tão bom que, naquele momento, tudo que girava dentro da minha cabeça sumiu, e um hiato muito espaçoso e até perfumado tomou conta do meu ser. Nunca havia sentido algo semelhante. Eu me sinto arrepiado só em lembrar.
Gostei! Gostei muito.Parecia que eu flutuava num universo emocional.
Durou pouco essa sensação.
De repente, os seus abraços foram se soltando e se afastando enquanto, novamente, uma sensação de ser mais um na face da terra voltou em mim.
Não gostei.
Tentei olhar para mim mesmo, ou seja, para dentro de mim e me lembrei que toda vez que você aparece e toca no meu corpo sinto essa sensação diferente.  É algo que por mais que eu queira contar ou comentar não consigo. Até parece que é um caso de amor forte e único entre dois seres. Um da aldeia dos animais racionais e o outro da aldeia dos universais temporários.
O que seria isso ou essa ultima aldeia?
Só quem a criou sabe. Eu não sei. 
Apenas sinto na pele os seus contatos e, com eles, eu me transformo, me preocupo, me desfaço e me acabo ou ... renasço. Como saber?
Espero que, nos próximos dias, você volte a manter um novo contato comigo, me tocando levemente, como hoje, e desse toque possa nascer um momento de bem querer, como se fosse o amor, mesmo sabendo que, em segundos, você pode desaparecer e voltar totalmente diferente. Pago qualquer preço para ver e sentir.
Como você voltará?
Para evitar um sofrimento de perda, eu fico aguardando essa sua volta e que ela venha da maneira que vier, forte, leve, frio, úmido, seco, quente, etc, mas que volte sempre como um vento inesquecível que faz parte da minha vida.
Realmente, você, vento, levou uma parte da minha alma. Para sempre!

                                                                 O autor é educador, escritor e músico

                                                                 e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

terça-feira, 1 de outubro de 2013

UMA LIÇÃO DE VIDA

                                     Aldo Zottarelli Júnior

Estava sentado a frente de uma mesa de pedra, no jardim de uma das casas do bairro de Astória, em Nova Iorque, onde o desenvolvimento é pronunciado com o grande número de edifícios residenciais de luxo que estão sendo construídos. Verdadeiras torres modernas. Praticamente esse bairro fica logo após a travessia do East River, onde o cenário é a vista maravilhosa da ilha de Manhattan, com seus edifícios estupendos e marcantes. Realmente, é o bairro onde a valorização imobiliária é enorme com tendência a aumentar ainda mais.

Mas, aqui estou, sentado e olhando as árvores que me proporcionam uma sombra gostosa e refrescante com suas folhas que, dentro de alguns dias, irão mudar de cor anunciando o inverno forte que se aproxima.
Esfrego os meus olhos como se estivesse com sono, dou um bocejo e ouço um ruído vindo do local onde estão colocadas as latas de lixo. Fixo o meu olhar para aquele local e vejo a cabeça de um bichinho simpático, equilibrando o seu corpo em duas patinhas e fixando o seu olhar para mim.
Inicialmente percebo que essa figurinha é semelhante ao rato só que o seu rabo era grande, peludo e o seu fucinho era redondinho, bem diferente da cabeça bicuda de um rato que normalmente tem o rabo fino como uma cordinha suja.
Devo citar que há ratinhos brancos, bonitinhos e até domésticos servindo de companheirinhos de crianças ou de material de  testes para laboratórios científicos, etc. 
A figurinha que estava a minha frente olhou para um dos lados e gritou "pode aparecer"e imediatamente surgiu mais um esquilo.
- Este é o meu irmão Carl. Eu sou Michel e o nosso território é este jardim. Vivemos aqui alguns anos e somos felizes porque todos deste bairro nos conhecem e nos respeitam.
Arrisquei a conversa:
- Como as pessoas respeitam vocês dois?
- Porque nós não incomodamos as pessoas como os nossos primos cinzentos e sujos que chegam até a prejudicar a saúde de muita gente. Nós, não! Buscamos os nossos alimentos sem prejudicar ninguém e vivemos correndo e saltando pelas árvores, caminhando pelos fios de eletricidade ou arames esticados entre os postes e já salvamos muita gente de acidentes.
- Como? -perguntei.
Carl tomou a palavra:
- Vou dar um exemplo. Na semana passada, uma criança iria atravessar essa rua aí em frente e não viu que um caminhão se aproximava. Fiquei apreensivo porque o caminhão iria atropelar aquela menina. Gritei com todas as forças do meu pulmão e fiquei pulando bastante e derrubei um latão de lixo causando um grande barulho. A menina parou para olhar o que estava acontecendo e não atravessou a rua. O caminhão passou com muita velocidade e o acidente não aconteceu.
- Bacana! - exclamei.
- Bacana? - emendou o Michel - É que você não sabe como o Carl incomoda as donas das casas deste bairro entrando nas cozinhas a procura de amêndoas.
- Amêndoas? Porque amêndoas?
Carl empurrou o Michel para o lado e explicou:
- Amêndoas é o nosso principal alimento no inverno para nos mantermos vivos e com saúde. E o inverno está chegando. Né?
Olhei para os dois esquilos e disse:
- Vocês roubam as cozinhas das casas? Eu pensava que vocês eram honestos e sinceros. Não achava que vocês seriam dois ladrões.
- Não somos ladrões - afirmou Michel- somos bastante honestos e sinceros para afirmar a você que ao pegar algo para matar a nossa fome e nos mantermos vivos, não muda jamais a nossa honestidade e nem a nossa sinceridade.
Carl completou:
- Quem apanha algo para comer e manter-se vivo não está cometendo um ato de furto ou roubo. Está defendendo a própria vida. Isso até Deus perdoa.
- Deus perdoa? - perguntei.
- Claro! O seu Deus é o mesmo para nós. Apenas nos diferenciamos como espécie de animais. - disse Carl.
Não sei porque ouvi um estalo e abri os meus olhos. Não havia esquilo algum na minha frente. Olhei para os lados. Levantei-me da cadeira onde estava sentado e tentei novamente procurar os tais esquilos. Nada. Tudo estava silencioso naquela manhã de outono, naquele jardim, à frente de uma casa no bairro de Astória, em Nova Iorque.
Agradeci a Deus pela lição que me foi ensinada pelos dois bichinhos e fui tomar o meu cafezinho de todas as manhãs.

O autor é educador, escritor e músico.

e mail: aldozottarellijunior@gmail.com