Aldo Zottarelli Junior
Triste, muito triste foi como eu fiquei, desde o momento em que soube que o desfile comemorativo do aniversário da minha cidade não seria realizado pela vontade de uma única pessoa.
Uma tradição de 186 anos de vida foi quebrada, na segunda feira, dia 24 de junho de 2013, porque o medo encampou o prefeito municipal, talvez ouvindo algum dos seus maus conselheiros que participam da sua administração. Foi uma pena.
Rio Claro sempre se destacou pela coragem da sua gente e pelos heróis nacionais que aqui nasceram, viveram e buscaram sempre lutar por um pais melhor para todos. A história nos conta e nos exemplifica com fatos onde sempre existiu a figura destacada de um rio-clarense. Foi assim nesses anos todos e provavelmente será para sempre.
Um prefeito municipal, mesmo que tenha sido eleito por uma maioria esmagadora de votos, não pode pensar que a sua cidade é propriedade particular e por isso ele não tem o direito de mandar e desmandar sem obedecer o que a lei determina para as suas funções. Ele apenas ganhou o direito de administrá-la, como o principal funcionário público municipal pago para fazer com que o seu povo seja feliz e, por isso, não se arrependa de ter feito a escolha certa.
Dizia o meu amigo e falecido Waldemar Karan que o grande inimigo de um prefeito é a famosa mosca azul que, escondida em seu gabinete, pode picá-lo e transforma-lo, dali em diante, como um monarca ou o rei da cidade, com as reações de ser o proprietário absoluto, conforme a sua vontade. Infelizmente, a história da mosca azul serve para todos os prefeitos brasileiros. Cada um é cada um. Ou melhor, cada um no seu quadrado!
Eu conheço o atual prefeito municipal de Rio Claro e sempre vi nele uma pessoa culta, simples, educada,bem intencionada e nunca pensei e nem gostaria de pensar que algum dia, ele pudesse alterar a trajetória do seu caminho certo e honesto que sempre manteve. Mas há o caso da mosca azul. Cuidado, porque aqui o bicho pega.
Para atender as exigências dos partidos que o elegeram, obrigou-se a saturar a folha de pagamento do funcionalismo municipal com a adição de milhares de vagabundos que, como cabos eleitorais, portaram bandeiras da sua campanha nas últimas eleições. Desta maneira, passou a injetar muito dinheiro nos bolsos desse tipo de gente, deixando de cumprir com as obrigações importantes em benefício da comunidade, como a verba mensal do município para com a Santa Casa, aquela que é uma casa santa para todos nós. Parece que há vários meses isso vem ocorrendo. Será mesmo?
Não pretendo e nem quero numerar outras obrigações que deixaram de ser cumpridas, mas apenas alertar ao meu amigo Du Altimari que para tudo há solução, desde que não lhe falte coragem e força para realizar o seu trabalho de gerente da cidade, como o povo queria que acontecesse. Não sei se essa vontade popular continua existindo depois do que eu vi e ouvi na passeata da última semana em nossa cidade.
Ontem o desfile de aniversário não foi realizado porque um tal de Conselho de Segurança levou o prefeito a temer algum protesto ou violência do nosso povo. Temor efêmero!
As passeatas pacíficas pelas ruas e praças nos mostraram que podem ser feitas com calma e sem violência alguma. Elas são protegidas pelo direito (constitucional) de ir e vir do cidadão brasileiro. Desta maneira, tais manifestações foram reconhecidas pela polícia como pacíficas e sem qualquer violência. Apenas alguns protestos levados com a seriedade marcante dos nossos jovens.
O prefeito sabe o que isso significa como sabe também o que significa a violência de revoltados contra o governo. Ele já participou de movimentos desse naipe como assistiu outros, como a invasão da estação da Central Elétrica de Rio Claro, onde os seus equipamentos foram destruídos e a cidade ficou um bom tempo sem energia elétrica. Lembra, Dú? Pois é!
Foi muito triste suspender o desfile de aniversário de Rio Claro, onde as famílias costumavam ficar nas calçadas, sorrindo com a emoção de ver e aplaudir os seus filhos desfilando. Esse acontecimento sempre foi um fato incontestável da nossa história durante muitos anos. Se alguns participantes do desfile iriam vestidos com roupas pretas e portando cartazes de protestos, não seria o motivo para suspender o desfile, porque cada um tem o direito de escolher a roupa que veste e o que achar melhor para certas ocasiões.
A sugestão do Conselho de Segurança local ao prefeito foi um furo na água do bom senso e me faz continuar triste por não ter visto o povo comemorando o evento principal da nossa cidade. Será que faltou coragem a alguém ao suspender essa festa de todos que vivem na comunidade rio-clarense? Duvido, mas. . .
Se houvesse o desfile e o prefeito fosse vaiado, seria mais correto que ele recebesse a vaia como um incentivo para mudar muitas coisas que ele sabe que estão erradas em sua administração. Talvez essa oportunidade poderia ser a única e ele a perdeu.
Entretando, eu continuo triste, como toda a população de Rio Claro. Que pena!
O autor é educador,escritor e músico
E-mail: aldozottarellijunior@gmail.com
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