Aldo Zottarelli Júnior
Toda vez que ouço "Paris Belfort" sinto um arrepio dentro de mim como se atingisse até a minha alma. Lembro-me também do conselho de minha mãe para que, na manhã do dia 9 de julho, eu devo acordar e agradecer a Deus por ser paulista e orar pelas almas daqueles que morreram defendendo o que todos nós paulistas e brasileiros queríamos: o direito de ter uma constituição democrática e o fim da ditadura comandada pelo Getúlio Vargas.
Aprendi que, no Estado de São Paulo, as duas datas cívicas mais importantes são: o 7 de setembro, data do aniversário da independência do Brasil, um feito nascido de um heróico brado retumbante de D.Pedro I, às margens plácidas do córrego do Ipiranga, em São Paulo, e o 9 de julho de 1932, que anualmente lembramos e coroamos com flores os nossos heróis tombados na revolução constitucionalista paulista, na busca dos direitos civis e liberdade para todos os brasileiros.
Esse movimento do povo paulista, nascido com os estudantes universitários nas arcadas do largo São Francisco, está ressurgindo nas ruas das grandes capitais e cidades do interior, porém com objetivos diferentes. Agora se exige do governo providenciar as medidas urgentes às aspirações e desejos do povo brasileiro, para se obter a felicidade e a paz com a melhora da saúde, da educação e dos transportes, aliados ao aumento de empregos, habitação etc. Na realidade, o que o povo quer é a garantia de viver num Brasil melhor sem corrupção ou outros atos de piores naipes, como sói acontecer nos últimos anos.
Claro que, para tanto, há a necessidade de se reformular o sistema político brasileiro com a participação exemplar daqueles - não muitos - que operam no Poder Legislativo Nacional, sem a obrigatoriedade de qualquer intromissão ou opinião do Poder Executivo. A nossa Constituição determina quem cuida da elaboração das leis - o Poder Legislativo, e não o Poder Executivo. Entretanto, se houver qualquer tentativa da inversão, é sinal de que estamos sob as ordens e determinações de uma espécie de ditadura, o que não queremos de forma alguma.
A revolução constitucionalista de 1932 tinha a finalidade da busca do direito e da justiça, sob a proteção da existência de uma Lei Maior, no combate contra a ditadura da época. Fomos vencidos nos campos de batalha, mas dois anos depois, todo o Brasil, principalmente nós paulistas, nos sentimos vitoriosos e emocionados, ao vermos a promulgação da Nova Constituição Brasileira. Tudo graças aos combatentes da inesquecível revolução paulista de 1932.
Hoje, é diferente. O povo paulista nas ruas poderia ser um momento para lembrarmos do 9 de julho de 1932, porque paulista que é paulista não aceita jamais ser dominado, subjugado e comandado sob um sistema qualquer de ditadura como forma de governo ou por governantes fracos e incompetentes. O paulista é brasileiro e forte acima de tudo e não aceita falcatruas e nem corrupção daqueles que ora dirigem esta Terra da Santa Cruz e ainda teimam em permanecer na crista da onda.
O sangue que, naquela época, corria dentro de cada soldado paulista, marcando a sua cor na bandeira das treze listras, ainda continua a correr dentro das artérias dos nossos corpos. Ele nos dá a responsabilidade para elevarmos as nossas cabeças, com altivez e coragem, buscando um Brasil saudável, rico e feliz, onde o seu verdadeiro dono é o seu próprio povo. É por isso que ele tem demonstrado que, se for necessário, irá novamente às ruas, quantas vezes puder, para alcançar o ideal de defender esta nação soberana e respeitada.
Mais ainda: sem enganações, corrupção, mensalões e mentiras de governantes que traíram os eleitores que neles confiaram.
São Paulo sempre estará alerta com os seus jovens de qualquer idade para, como em 1932 e se necessário for,darem as suas vidas e o seu sangue para a existência legal de um Brasil limpo e sério, como queremos.
Pensando assim é que entendo melhor o porque de todas as manhãs do dia 9 de julho eu orar agradecendo aos soldados paulistas de 1932. Devo pertençer, talvez, à última geração das famílias rio-clarenses que viveram aquela revolução que mostrou ao mundo o que é ser um paulista verdadeiro: aquele que nada teme na busca da Justiça e do direito de cada um lutando pela vida democrática do seu povo bom e feliz, como sempre foi o povo brasileiro. Valeu 9 de julho de 1932!
Valeu São Paulo!
O autor é educador, escritor e músico.
E mail: aldozottarellijunior@gmail.com
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