terça-feira, 30 de maio de 2017

UM SONHO DE OURO

Como acontece toda vez que vou a Nova Iorque, procuro um cantinho onda posso degustar alguma coisa gostosa e beber uma da bebidas prediletas do pessoal que sabe viver e ouvir a boa música: cerveja.



Ali estou sentado numa das mesas daquele local onde os que me acompanham também esperam o músico que, duas ou três vezes na semana, aparece e assume o piano da casa e sorrindo toca justamente os sucessos que queremos ouvir. Ele é fantasticamente bom e tem  nos dedos das suas mãos a sensibilidade única de acompanhar ou solar algum sucesso conhecido de todos.
Normalmente, Cidinho Teixeira, esse brasileiro que há mais de quarenta anos chegou a Big Apple, diretamente do Rio de Janeiro, para tentar ganhar a vida como o pianista maravilhoso como ficou conhecido pelos que moram e frequentam as noites jazísticas daquela cidade e tenta assim permanecer.
Sempre sorrindo, o que é do seu feitio, Cidinho, o pianista brasileiro, foi  conquistando os locais mais sofisticados onde os exigentes frequentadores gostam de ouvi-lo, solando ou acompanhando os famosos cantores ou solistas, numa metamorfose musical impressionante e sempre aplaudidos após qualquer apresentação.
Várias vezes ele me pedia para eu tocar o piano à sua disposição e me afirmava que gostava de ver e de ouvir o que eu mostrava saber no uso daquele instrumento. Eu me sentia honrado quando ele assim me afirmava e isso acabou se tornando  uma constante.
Pai de um dos melhores bateristas de Nova Iorque, eu ficava impressionado com as performances do Cidinho, Mauricio, Itaiguara e tantos outros  que tornavam o ambiente alegre, e descontraído onde todos nós queríamos que aquelas noites jamais terminassem.
Algumas vezes aparecia por lá o maravilhoso Dom Salvador, outro brasileiro destacável e super aplaudido pelos norte-americanos que o consideram como o "Dom" de todos e muito reconhecido pelo Cidinho como o pai e mestre do piano.
As minhas noites nova-iorquinas sempre me trouxeram o que poderiam ser consideradas a "nota dez"e me enchiam de paz e emoção e mais ainda quando Salvador ou Cidinho eram as atrações. Feliz eu ficava e transmitia a minha alegria espontaneamente. 
Lembro-me em que várias oportunidades, ao visitar Salvador, no famoso restaurante  "River Coffee" em um pier, no East River, sob a ponte do Brooklyn era convidado e sentar-me junto com ele ao piano, e juntos tocávamos várias canções conhecidas dos famosos frequentadores daquele local. O mesmo fazia Cidinho quando eu o visitava nos locais onde ele se apresentava.
Tenho comigo uma foto onde Eu, Salvador e Cidinho estamos juntos e sorrindo. Ela está aqui neste local onde escrevo minhas notas.
"Bem que esta foto poderia ser capa de um CD de nós três juntos"- confessou Salvador com um sorriso. Não sei se ele estava brincando ou falando sério.
A minha amizade e estima que tenho, no meu coração, pelos dois pianistas pode ser uma realidade futura, desde que Cidinho melhore com a sua saúde e que Salvador possa se livrar um pouco das obrigações de ficar junto e cuidando com muito carinho a Mariá, sua querida esposa. Lembrando de Cidinho e de Salvador fico aqui no meu recanto, torcendo para que um dia possamos tornar em realidade o nosso sonho de ouro: tocarmos juntos. Será?
Salvador, Cidinho e Aldo que trio, hein? 
Esse sonho poderá ser possível?  Quem é que sabe?

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