quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

HOSPITAL PARA O POVO - UM CASO PARA SE PENSAR.

Aldo Zottarelli Júnior

Confesso que nunca havia pensado algo semelhante ao funcionamento de um hospital. Coisa de louco!
Precisei me internar num desses nosocômios existentes na cidade e procurei observar o seu funcionamento e os trabalhos de seus funcionários. Eu disse funcionários e não disse médicos.
Há uma razão para isso. Eles não se confundem porque as suas funções são diferentes, e só se manifesta uma integração quando o médico assina as suas ordens e os funcionários obedecem.
A responsabilidade sobre a saúde do paciente é do médico e o seu cuidado pertence aos funcionários da área da enfermagem, ou seja, enfermeiros,técnicos e auxiliares de enfermagem. Por isso, talvez, é que a coisa funciona.
Jamais uma enfermeira se responsabiliza pela saúde dos pacientes sem o vista do médico. Cabe tão somente a ela o acompanhamento do tratamento e relatar ao médico o que vem ocorrendo para aplicar novas recomendações.
Feita essa devida observação, num hospital, a segurança de quem será internado é primordial. Desde a sua identificação e verificação dos documentos solicitantes para a internação, até a entrada no quarto ou no apartamento indicado, são aplicadas algumas regras para que não ocorram problemas entre o paciente e a direção do hospital. Isso porque a indicação do local onde o paciente ficará poderá não ser aquele que ele esperava. Daí, é possível a primeira reclamação do "freguês".
Depois da internação, alguns tropeços podem surgir, indo desde a cama até à TV, passando por outros dados como banheiro, chuveiro, janela, ar condicionado, etc. E daí? Quem vai resolver o problema?
Se for simples,é possível até que o auxiliar de enfermagem resolva. Se complicar, outro funcionário específico será chamado. Jamais o médico, porque este não tem nada a ver com o problema de instalações hospitalares, a não ser, suas exigências profissionais sobre o centro cirúrgico e a sala de UTI para recuperação pós-cirúrgica.
Pois é! 
Reclamações surgem e buscam os que possam resolvê-las.
Refeições para os pacientes e para os seus acompanhantes são fatores bastante criticados. Quem serve segue as ordens da nutricionista e quem come segue quem? Só que a dita refeiçã vem sempre fria e mais ainda, sem sal e sem sabor.
Não é fácil! Se quiser comer melhor, mande buscar um lanche na lanchonete do hospital. Tá? 
É a regra do jogo.
O dia segue em frente e a noite também. 
Sai uma atendente, entra outra atendente.
Elas medem a pressão do paciente, os seus batimentos cardíacos, termômetros, etc, sem contar com a aplicação do soro e dos medicamentos que são injetados nele para efeitos concomitantes.
Depois, vem as duas visitas diárias  do médico ou médicos. Obrigatórias!
Se colocarmos no papel o número de vezes que a porta do quarto do paciente é aberta para esses atendimentos ou respostas de chamadas,e dividirmos pelas 24 horas do dia, vamos concluir, que a cada duas ou três horas, o coitado do doente é incomodado a se sujeitar aos exames,medidas, etc.
Pô, meu! O que eu estou fazendo aqui? Vim para me tratar e me curar e acabo ficando mais cansado com tantas interrupções ao meu descanso.
Mas em outros locais do hospital a vida continua.
Tudo funcionando de acordo com as normas e os procedimentos ditados pela diretoria. Há procedimentos para tudo.
Os números tributáveis continuam a ser somados e, provavelmente, ao ser dada a alta ao paciente, é possível que ele se espante e tenha alguma convulsão ou enfarto de algum órgão interno. Se tem algum plano de saúde, este será questionado pelo funcionária, que apresentará os gastos hospitalares da internação do paciente.
Incrível, mas verdadeiro.
Serão apresentados, além dos honorários do médico, do anestesista, do médico auxiliar, do assistente disso e daquilo, horas na UTI, exames de sangue e de urina, aplicações de medicamentos, soros,radiologia,ultrassom, diagnóstico de imagem, etc, somando uma quantia jamais sonhada pelo coitado daquele que o hospital hospedou.
- Vai pagar à vista ou no catão? Se quiser, o hospital facilita em até seis vezes, sem acréscimo.
O paciente, ao ouvir a funcionária da tesouraria, fica impaciente e pensa consigo: "onde eu fui me meter".
Claro que tudo o que foi usado deve ser cobrado e pago. O hospital é uma empresa como outra qualquer, e precisa cobrar para que tenha lastro suficiente para pagar as suas diversas despesas de funcionamento. Daí, é preciso entender que a maioria desse tipo de hospital não atende os que não podem pagar pelos seus serviços porque não é uma casa de misericórdia. Para isso, existem as Santas Casas ou algo semelhante. Só que na hora da correria, a família chama uma ambulância, vai para um pronto socorro ou para um hospital mais próximo. Aí é que a coisa começa a embananar. Depois, as consequências irão aparecer.
Infelizmente, em nosso país, o atendimento hospitalar para quem precisa e não tem como pagar é muito deficiente, e os nossos governos não conseguem pensar, mudar ou medir essa deficiência, que traz prejuízos alarmantes ao povo brasileiro. Porém há uma única saída.
Seria o SUS? 
Claro que é!
Mas, ao citarmos o SUS, lá vem as mãos dos políticos em cima  com os governos se afogando em promessas não cumpridas. Não há país como este!
Há outros países que agem diferente e utilizam os seus impostos para atender a saúde de qualquer cidadão. Diferente do que observamos por aqui. O povo paga e paga e. . . ficamos nisso. Quem irá nos salvar? 
O Chapolim colorado?
Que nada. Isso é coisa séria e por aqui ninguém leva nada a sério, a não ser o carnaval, o futebol e a cachaça.
Alguém duvida?
Enquanto isso,vamos ficando desamparados e analisando as cobranças dos hospitais particulares até quando?
Alguma mudança?
Só quando o governo brasileiro parar de mandar os milhões de dólares- sem retorno - para Cuba, Venezuela, Africa, etc e investir naqueles que pagam por isso: o povo deste Brasil Varonil.
Quando? Não sei!

O autor é educador, escritor e músico
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário