domingo, 9 de fevereiro de 2014

EXPRESSÕES CAIPIRAS

Aldo Zottarelli Júnior

Este nosso país tem coisas agradáveis e maravilhosas como também tem um povo autêntico e divertido. Fazer piadas é a coisa mais comum entre os brasileiros, que  gostam de inventar até o impossível, na busca de completar uma estória engraçada. 
"Faz parte do meu show", diria Cazuza. 
"Faz parte do nosso show", eu rebateria. E como faz.
Vou ficar apenas na área da comunicação do nosso idioma. O português brasileiro.
Há palavras que tem um significado, conforme o local onde estamos neste Brasil varonil.
Isso todos já sabemos. Não é?
O  mineiro trata do seu vocabulário de tal maneira que somos obrigados a procurar um dicionário das expressões mineiras para entendermos o que ele disse, ou o que ele pensa, etc.
Recebo como um presente, uma plaqueta de madeira onde estão três expressões típicas do caipira mineiro: "onco sô; onco tô, onco vô,
Dará pra entender se lermos devagar, 
"Com calma e bem devagar, a gente entende", diria o compadre Décio do Brejo Seco que não aceita ser chamado de "compadre" porque o certo para ele, seria "cumpadre" com C e mais U. Tentei dizer para ele o que significavam essas duas letras juntas, mas  desisti porque daria muitos panos para manga em discussão.
Mas voltando às três expressões da plaqueta, podemos entender a mesma coisa se estivessem escritas as expressões: "QUEM EU SOU, ONDE ESTOU, ONDE VOU?" Que coisa, não? Mas vamos entender o significado dessas expressões que, diariamente, qualquer brasileiro teria a vontade de perguntar.
Quantas vezes paramos a nossa caminhada para o nunca e perguntamos quem somos. Pois é o tal do ONCO SÔ mineiro, que tem a sua razão de existir, principalmente quando ficamos embasbacados e não sabemos nem responder a nós mesmos quem somos? Já experimentaram isso?
E o ONCO TÔ?
Quando sentados ou deitados, fechamos os nossos olhos e nos lembramos de um passado não muito remoto que vivemos e nos vêm a vontade de perguntar a nós mesmos onde estamos? Isso sem exemplificarmos o momento de estarmos pisando em nuvens, e não sentirmos um chão sob nossos pés como muita gente percebe ao receber uma notícia que proporciona um impacto mental. É o momento em que nos isolamos de nós mesmos e tentamos descobrir onde estamos. Não é?
Depois de sabermos quem somos e onde estamos, ou seja ONCO SÔ, ONCO TÔ, chegou a principal das expressões mineiras que pode definir uma vida: ONCO VÔ?
Pois é, ninguém seria capaz de explicar o porque dessa expressão surgir em várias oportunidades e nós ficamos impacientes sem saber como será o futuro de cada um.
Ao analisarmos os aspectos positivos das três mensagens, vamos perceber que, mesmo com  escritas totalmente abençoadas da mineirice caipira, elas significam até mais do que imaginamos.
São três perguntas feitas ao nosso ego, buscando respostas que possam ajudar a construir um futuro, sem nos esquecermos como somos e o que já fomos. 
Se pudermos entender dessa maneira, vamos entender também como é grande  o ensinamento da filosofia de vida que o caipira mineiro nos dá, não se importando das brincadeiras que a inutilidade do brasileiro metido e alfabetizado faz, pensando que a maneira de falar e de escrever do cidadão caipira seja desprezado, porque fere o idioma do país.  
Nada disso. 
Às vezes essa filosofia mineira nos diz muito mais do que o "To be or not To be"que Shakespeare tentou explicar e até agora ele não conseguiu.
Diferente da expressão do caipira, que todos sabemos muito bem 
o seu significado:  ONCO VÔ?
Né mesmo?

O autor é educador, escritor e músico.
Para  agenciar palestras :  
e mail: aldozottarellijúnior@gmail.com

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