Aldo Zottarelli Júnior
Agora neste instante, neste salão que mais parece um refeitório, comecei a entender o que significa o" não ".
Agora neste instante, neste salão que mais parece um refeitório, comecei a entender o que significa o" não ".
Você sabe o que é o "não"?
Pois é, agora eu sei e muito bem.
Vou tentar explicar: pense em algo possível de acontecer.
Pensou?
Vou exemplificar: acordar, após uma noite bem ou mal dormida, é algo possível de ocorrer com qualquer pessoa. Concorda? Entretanto, se você não dormiu, jamais o acordar existirá. Duvida? Tente!
Então me explique: como eu vou acordar se eu não dormi. Incrível, não é?
Relaxe um pouco e reflita sobre isso.
Vamos ao problema, Como deixar de pensar se o "pensar" é simplesmente impossível de ser abandonado ou esquecido, não é? Por isso mesmo, é lógica a possibilidade de você achar que eu estou patinando na maionese, ao falar essas coisas sem nexo.
Tal possibilidade passou a ser grande. Que nada! Passou a ser enorme.
Mas vamos em frente porque atrás vem gente. E como vêm. Será?
Somente pode discordar dessa afirmativa quem vive solitário em algum deserto, neste mundo de loucos. Ou não é?
Besteira! Como posso afirmar ser este um mundo de loucos se acabo de citar a existência de uma única pessoa vivendo num deserto. Se ela está só ou vive na solidão, afirmo e confirmo que o mundo é de "loucos". Onde fui buscar o "plural" para juntar a esse alguém que vive só neste mundo? Pois é!
Voltando à frase " atrás vem gente", eu pergunto: e se ocorrer um vazio e ninguém aparecer?
Possivelmente a coisa ficará complicada, não é?
E se você me questionar: fica o quê? Como?
Como resposta, posso ficar em silêncio.
Novamente você pensará que eu perdi o "fio mental da meada" e, por isso, me atrapalho todo ao tentar explicar o que é praticamente inexplicável, ou seja, afirmar que o "não" é tão somente "não" e estamos conversados.
Nada disso. Tem que haver uma explicação para a existência do "não". Tem que existir essa explicação, porque desde que haja um "sim", é inevitável a existência de um "não".
Engraçado! Até agora, nem eu e nem ninguém falou sobre a palavra: "sim".
Ora, se não existe o "sim", não existirá o "não". Ou vice-versa.
Para que o nosso pensamento não entre em parafuso sobre o que eu estou contando, precisamos começar tudo novamente.
Não! Começar de novo, não!
Olha ele aí, outra vez, todo charmoso e cheio do TSA.
O que é TSA?
Significa: "Tá Se Achando", tipicamente impróprio e inoportuno, como a palavra "não".
A roupagem negativa do "não" impressiona quem passa o dia todo tentando descobrir o conteúdo do espaço existente dentro da cabeça de qualquer mortal. Não é fácil mas é verdadeiro, concreto, real.
Se isso deixar de existir, deixará também de existir aquele que pensa que é e não é. Foi!
O mesmo acontece quando demonstramos a fixação de um estado emocional.
O antes partiu, deixando o momento vazio para ser ocupado pelo "ser" ou pelo "estar".
Porém, se não conseguimos entender as explicações sobre o uso da palavra "não" é porque estamos lendo algo e pensando em outro algo muito distante. A consequência desse pretenso desajuste está na relação direta da coordenação da nossa mente com o nosso infinito íntimo e, com isso, é bem possível que deixamos de existir ou de sermos o que fomos.
E pensar que tudo isso saiu da tentativa de se buscar uma explicação simples sobre a existência do "não". Parei!
Ouvi o som de uma campainha tocando.
Naquela sala, todos se movimentam e se mostram vestidos com pijamas semelhantes de cor branca, como se estivessem uniformizados.
Começo a entender que eu não sou e nem estou em lugar algum. Aqui o "não"prevalece, com certeza!
Ainda mais, no refeitório de algum sanatório. . .
O autor é educador, escritor e músico.
Agendar palestras e conferências no
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com
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