Então, o Rei Leão chamou os seus súditos.
Ali estavam a onça, o tigre, o elefante, o jacaré, e outros menos votados ,que formavam o Conselho de Amigos do Leão - CAL. A finalidade era a criação de um outro tipo de conselho que teria a missão de ouvir a comunidade de toda bicharada do universo e trazer para a administração leonina as suas pretensões, para que a vida fosse melhor para todos, com os devidos cuidados com a alimentação, habitação etc. Daí, surgiu no meio da floresta o movimento animal em benefício de todos os seus habitantes.
Aqui vai uma ressalva: animal racional não entra porque esse tipo de animal pensa demais e acaba se corrompendo e prejudicando o tal movimento. Assim, nós os humanos ficamos de fora!
Que coisa. Nem os animais confiam nos homens. Somente o cachorrinho continuará fiel e mais ninguém. Não sabemos até quando. É a vida!
Rei Leão chamou a garça, a sua mais bela assessora e lhe pediu um relatório do que estava ocorrendo na criação dessa espécie de Câmara dos animais da floresta
"Majestade. Estava tudo caminhando muito bem mas surgiu um problema", disse a garça.
"Qual o problema?"
A garça abriu as suas asas brancas e enormes e continuou:
"Veja, majestade, que as minhas asas são extensas e abaixo delas eu posso cobrir os interesses de muitas outras espécies que necessitam ser protegidas."
"Muito bem e daí?"
"Há outras espécies de animais que não tem asas e nem outro qualquer poder de defender os seus eleitores."
"Eleitores? O que é isso?"perguntou o Rei Leão.
Quando o povo animal se reúne para discutir as nossas necessidades, escolhemos os que trarão à Vossa Majestade a demonstração dos nossos problemas para que sejam resolvidos. Agora, com a criação dessa tal Câmara Animal é necessário que aqueles que desejam fazer parte dela ,sejam escolhidos e votados."
"É tão complicado assim?" perguntou o Rei Leão.
"Majestade. Para ter o cargo nessa Câmara o animal interessado terá que fazer campanha entre outros animais para ser votado e eleito"
"Campanha? O que é isso?" perguntou o Rei Leão.
A garça se acomodou melhor. Fechou definitivamente suas asas e explicou.
"Majestade. O animal interessado em ocupar um cargo na C.A. está interessado, e muito, em ir além disso, ou seja ganhar a remuneração do cargo. . ."
"Remuneração? O que é isso?" assustou-se o Rei Leão.
A garça fingiu se engasgar e explicou.
"Trata-se de um pagamento oficial pela atividade da representatividade animal na C.A. "Hoje, em qualquer floresta, ninguém trabalha sem ganhar nada em troca"
"E como é pago esse trabalho?. Quem paga?"
"O povo!"
"Que povo?"
"Nós todos que existimos neste mundo animal".
O Rei Leão fechou os olhos e pensou sobre o que havia ouvido da assessora garça. Lembrou-se que ele e os demais eram animais irracionais e não cabia a eles a importância da criação de uma Câmara, porque em suas reuniões terão que pensar, tornarem-se racionais e chegarem às conclusões tão absurdas que iriam figurar, provavelmente, nas manchetes estonteantes e até comprometedoras sobre o mundo animal. Ficaremos todos corruptíveis e marcados por isso,etc. Ninguém mais iria confiar nessa espécie de animal. Ele abriu os olhos e encarou a garça e ordenou.
"Se essa espécie de animal, que não sabemos nunca se é racional ou irracional, ficará à mercê das suas vontades de mandar e discutir, tudo é possível acontecer. Até farras nos incentivos, nos cofres do reino, nos gastos do reino, nos bens escondidos nas cuecas e aumentos indiscriminados mensais com bases na corrupção desses membros da C.A , seria melhor tomar uma, entre as duas medidas que estou pensando agora: fechar a C.A e mandar os seus atuais membros para a floresta, ou dar a eles o apelido de fichas sujas e nunca mais farão parte da C.A. Que tal?"
A garça olhou bem para o seu Rei e afirmou:
"Embora irracional, Vossa Majestade acabou de tomar uma sábia decisão".
E pensar que isso existe. . .mesmo!
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