segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

IDIOTA, QUEM?

Eu não sei a cidade onde me encontro mas sei que me encontro no interior de uma cidade brasileira.
Ando pelas ruas e vou identificando alguns prédios como o da Prefeitura Municipal, da Câmara Municipal, do Fórum Judiciário, da Delegacia de Polícia e outros menos votados.

Sento-me num dos bancos de um jardim público muito bonito e percebi que, como eu, inúmeras outras pessoas fizeram o mesmo. Entre elas, ouço vários papos sobre tudo o que está acontecendo no país e principalmente naquela cidade. Até parece que ali  eles resolveriam  as soluções para os problemas do pais. 
Sorri, ao ouvir alguém sugerir como aumentar a taxa da água  cobrada dos munícipes. A oposição feita por outro interessado que ali se encontrava foi muito interessante. De repente, chega um outro opinando como cassar o governador do estado. Mas, cassar por que? - fiquei pensando.
A greve dos bancários foi defendida por um desses intelectuais, enquanto que outros achavam que  greve deveria ser geral. Chega alguém com a última notícia: "o presidente da câmara foi preso agora pela manhã".
- Câmara de onde? - perguntou o mais calmo de todos.
- Só poderia ser daqui, seu idiota! - sustentou aquele que trouxe a notícia.
- Vamos até o prédio da Câmara pra ver o que foi que aconteceu.
- A rua em frente da Câmara está com trânsito impedida.
- Eu tenho um passe-livre de entrada no prédio da Câmara e portanto estou desempedido para entrar naquele prédio seja qual for o motivo de seu  impedimento.
- Ele é  pessoal ou não?
- Não. Ele não pessoal.
- Então vamos usá-lo, todos nós
- Vamos?
E lá se foram os munícipes acompanharem o que andava acontecendo naquele imóvel oficial ocupado pelos verdadeiros defensores dos votos do povo: os vereadores. 
Apesar de não ser assunto de meu interesse, mas querendo saber o que andava acontecendo na Câmara Municipal, juntei-me ao novos companheiros e fomos diretamente procurar o sargento da polícia que estava no comando de uma guarda acompanhada de seis militares. Eles tentavam acalmar os que abusavam da segurança, naquele local. Deu para anotar algumas frases.  Vamos lá: 
- Bem que ele mereceu. Era ladrão!
- Escondeu a sua conduta errônea no comando do processo.
- Que processo?
- O que apurava a  cassação do prefeito.
- Que prefeito?
- O desta cidade, seu idiota.
- Que conduta errônea?
- A de exigir uma caixinha para o seu bolsinho para colocar o processo em votação.
- Mas só isso dá cassação?
- Cala a boca, seu idiota.
Surgiu um novo elemento no grupo e se mostrando sabedor do assunto, exclamou:
- Gente, o presidente da Câmara recebeu a denúncia contra o prefeito e de um vereador porque eles haviam exigido propina para arquivar um  processo contra os dois. 
- Quais os dois?
- O prefeito e o vereador, seu idiota!
- Que prefeito? O desta cidade?
- Claro, não é, seu idiota?
De repente, ouvi um som estranho e abafado. Vi que o cara que xingava o outro de idiota estava caído ao solo depois de levar um soco na cara, forte e seguro.
- Agora que você está caído, me responde, quem é o idiota?
Veio a turma do deixa disso e a coisa se espalhou e cada um foi se afastando daquele local antes que o sargento chegasse com a sua guarda.
Como fiquei sozinho, fui embora também,  pensando comigo mesmo como é difícil ser chamado de idiota. Né, não? 



Nenhum comentário:

Postar um comentário