Dizem as más línguas que cada povo tem o governo que merece.
É possível, mas o que me deixou cabreiro foi o mestre Zuza afirmar com todas as letras, vírgulas e pontos que cada um tem a família que merece. E quando ele afirmava. . . estava afirmado!
Confesso a minha cabreirada porque eu tento descobrir o porque das coisas acontecerem e isso acaba me deixando confuso e não consigo explicar nada.
Lembro-me da minha infância, quando eu conheci o citado mestre, e, depois disso, sempre o procurava na esperança de encontrar alguma explicação sobre o que eu sentia e via acontecer no meu mundo.
-Filho - dizia ele - precisamos ter cuidado com as pessoas que nos cercam porque elas podem complicar a nossa vida. Então, cuidado principalmente com amigos e parentes.
-Parentes? - perguntei assustado.
-Sim, parentes. É só eles perceberem que você tem algum bem que, quando morrer, irá deixar em cartório para as competentes divisões testamentais, tornar-se-ão inimigos , uns dos outros.
-Não me diga, mestre.
- Eu conheço inúmeras famílias que se dividiram graças aos interesses de cada um. Ou de cada grupo. E vou mais adiante. A medida que você vai vivendo as seus anos com seus filhos, netos e sobrinhos, vai percebendo que nem tudo faz parte de um paraíso familiar. Tudo se torna um inferno familiar.
-Como assim?
- Se você pensa que, ao se tornar idoso, o respeito dos outros também se reveste de um respeito idoso, está enganado.
Não há o mínimo respeito. Veja os locais reservados para os idosos e deficientes nas ruas, praças, salões, etc serem ocupados pelos jovens cara de pau que não pensam e nem querem dar satisfação de ocuparem tais vagas. É falta de respeito e de educação.
- É realmente falta de educação - concordei com o mestre.
Em seguida ele continuou.
- Vou em frente e digo: ficou velho, olho nele!
- Gostei disso.
- Nessa confusão da má educação, percebemos que os mais jovens passam a se preocupar com as reações dos mais velhos, como seus avós, principalmente os que se classificam junto às balanças das heranças, e aí. . . tudo vai pra cucuia.
Não há o mínimo respeito. Veja os locais reservados para os idosos e deficientes nas ruas, praças, salões, etc serem ocupados pelos jovens cara de pau que não pensam e nem querem dar satisfação de ocuparem tais vagas. É falta de respeito e de educação.
- É realmente falta de educação - concordei com o mestre.
Em seguida ele continuou.
- Vou em frente e digo: ficou velho, olho nele!
- Gostei disso.
- Nessa confusão da má educação, percebemos que os mais jovens passam a se preocupar com as reações dos mais velhos, como seus avós, principalmente os que se classificam junto às balanças das heranças, e aí. . . tudo vai pra cucuia.
- Como cucuia? Explique melhor - pedi ao mestre.
Ele respirou profundamente concluiu:
- Qualquer opinião, dada depois dos setenta anos, merece reparos.
- Qualquer opinião, dada depois dos setenta anos, merece reparos.
- Como reparos? - Indaguei.
- Se um "setentão" afirma ou tenta contar algo, deve ser verificado, examinado e esculachado".
- Esculachado? O que é isso?
- É o mesmo que a desmoralização.
Fiquei a pensar sobre o idosos reunidos com seus parentes e amigos nem percebem que suas palavras e condutas estão sendo fiscalizadas, analisadas e criticadas de maneira tal, que acabam se sentindo desprestigiados e ofendidos.
- E daí?- perguntei, esperando uma resposta certeira.
- O velho percebe que está velho para opinar e acaba se retirando de onde está reunido com amigos e familiares para um canto qualquer ou inventando alguma desculpa. Fica triste deprimido.
Ao ouvir essas palavras do mestre Zuza, fechei os meus olhos e lembrei-me do meus avos que sempre saiam dos nossos encontros reclamando do procedimento dos mais jovens que gozavam com as suas reações. Depois dos sorrisos e gargalhadas que eram estampadas nos rostos daqueles jovens, eu e a minha mãe não aprovamos essas reações e tentávamos defender ofendido. Acabávamos ofendidos também.
Pois bem. Hoje eu faço parte do cordão dos setenta e cinco anos de idade e começo a sentir algumas reações negativas nas conversas com meus filhos e meus amigos. Sempre há críticas e reprovações nas palavras que digo e, com isso, penso que estou demais no ambiente e tristemente me afasto e vou tentar realizar algum trabalho ou assistir a um programa de TV.
Fazer o quê, C'est la vie.
Mestre Zuza tem razão ao afirmar que a velhice nem sempre é reconhecida e respeitada. Porém o relógio do mundo continua a marcar as suas horas e essas determinam o surgimento dos dias, meses e anos. Se um dia essa máquina deixar de funcionar, é bem possível que estaremos todos nivelados na idade e no jeito de ser. Aí, será outra conversa e para tanto terei que consultar novamente o mestre Zuza.
Só que há um senão. O mestre já morreu e não há ninguém que o substitua até hoje. Nem mais jovem e nem mais idoso do que ele.
Então, deixo essa estória ficar por aqui.
Né não?
- Esculachado? O que é isso?
- É o mesmo que a desmoralização.
Fiquei a pensar sobre o idosos reunidos com seus parentes e amigos nem percebem que suas palavras e condutas estão sendo fiscalizadas, analisadas e criticadas de maneira tal, que acabam se sentindo desprestigiados e ofendidos.
- E daí?- perguntei, esperando uma resposta certeira.
- O velho percebe que está velho para opinar e acaba se retirando de onde está reunido com amigos e familiares para um canto qualquer ou inventando alguma desculpa. Fica triste deprimido.
Ao ouvir essas palavras do mestre Zuza, fechei os meus olhos e lembrei-me do meus avos que sempre saiam dos nossos encontros reclamando do procedimento dos mais jovens que gozavam com as suas reações. Depois dos sorrisos e gargalhadas que eram estampadas nos rostos daqueles jovens, eu e a minha mãe não aprovamos essas reações e tentávamos defender ofendido. Acabávamos ofendidos também.
Pois bem. Hoje eu faço parte do cordão dos setenta e cinco anos de idade e começo a sentir algumas reações negativas nas conversas com meus filhos e meus amigos. Sempre há críticas e reprovações nas palavras que digo e, com isso, penso que estou demais no ambiente e tristemente me afasto e vou tentar realizar algum trabalho ou assistir a um programa de TV.
Fazer o quê, C'est la vie.
Mestre Zuza tem razão ao afirmar que a velhice nem sempre é reconhecida e respeitada. Porém o relógio do mundo continua a marcar as suas horas e essas determinam o surgimento dos dias, meses e anos. Se um dia essa máquina deixar de funcionar, é bem possível que estaremos todos nivelados na idade e no jeito de ser. Aí, será outra conversa e para tanto terei que consultar novamente o mestre Zuza.
Só que há um senão. O mestre já morreu e não há ninguém que o substitua até hoje. Nem mais jovem e nem mais idoso do que ele.
Então, deixo essa estória ficar por aqui.
Né não?
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