sexta-feira, 15 de julho de 2016

AMIGO.

Estou no apartamento de um amigo, conversando xurumelas e outros senões quando vem a baila um assunto que muitos de nós não levamos a sério.


Estou com o meu corpo rodando com o motor 7.7 e esse tal amigo está com o seu motor próximo do meu, ou seja, passamos do 7.0. E isso é preocupante, ou não é?
Ah não é? Então experimente ficar diariamente com seus melhores acompanhamentos e você verá o que a idade faz com a gente.
Primeiro: a pele está ressecada e as rugas tomaram conta do seu corpo. Bonito, não é?
Segunda: os cabelos somem como por encanto.Claro que as mulheres tem alguns segredos extra-corpo para camuflar a falta dos fios preciosos da cabeça.
Os dentes. O que é isso? a maioria iria perguntar. São inúmeros procedimentos odontológicos misturando implantes, dentaduras,  próteses, etc., que dão para enganar até que alguém irá perguntar: 
- Dentes novos, não?
Aí a coisa pega e o "down"aumenta mais no inquirido.
O terceiro, e deste até o decimo, dores e mais dores pelo corpo inteiro. Se pudéssemos organizar o campeonato das dores no corpo, o nervo ciático seria o Pelé das dores.
Ao identificarmos as nossas dores, vamos nos lembrar da época que como jovens, só conheciamos alguma de valor tão insignificativo que no dia seguinte essas dores já teriam embarcado no trem das 9 e 12. Né não? Pois é.
Mas ali estava conversando com esse amigo e demos risadas, nos lembrando dos acontecimentos vividos e daqueles que estamos vivendo no momento.
- São fatos e momentos que todo ser humano costuma ter.
Ao ficar sério para declinar essa frase, esse amigo silenciou como se estivesse pensando em algo poderoso. E completou:
- Apesar das dores, eu me sinto bem e esquecido delas, quando estou na companhia de algum amigo.
E não é que ele tem razão - pensei.
Lembrei-me que ao enfrentarmos a época do pós 70 anos, afastamos de tudo e ficamos em casa lendo, vendo TV, ouvindo rádio, falando pouco e pensando, que a solidão passou a ser uma maneira de viver. Comento com esse meu amigo, e ele afirma que passa o mesmo com ele.
Contei que das 24 horas diárias, a mais importante para mim e que me deixa contente, é aquela única hora em que encontro-me com meia dúzia de companheiros da mesma ou próxima da minha idade, pelos lados do jardim central da minha cidade e conversamos e badalamos sobre tudo de maneira humorística e tudo fica engraçado e gostoso de usufruir. 
- É verdade, afirmou  o meu amigo.
- É ali com esses amigos, que descobrimos que ainda estamos vivos e que somos gente.
Entendi que a palavra chave dessa conversa, se misturava com as outras, sendo  conhecida como "amigo".
Alguém já pensou o que significa ter amigo ou amigos?
Pois é, aqui se encontra o xeque mate desse jogo que costumamos chamar de vida.
Podemos ter de tudo que queremos, mas o que nos incentiva e nos sentimos alegres, é saber que temos amigos. Sinceros, é claro.
Já imaginaram os incautos se não houvesse amigos no mundo?
Eu nunca imaginei e nem quero pensar sobre isso.
Não vou afirmar que amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito. Nada disso. 
Amigo é aquele que, se um dia ele morrer, iremos morrer juntos porque a falta dele jamais será compensada ou substituída.
Né, não?


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