sexta-feira, 4 de março de 2016

A PONTE

Ainda me lembro muito bem dela.
Costumava ir ao parque onde ela ficava aguardando, a qualquer instante, o momento de suportar os vagões dos trens de passageiros ou de cargas que rasgavam os seus trilhos em cima dela.
Eu me acomodava bem próximo dessa ponte  esperando o trem passar sobre ela,  pensando como estariam os passageiros,  olhando pelas janelas dos vagões onde se encontravam instalados   confortavelmente em suas poltronas.
Naquele instante, eu observava a arquitetura daquela obra ali edificada especialmente para alimentar os sonhos dos passageiros dos trens que navegariam com firmeza na busca de um destino diferente de cada um acreditando que no amanhã um novo deveria começar.
Para quem viaja diariamente em qualquer tipo de trem a vida já está caminhando enquanto que para outros a busca de um destino sonhador era uma expectativa de viver.
Eu continuava sentado e observando a ponte toda feita de ferro, demonstrando uma singular força sustentável para qualquer peso trazido pelos vagões dos trens.
Busquei olhar adiante da ponte e  percebi a existência de um viaduto em curva, com um cumprimento com mais de dois quilometros e que davam a sua continuidade.
Essa ponte tem mais de cinquenta anos de existência e a sua construção foi difícil e, quando da sua inauguração, a população daquele bairro, situado em Long Island, esteve presente e comemorou bastante com a colônia grega festejando com os famosos vinhos vindos da Grécia, acompanhados das azeitonas e dos azeites mundialmente apreciados  especialmente aguardados para a festa do início de vida daquela ponte.
Hoje, bem abaixo dessa obra de ferro e aço, existe um restaurante grego que serve tudo o que se pode imaginar da cozinha grega. Vale a pena conhecê-lo.
E eu ainda estou olhando em direção à ponte. Linda! Majestosa e visível de qualquer canto daquele jardim, às margens do  East  River, por onde navegam barcos comerciais, iates e lanchas que fazem as ondas balançarem  a todo instante, assustando as aves que voam e  flutuam nas águas daquele rio, na busca dos pequenos peixes para matarem a sua fome.
Famílias se instalam nos fins de semana ocupando o gramado extenso daquele jardim, onde assam seus churrascos enquanto as crianças e jovens jogam vários tipos de esportes e jogos. Tudo é admiravelmente bacana e contagioso. Sem contar com o caminhão de sorvetes com filas enormes de crianças servindo todo tipo de gostosos sorvetes. Um domingo nesse parque Astória é gratificante.
Deixo de pensar no trem que irá deslizar sobre aquela ponte  e concentro o meu olhar numa visão bonita onde do outro lado do rio estão os magníficos edifícios de Nova Iorque. Lindo demais! Algo que merece ser visto por quem costumeiramente visita a Apple City e em espacial o bairro Astória.
Volto a me preocupar com a ponte.
Ali ela continua, fria e na espera do trem que virá da Grand Station ou de Boston. Quem sabe?
Ao longe meus ouvidos começam a receber o sinal de que um tremda Amtrak está se aproximando. A medida
que o som aumenta deu para perceber que ele vem de Boston. No final do viaduto vejo a locomotiva e parte de seus vagões.
Era um trem de passageiros.
Fico aflito e atento na espera da passagem daquela composição férrea pela minha ponte.
Eis ela chegando e iniciando a passagem pela ponte.
O maquinista dá um apito de sinal anunciando a travessia da ponte. Surpresa! O maquinista me viu sentado e apreciando a passagem do trem e me dá um apito rápido como querendo me desejar um bom dia. Aceno minhas mãos respondendo ao cumprimento.
Alguns segundos depois o trem já havia passado e a ponte continuava muda, forte e aguardando um novo trem que logo surgirá por ali.
Levantei-me de onde eu havia me sentado e esfreguei meus olhos. Tudo ok.
Caminhei em direção ao meu carro estacionado naquele Parque Astória sorrindo de alegria.