sexta-feira, 28 de março de 2014

O POVO É QUEM PAGA

Aldo Zottarelli Júnior

E pensar que muita gente acha que governar uma nação é fácil.
Pode ser para uns que jamais entenderam como é possível  manter uma população de centenas de milhares ou milhões de pessoas sob uma caneta, num gesto individual, único e poderoso que determinará a vida de cada um. 
Para outros, há a necessidade desses atos serem apreciados e assessorados por um competente parlamento legal que represente a vontade do povo e só depois ser concretizado.
 Há ainda os que não aceitam nada e se consideram anarquistas e nada está bom para eles. É a turma do "arrebenta pra ver quem aguenta". Torcida de time de futebol seria um exemplo?
Assim caminha a humanidade com essas pessoas que por vontade do povo ou à força recebem a incumbência de  dirigir um país e têm, em suas mãos, a decisão sobre a vida ou a morte de seus semelhantes obedientes.
 Claro que os cidadãos de um Estado querem na sua direção uma pessoa que se preocupa com o bem estar de todos os seus comandados, e que possa oferecer educação, saúde, paz e felicidade igualmente a todos, sem que isso seja pré-julgada uma forma política de governo com as suas consequências sociais e culturais.
Entretanto é dada à população da maioria dos países o direito ou não de escolher os seus dirigentes. Nessa maneira de escolher está a fórmula básica do tipo de governo que será instalado e cultuado pelos seus responsáveis. 
E bem possível que no andar da carruagem aparecerão aqueles que não aprovam os métodos governamentais impostos pelos responsáveis pela situação governamental e surgem algum movimento estático ou flutuante denominado de oposição. Assim, a história política de uma nação equaciona a existência de duas correntes que se antagonizam pela sua formação e princípios e são escolhidas pela determinação de cada uma. Tanto de um lado como do outro  é determinante a maneira de pensar e de impor a execução do comando. Assim, as ofertas existentes no mercado dos tipos de governo ficam à disposição dos partidos políticos, além da escolha da  base filosófica e até pedagógica para o nascimento e vida de um  sistema político próprio.
Provavelmente a escolha das pessoas pertencentes a um grupo político para ficar com a responsabilidade de dirigir uma nação deve ser feita pelos votantes que, por sua vez, devem saber e conhecer como pensam e agem os que se submetem à votação. Esta opção é a base do  comprometimento de ambas as partes a ser cobrada constantemente,ou seja, da parte de quem votou e de quem foi votado.
É aqui que mora o "esdrúxulo" problema de "deixar ficar como está para ver como é que fica"
Um dos exemplos é apostar na continuidade do tipo de governo que está deixando o mandato do poder responsável, e indicar um sucessor ou uma sucessora para continuar o governo que se despede.
Daí em diante, se saberá se governar ou de se aceitar um governo será fácil ou não.
 O resto ou as consequências de tal ato ficarão para depois com uma única consequência: o povo paga, reclamando ou não.

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com


quinta-feira, 20 de março de 2014

FAZ PARTE DO MEU SHOW

Aldo Zottarelli Júnior

Nasceu pobre, e na sorte soube que também morreria pobre.
O seu nome: Carlos Eduardo, ou Cazuza.
Quando estava sendo amamentado pela sua mãe no leito da materrnidade, o seu pai ao ver emocionado tal cena, comentou: "vocês fazem parte do meu show".
Parece que essa expressão ficou marcada naquela pequena cabeça que, mesmo sem entender o que significava, ficou com o som daquelas palavras em sua mente.
Cresceu no meio de uma comunidade  carente e cresceu com os seus valores. 
Aos cinco anos, numa aula da escola pública que frequentava, ouviu a sua "tia"- professora - dizer que aquela classe de alunos era a parte do seu show.
Ficou confuso porque tinha a impressão de ter ouvido essa frase  num quarto de hospital. Será?
Aos dez anos, ouviu alguém cantando aquela frase no rádio. Ficou atento e identificou depois como sendo um outro Cazuza quem cantava.
"Boa xará ", pensou.
Não demorou muito para fazer parte de um grupo de garotos que andava pelas ruas e assaltava as pessoas buscando dinheiro, jóias e . . .drogas.
Aprendeu a usa-las, e gostando, acabou um viciado. 
Durante os seus momentos alucinógenos, afirmava com a voz rouca e embaralhada: "faz parte do meu show".
Não ganhou a educação dos pais em casa, mas obteve a formação da sua personalidade nas ruas com a violência e a repugnância como seus principais valores morais.
Em todas as vezes que lhe era dada a oportunidade de dizer alguma coisa ou dar a sua opinião, ele terminava falando e sorrindo:" faz parte do meu show". Era a sua maneira de se identificar como um pseudo-líder de grupo marginal.
Ao ser preso pela primeira vez pela polícia, por ter assaltado uma pobre velhinha, na busca de algum valor, ele justificou, diante do delegado de policia, que o que fizera "fazia parte do seu show." 
Tudo para ele era uma espécie de show onde se vestia como o seu principal interprete. E ele acreditava nisso. Ele tinha a certeza de que era o artista principal de qualquer cena do seu cotidiano
Quando estava solto, e andando sem destino pelas ruas da cidade, na busca de dinheiro, jóias e drogas, tinha o costume de cantar aquela música feita pelo seu xará. E gostava dela.
Tornou-se um adulto criminoso e perseguido pela polícia.
Em tudo o que pretendia fazer, fazia com violência, como estuprar um menina de doze anos, para vê-la assustada e chorando, com sangue nas suas vestes e, olhando-a com desprezo, disse: "desculpe-me mas isso faz parte do meu show". 
Ao deixar um ancião desfalecido com a violência que havia empregado para roubar poucos centavos, olhou para a vítima e repetiu várias vezes que aquilo que havia acontecido "fazia parte do seu show". Em seguida, dava uma grande gargalhada.
Ao assassinar um casal que estava namorando dentro de um carro estacionado numa rua pouco iluminada, ele olhou para as vítimas  assustadas e  disparou a sua arma cantando a melodia de sempre: "faz parte do meu show".
Quando os seus pais morreram,  ele ficou revoltado e tornou-se um assassino implacável. Aliás, todos o temiam.
A sua fama cresceu no meio do crime e passou a ser um bandido temível e, ao mesmo tempo, marcado por todos os que se movimentavam no meio criminal da cidade. Era possível que algum dia ele viesse a ser morto pela polícia ou por outro criminoso. Seria uma questão de oportunidade. Mesmo sabendo disso, ele costumava deitar na cama e sorrindo, cantava:"faz parte do meu show."
Enfrentou muitas vezes os esquadrões policias como a Ronda, onde os tiroteios com os bandidos acabavam com mortes para os dois lados. Era por isso que os policiais tinham ódio sobre os grupos de delinquentes como os do Cazuza,
Aos vinte e cinco anos, combinou com mais três companheiros, um  assalto ao caixa eletrônico de um banco, num dos bairros da cidade. Durante o dia, era uma rua tranquila e à noite, totalmente favorável para tal crime.
Tudo deu errado. A polícia recebeu a informação antes  e ficou na espreita dos bandidos.
Houve um tiroteio jamais visto na redondeza. 
Num determinado instante, Cazuza percebeu que seus companheiros estavam tombados, mortos e somente ele permanecia vivo, sem qualquer bala em sua arma. Elas haviam terminado.
Levantou os braços e segurando o revolver com a mão direita veio andando em direção dos policiais cantando "faz parte do meu show".
-Pare e deite-se ao chão e jogue a sua arma para longe. - foi o que ouviu de um dos policiais.
Ao tentar se ajoelhar para deitar ao solo, perdeu o equilíbrio do seu corpo e caiu, dando a impressão de que iria atirar com a sua arma. 
Três tiros certeiros dos policiais perfuraram o seu corpo.
Deitado e imóvel pelos estragos dos tiros recebidos, viu que um policial aproximou-se e disparou mais uma vez entre os seus dois olhos. Cazuza partiu sem ouvir a proclamação do seu matador: 
"Hoje, eu fiz parte do seu show, seu canalha. Essa bala é para você saber que num dos seus shows você matou o meu filho".

O autor é educador, escritor e músico.
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

domingo, 16 de março de 2014

O JOGO

Aldo Zottarelli Júnior


Era um domingo como um outro qualquer naquela cidade do interior.
Saio de casa pela manhã e vou até ao supermercado do primo da minha mulher para comprar bolacha champanhe para ser colocada como recheio num pavê de chocolate. 
Dentro daquele pequeno mercado, a maioria das pessoas falavam no tal jogo de futebol que seria realizado à tarde entre uma equipe local e um grande time paulista.
As críticas positivas ou negativas eram feitas uma a uma, e eu fiquei a observar  as opiniões que iam e vinham sobre o possível resultado da comentada "porfia"- gostaram?
Lembrei-me de que na cidade há dois times de futebol profissional e as suas torcidas são extremamente fanáticas.
Na história de um desses clubes, houve um diretor tão dedicado que o seu nome é hoje a denominação do estádio desse clube. Ele costumava acompanhar, pessoalmente, os jogadores da sua equipe aos jogos realizados em outras cidades, e ao término deles passava o resultado via telefone, comentando a "performance" de seus jogadores. Numa dessas informações, para demonstrar o grande amor pelo seu time do coração ele afirmava que a sua equipe  havia "perdido bem".
- Como perdeu bem?, eu perguntei.
A explicação foi a seguinte: os jogadores jogaram muito bem, mas perderam. Perderam de cabeça erguida!
- Perderam de quanto?
- Cinco a zero!
E perderam bem, pensei.
A minha cidade sempre teve pessoas apaixonadas pelo futebol e naquele domingo a coisa fervia em todos os cantos.
A meninada jogava seus "rachas" pelas ruas, vestindo as camisetas iguais as dos times da cidade, assim como muitas pessoas também sentiam-se honradas usando as camisas azul e branca ou vermelha e verde, cores de seus clubes.
As bancas de jornais e revistas estavam cheias de compradores na busca de notícias e informações sobre o jogo da tarde. 
Os aperitivos servidos nos bares prestavam, naquela manhã, a sua colaboração, servindo as suas bebidas acompanhadas com papel/guardanapo nas cores azul e branca, e com a estampa do distintivo do clube local que iria jogar.
No almoço das famílias, o assunto era o jogo da tarde. Os diversos palpites eram feitos e todos queriam opinar e aguardar ansiosamente para ver o espetáculo.
Era incrível o que se passava com os habitantes da cidade que não mediam esforços e nem se preocupavam com o que os outros viam em suas condutas. E tudo por causa de um jogo.
Na sala de espera da maternidade estava um futuro pai roendo as unhas de suas mãos, aguardando alguém sair do centro cirúrgico  e trazer a notícia tanto esperada. Quando isso aconteceu, a enfermeira não encontrou o pai do menino que nascera e, em seu lugar, havia um bilhete: "fui ao jogo!".
O futebol corria nas veias de todos.
- Precisamos ganhar para irmos às semi-finais- dizia um torcedor, e continuou - se empatarmos, teremos que esperar os resultados dos outros jogos.
- Vamos ganhar de qualquer jeito - afirmava outro fanático cidadão.
Esse era o conteúdo das conversas e "bate papos" em qualquer canto da cidade. O jogo parecia ser um caso de vida ou de morte. Ou da polícia?
Esta também já estava com os seus pelotões de soldados na arena do jogo.
- Se formos derrotados, só iremos jogar no próximo ano. Já imaginaram ficarmos sem o futebol do nosso time até o ano que vem? - era a pergunta que todos faziam.
- Que nada! Vamos vencer e vamos para a cabeça. Esse é o jogo das nossas vidas - era como pensava a maioria. 
Olhar para o relógio à procura das horas e esperando o momento do jogo, era um fator pessoal de cada torcedor.
As horas se passavam e a aflição aumentava. O  coração de cada torcedor já iniciava uma aceleração, perigo de problemas coronários que estavam sendo expostos.
Trinta minutos antes do início do jogo, os seus jogadores já estavam se aquecendo com várias bolas e observados com alegria pelos torcedores, que eufóricos lotavam todos os espaços do estádio municipal.
De repente, todos os atletas desapareceram, voltando para os seus vestiários.
Quinze minutos depois, os dois times adentram novamente o gramado da disputa e cada jogador está de mãos dadas com crianças uniformizadas como eles e sorrindo para toda a plateia.
No meio do campo, o juiz, bandeirinhas e auxiliares chamam os capitães das duas equipes que se cumprimentam e fazem o sorteio do campo de defesa para cada equipe.
Em seguida, somente os jogadores que irão iniciar o jogo formam uma única fila de frente para a bandeira nacional hasteada naquele estádio.
Ouve-se o Hino Nacional Brasileiro. A maioria das pessoas ficam em pé e  cantam como se fosse o hino do jogo. Muitos  se mantém calados e observam atentamente os artistas da bola que estão perfilados e concentrados no som do hino e pensando, talvez, como enfrentarão os seus adversários.Ao final do hino,todos aplaudem. O jogo irá começar.
Os onze jogadores se deslocam e ocupam seus respectivos lugares no gramado verde, enquanto que os bandeirinhas e auxiliares se dirigem para seus campos de ação. Tudo está pronto para o tão esperado Jogo.
O juiz olhou para os seus auxiliares e estes lhe acenaram com um sinal positivo.
Em seguida, ele apitou o seu instrumento de trabalho. . .
o jogo começou.

O autor é educador, escritor e músico
e mail: aldozottarellijunior@gmail.com



sexta-feira, 14 de março de 2014

A ESPERA

Aldo Zottarelli Júnior

O professor pediu aos seus alunos que definissem o significado da palavra "espera", e que não confundissem com o verbo transitivo "esperar".
Foi um tal de todos os alunos abrirem os seus computadores, tablets, dicionários, celulares, etc, a procura do substantivo feminino "espera."
Não vou e nem quero comentar  o que eu ouvi dos alunos daquela classe. Só sei que dei risadas  com os comentários dos que encontraram algo referente a palavra procurada. E foram muitos.
Eu não me preocupei tanto com o pedido do professor, mas me liguei diretamente com a expressão "espera" e com o seu significado.
Consegui entender que ela significa o ato ou efeito de esperar; ponto ou prazo marcado; emboscada, etc. Me concentrei nessas três características e fui buscar o que eu conhecia a respeito delas.
Entendi que "esperar" é o mesmo que confiar(?); crer no futuro; aguardar. Que coisa!  Se esperar é o mesmo que confiar, podemos entender que aquele que confia é o confiante ou o esperável. Será que existe esta última palavra? Deve existir, com certeza.
A verdade, no entanto, é que ao aceitarmos "esperar" como "confiar" vamos entender também que aquele que espera sempre alcança ou se cansa(?) e aquele que confia consegue o que pretende, ou ainda, entrar numa fria. São conclusões e definições contidas no livro que apelidamos de "pai dos burros"e conhecido como dicionário.
A "espera" como ato de esperar vai mais além, e a sua aplicação é das mais variadas que conhecemos na nossa linguagem oficial.
Nascemos, depois de deixarmos a nossa genitora nos esperando por nove meses e, até hoje, não sabemos como isso foi possível porque  nós não aguentamos esperar nada. Queremos tudo logo. . . imediato!
A espera cansa muito quando é longa, sendo um "saco"quando nos mandam esperar. Talvez, por isso, os homens não gostam de esperar e as mulheres, sem saco algum, acabam aceitando a demora de uma espera. Até sorrindo!
Há também os momentos de encontros de algum casal onde a mulher está sempre atrasada. Claro que proposital. É para medir a paciência do companheiro. Será? Não sei?
Ao requerer os documentos aos órgãos públicos ou empresas privadas, nos é dada a informação que teremos que esperar horas, dias ou meses. Eis aqui a "espera" que aborrece a todos.
A visita de um filho que reside muito longe é sempre esperada pelos pais ou vice-versa. Normalmente, é um tipo de espera vestida com a roupa da aflição. Não é?
E o resultado do vestibular ou do pedido de emprego? A palavra "espera" é pequena no seu conteúdo para explicar o seu significado.
Diz a Bíblia Sagrada que Deus criou o mundo unindo a espera do seu ato com o resultado do mesmo. Cada movimento ou ato cometido tinha como base uma espera para testa-lo. Parece que a espera do boneco de barro responder ao Criador foi a mais demorada. Pelo menos é o que dizem.
Uma operação de um paciente num centro cirúrgico e o estágio necessário na UTI são esperas difíceis de serem aceitas, porque os que estão esperando os resultados ficam impacientes e querem saber de imediato o que está ocorrendo.
A "espera" é  uma palavra pesada e difícil de ser aceita por aquele que espera. Entretanto é uma palavra facílima para quem está sendo esperado. Tudo depende da educação e da responsabilidade de quem se faz esperar.
E assim vamos vivendo a vida esperando o futuro do amanhã que não sabemos como será. 
Alguém me disse que na "espera"é que se conhece ou se mede o homem. Saber esperar é magno e eternamente perfeito, e vivemos sempre buscando o homem perfeito, 
Infelizmente é possível que essa perfeição apareça depois da morte, quando iremos entender o que significa a palavra "espera".
Isso, o professor não disse e nem explicou a nenhum dos seus alunos.

O autor é educador, escritor e músico

e mail: aldozottarellijunior@gmail.com

terça-feira, 4 de março de 2014

MAGREZA E DINHEIRO, A DUPLA DINÂMICA.

Aldo Zottarelli Júnior


Ao receber a informação da sua médica de que o câncer tinha desaparecido do seu corpo e que restava agora, apenas o acompanhamento rotineiro como uma espécie de prevenção, fez o meu amigo afirmar que a partir daquele momento, a sua vida mudou e ele voltou a viver feliz novamente.
- Sabe lá o que é você saber que um dia, alguma doença tomou conta  do seu organismo e depois de ter se submetido a vários tratamentos você recebe esta maravilhosa notícia de que está tudo bem?
Fiquei sem saber responder. Demonstrei a minha felicidade pela noticia e lhe disse que juntos poderíamos brindar essa vitória.
Foi o que fizemos.
Um gostoso vinho tinto italiano serviu de brinde e, com ele, alguns assuntos foram passando e nós dois divertíamos com o que era narrado.
De repente ele me disse que a sua médica havia lhe mostrado uma almofada, onde estava escrito: "Magreza e dinheiro devem caminhar juntas"
Ficamos em silêncio por alguns instantes.
Eu tentei entender o significado da frase.
Logo percebi que era apenas uma lembrança para quem estivesse a procura de um futuro promissor, onde a saúde e a disponibilidade monetária fossem duas buscas imprescindíveis. 
Disse ao amigo o que eu havia pensado a respeito e ele me perguntou:
- Como magreza?
Eu lhe expliquei, sem me afastar da sua figura meio barriguda, que hoje em dia as pessoas vivem na busca constante de perder quilos e ganhar um corpo magro e saudável, porque a medicina ensina que as pessoas magras nutrem mais saúde por não ter, em seus corpos, o excesso de gordura que leva às doenças diversas  contra a vida, como acontece com os gordos.
- Está bem. Estou procurando alguma dieta. Tá?  E  o dinheiro?
Claro que a coisa fica mais fácil quando falamos em dinheiro. Lembrei que tal figura é buscada por qualquer tipo de pessoa, seja ela rica ou pobre. Ambição! Todos querem a "bufunfa" nas mãos ou depositada com rendimentos altos nos bancos das Ilhas Caiman.
Ele concordou e, daí em diante, a nossa conversa ficou exclusiva dentro desses dois assuntos: magreza e dinheiro.
Não vou entrar em detalhes, mas quem iria negar que gostaria de perder alguns quilinhos e mostrar um corpo saudável ou bem torneado, sem - é claro - com a destruição irracional da pele com figuras bizonhas e horríveis tatuadas nos braços, antebraços, pernas, coxas, costas, peito, seios, etc, etc, etc? Quanta estupidez, meu Deus!
Pois é. Deus nos dá um corpo saudável e nós o estragamos com alimentação venenosa e gordurosa, sem qualquer recomendação de quem entende de alimentos.
A barriga cresce com tal tipo de comida e lá vamos nós procurar a tal da magreza.
Dinheiro então nem se fale. Não fazemos nada sem um níquel,  Já perceberam isso? 
Pois é. Se não tivermos o "cacau", mais conhecido pelos franceses como : l`árgent",estamos pra lá de Bagdá, duros e pastando grama. Êpa me esqueci. Lá não há grama, é só areia. Já pensou em comer areia. Sai prá lá, ô meu!
Sem dinheiro não há nada que possamos adquirir e, com isso, ficamos pobres e remediados à espera de que alguém coloque uma moeda em nossas mãos. ( Que seja, pelo menos, de um real, porque assim dá pra almoçar no Bom Prato. Será?)
A verdade é que, sem dinheiro somos nada, e se formos gordinhos ou gordões estaremos, com certeza, sem a saúde que gostaríamos de ter.
Assim, esse alerta estampado na almofada que a médica mostrou a esse amigo, deve ser acionado todos os dias a cada um de nós. Se estivermos atentos, viveremos muito felizes, com saúde e com o dinheiro que for necessário. Caso contrário, seja o que Deus quiser!


O autor é educador, escritor e músico.

e mail: aldozottarellijunior@gmail.com